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Resistência indígena e quilombola na região metropolitana de Belo Horizonte: territórios atingidos, povos em luta

08/09/2025

Autor: Por Rory Wesley, do Cimi Regional Leste

Fonte: Cimi - https://cimi.org.br



Seis anos após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, povos indígenas e quilombolas realizaram no dia 30 de agosto um importante encontro formativo no território da Aldeia Nâo Xohâ - Sucupira, em São Joaquim de Bicas (MG). Ocorrida em 2019, a tragédia causou destruição ambiental, mortes e graves violações de direitos em toda a bacia do rio Paraopeba. Diretamente atingida pelo crime da mineração, a aldeia também se tornou um símbolo de resistência e reexistência frente às múltiplas violações impostas pelo Estado e pelos grandes empreendimentos na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O encontro, promovido pelo Conselho Indigenista Missionário - Cimi Regional Leste com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), teve como objetivo refletir sobre os impactos históricos e atuais da mineração na região e fortalecer a luta coletiva por justiça e reparação. A programação contou com falas de lideranças indígenas e quilombolas, momentos de espiritualidade, rodas de conversa e trabalhos em grupo que apontaram caminhos de resistência ancorados na justiça jurídica e reparatória, no fortalecimento comunitário, no cuidado com a terra e na espiritualidade ancestral.

Um dos momentos centrais foi a análise de conjuntura, conduzida por Haroldo Heleno, coordenador regional do Cimi Leste, e Emmanuel Almada, integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), com participação de Marco Antônio, liderança quilombola. Durante a exposição, foram apresentados dados e reflexões com base no mapa elaborado pela Rede Igrejas e Mineração, apontando o avanço da atividade minerária na região. A análise abordou não apenas a devastação ambiental e territorial, mas também os ataques institucionais aos direitos dos povos originários e quilombolas.

Entre os destaques, foi debatida a Lei 14.701/2023, que instituiu o chamado Marco Temporal, considerada um dos maiores retrocessos legislativos desde a Constituição de 1988 no que se refere aos direitos territoriais indígenas. A nova legislação impõe barreiras ao reconhecimento de novas Terras Indígenas, acirrando conflitos fundiários e aprofundando a insegurança jurídica das comunidades.

Outro ponto crítico abordado foi o aumento expressivo da violência contra os povos indígenas, com ênfase nos ataques sofridos pelos povos Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe, no sul e extremo sul da Bahia. Esse cenário se agrava com o fortalecimento da extrema direita no Congresso Nacional, que, por meio de comissões, mesas de conciliação e projetos de lei, tem promovido uma série de medidas que ameaçam frontalmente os direitos constitucionais dos povos indígenas e quilombolas. A ofensiva legislativa, liderada por setores da bancada ruralista, atua de forma articulada para desmontar políticas públicas, fragilizar os instrumentos de proteção e criminalizar as lutas por território e vida digna.

Mesmo diante desse cenário de ameaças o encontro reafirmou a força, a coragem e a continuidade da resistência dos povos. Nesse sentido, um fruto importante do encontro é o processo coletivo de construção de um plano comum de apoio entre as comunidades indígenas e quilombolas no enfrentamento à mineração e aos grandes empreendimentos na região.

Por meio da escuta coletiva, da partilha espiritual, do resgate da memória e da construção de estratégias conjuntas, os participantes reforçaram o compromisso com a defesa do território, da vida, da dignidade e da autodeterminação. Por isso, para o Cimi Regional Leste, encontros como esse são fundamentais para proporcionar espaços de articulação, escuta e construção coletiva, que honram os saberes ancestrais, fortalecem alianças e renovam o compromisso com a justiça. A resistência dos povos segue viva: reconstruindo, reexistindo e lutando por justiça.

https://cimi.org.br/2025/09/resistencia-indigena-quilombola-bh/
 

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