De Pueblos Indígenas en Brasil

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No dia 12 de setembro de 2025

05/09/2025

Autor: SURUÍ, Txai

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/



No dia 12 de setembro de 2025
Veremos que a democracia é mais forte que aqueles que usam o poder para beneficio próprio

05/09/2025

Txai Suruí

O dia 2 de setembro sempre foi importante para a minha família.

É o dia do aniversário da minha avó materna, que morreu de Covid em 30 de setembro de 2020. Como também faleceu da mesma doença minha avó paterna, em 2 de janeiro de 2021.

Era claro que a morte dela, assim como a da minha avó paterna, a de outros parentes paiter suruís e a dos 700 mil atingidos pela Covid, estava relacionada ao fato de Jair Bolsonaro, presidente à época, ter atrasado a aquisição de vacinas que poderiam ter salvado milhares de vidas.

O que me angustiou por muito tempo foi ver que não havia punição para quem voluntariamente deixou de exercer seu papel e sua responsabilidade com o povo brasileiro.

Os povos indígenas resistiram e lutaram intensamente no governo Bolsonaro, que fez sua campanha eleitoral dizendo que não demarcaria nem um centímetro de terra indígena ou quilombola. Ele cumpriu a promessa nos quatro anos em que ficou no poder. Além disso, ameaçou as demais demarcações, deixou nossos territórios sem proteção e permitiu a certificação de fazendas dentro de territórios indígenas, como mostrou Agência Pública ("Com Bolsonaro, fazendas foram certificadas de maneira irregular em terras indígenas na Amazônia").

Foi um período de intensos ataques aos direitos constitucionais dos povos indígenas. Com sua retórica hostil e políticas que visavam abrir os territórios indígenas à exploração econômica e paralisar demarcações, vivemos o avanço da destruição da floresta e o aumento da violência, das invasões e das crises humanitárias nos territórios indígenas. Esse legado continua a influenciar o debate político e os conflitos de terra no país, como mostra a Lei do Marco Temporal, herança daquela gestão.

Bolsonaro prometeu dar "uma foiçada no pescoço" da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Sob sua gestão, houve um enfraquecimento institucional da fundação, com redução de verbas e nomeação de militares e aliados do agronegócio para cargos-chave para enfraquecer as fiscalizações.

Mas este meu artigo de hoje é para dizer como, no dia 2 de setembro de 2025, dia em que minha avó estaria complementando 85 anos, a Justiça brasileira começa a mudar o curso da história de impunidades praticadas por políticos e detentores de poder, colocando no banco dos réus os que atentaram contra a democracia brasileira. É de certa forma um alento para pessoas que, como eu, tiveram seus entes queridos levados ao mundo dos encantados por culpa destes que deveriam nos proteger e não o fizeram.

Ligar a TV e ver o julgamento daquele ex-presidente e de militares de alta patente é um momento histórico, mas também é um alívio para que o povo brasileiro volte a acreditar nas instituições e na Justiça.

No dia 12 de setembro de 2025, pretendo sair às ruas certa de que a democracia é mais forte que aqueles que usam o poder para beneficio próprio e para cometer genocídio e ecocídio.

E nesse dia então veremos que, mesmo tendo um Congresso antidemocrático e anti-indígena, não haverá anistia para os que atentam contra a democracia, contra o Brasil e contra o seu povo.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/txai-surui/2025/09/no-dia-12-de-setembro-de-2025.shtml
 

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