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O principal desafio do governo Lula na organização da COP30

27/08/2025

Autor: FIGUEIREDO, Filipe

Fonte: OESP - https://www.estadao.com.br/



O principal desafio do governo Lula na organização da COP30
Brasil encara um dilema com falta de infraestrutura e preços abusivos para a cúpula em Belém

27/08/2025

Filipe Figueiredo
Graduado em história pela USP, comentarista de política internacional e criador dos podcasts Xadrez Verbal e Fronteiras Invisíveis do Futebol, sobre política internacional e história

COP 'só para ricos' é tiro no discurso de Lula de inclusão de países pobres na governança mundial

O debate internacional de alto nível sobre as mudanças climáticas nasceu no Brasil, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, popularmente conhecida como Rio 92. A pesquisa científica obviamente já existia e, durante a Guerra Fria, algumas tímidas ocasiões internacionais abordaram o assunto.

Somente depois do fim da disputa entre EUA e URSS, entretanto, que o mundo pôde se dedicar às mudanças climáticas, com as Conferências das Partes, COP, anuais. Infelizmente, em 2025, esse debate enfrenta diversos desafios e, no caso do Brasil, grave risco na organização da COP 30.

Importante deixar claro de antemão que mudanças climáticas causadas pela ação humana são uma realidade, atestada e estudada cientificamente. E esse é talvez o maior desafio para o combate às mudanças climáticas: o negacionismo climático, alimentado especialmente pela manipulação dos sentimentos das pessoas.

A maioria dos comportamentos do negacionismo climático são manifestados não via argumentos, mas via reações emocionais. Indignação, casos anedóticos ou fidelidade ideológica são mais simples e mais eficazes. "Mudança climática é coisa de esquerdista", "tive que usar casaco em Roma em maio" e correlatos.

Manipulação essa financiada por vastas somas de atores interessados na manutenção do cenário atual, como as ricas empresas petrolíferas tradicionais, com diversos escândalos do tipo bem documentados. Similar ao fato de que as empresas de tabaco financiavam pesquisas com o intuito de diminuírem os malefícios do tabagismo.

O Brasil, como país em desenvolvimento e com avançada legislação ambiental, ao menos por enquanto, é um país profícuo para o negacionismo climático. O Brasil poderia estar ainda mais na vanguarda de uma economia renovável, mas parte da sociedade continua na vanguarda do atraso.

Tendo realizado, além da Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, também chamada de Rio+20, o Brasil sediará a COP pela primeira vez em 2025, a COP 30. Além de nascedouro desse debate, país que contribuiu decisivamente para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima e para a formulação da política de Responsabilidades comuns, porém diferenciadas, o Brasil também possui uma das maiores áreas oceânicas e a maior biodiversidade do mundo. Além, claro, da maior parte da Amazônia, principal motivo da escolha de Belém como sede da COP.

Principal, pois existem outros fatores, ligados à política doméstica brasileira. Faltando menos de oitenta dias para a abertura da COP, entretanto, a infraestrutura de Belém está sob os holofotes. Ou, melhor dizendo, a falta de infraestrutura para um evento do tamanho da COP. A média, nos últimos anos, foi de cinquenta mil participantes presenciais em cada COP. Apenas a cidade de São Paulo possui essa capacidade hoteleira em todo o Brasil, até mesmo o Rio de Janeiro teria alguma dificuldade para receber tantas pessoas, embora o número de participantes não seja de presença simultânea.

Diversos países estão se queixando com o Brasil sobre os preços e dificuldades de hospedagem. O governo brasileiro mobilizou até mesmo navios de cruzeiro para servirem como hotéis flutuantes. Algumas pessoas chegaram à ventilar a possibilidade de tirar a COP de Belém, o que poderia eventualmente trazer benefícios logísticos para o evento.

Tal possibilidade já foi negada pelo governo, pelos óbvios reveses políticos domésticos e também pelo problema de imagem de não realizar a COP na Amazônia, ao contrário do prometido. Ainda assim, um desafio se impõe ao governo.

O Brasil precisa absorver e contornar bem as críticas, não apenas por ser o anfitrião da COP, mas pelo fato de que a maioria dos países que se pronunciaram e estão enfrentando mais dificuldades são países mais pobres, como os países africanos e os insulares caribenhos e do Pacífico.

Os mesmos países que tradicionalmente buscam o Brasil por uma posição de liderança em questões ambientais, aliados nacionais em votos não apenas sobre o clima, mas também na Assembleia Geral da ONU. Lavar as mãos no caso de ricos países nórdicos é uma coisa, virar as costas para os nossos parceiros seria outra, diferente e desastrosa.

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