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TI Tirecatinga lança novo instrumento indígena em resposta às mudanças climáticas
02/10/2025
Fonte: Opan - https://amazonianativa.org.br
O calendário ecológico e cultural atualizado da Terra Indígena (TI) Tirecatinga será lançado amanhã (3) na Aldeia Serra Azul, no município de Sapezal, em Mato Grosso. A nova ferramenta, desenvolvida pela Associação Thutalinãnsu em parceria com as lideranças e a juventude, é uma resposta direta às mudanças climáticas que vêm alterando o modo de vida e a previsibilidade da natureza no território.
Em Tirecatinga, os sinais de confusão climática são inegáveis: o canto do pássaro macaoã, que antes anunciava a chuva, soa em agosto sem que as precipitações se concretizem; a rama de mandioca plantada em setembro, tradicionalmente o início do ciclo, cozinha na terra e morre. A emergência climática, antes distante, agora se manifesta no dia a dia dos povos.
O calendário como ferramenta de adaptação e luta
A necessidade de atualizar o calendário tradicional surgiu após uma oficina sobre justiça climática com os jovens, despertando a urgência de agir frente às transformações. O novo calendário não apenas reflete as mudanças, mas também apresenta propostas de enfrentamento e adaptação.
"É uma forma de não nos perdermos diante de tantas mudanças", explica Cleide Terena, presidente da Thutalinãnsu. "Quando entendemos nosso calendário antigo e o que está acontecendo agora, compreendemos melhor e conseguimos dialogar sobre como vamos enfrentar. A importância de atualizar é olhar para o tempo e perceber como era antes e o que está mudando. Com o calendário atual, temos mais uma ferramenta para lutar, para melhorar a vida da comunidade e defender os nossos direitos".
Geraldo Terena, liderança do território, enfatiza a gravidade da situação: "Antes tacava fogo em agosto para plantar em setembro. Hoje, a gente põe fogo em dezembro para plantar em janeiro. O tempo mudou. A vida mudou. O clima está mudando. Quem mudou isso? Não fomos nós".
Construção coletiva e herança para o futuro
O processo de atualização envolveu representantes de 11 aldeias e ocorreu em duas etapas, com a validação final do conteúdo sendo realizada em fevereiro de 2025, na Aldeia Serra Azul. As informações e os conhecimentos ancestrais sobre o tempo, o plantio e os rituais, combinados com a observação das mudanças atuais, foram transformados em um livro e um calendário interativo, com ilustrações feitas pelos jovens participantes da oficina.
Suyani Terena, jovem da comunidade, vê no projeto uma forma de salvaguarda: "Eu falo que quando eu era criança achava que as mudanças climáticas iam acontecer em 50 ou 60 anos, mas estão acontecendo hoje. Acompanho no meu dia a dia essas mudanças dentro do território e o calendário vem para nos fortalecer".
As propostas de adaptação incluídas no material são concretas, como a construção de casas mais resistentes para suportar as tempestades intensas e o mapeamento de áreas livres de agrotóxicos para a coleta segura de plantas medicinais, já que outros impactos somam-se às mudanças do clima e afetam diretamente a qualidade de vida da população.
O lançamento desta sexta-feira celebra o esforço coletivo e a resiliência dos povos de Tirecatinga, que transformam seu conhecimento ancestral em um instrumento de gestão territorial e ambiental.
"Nossa presença aqui é ancestral, através da terra, temos nossa força. O que fazemos hoje é para existir o amanhã", conclui Cleide Terena.
https://amazonianativa.org.br/2025/10/02/ti-tirecatinga-lanca-novo-instrumento-indigena-em-resposta-as-mudancas-climaticas/
Em Tirecatinga, os sinais de confusão climática são inegáveis: o canto do pássaro macaoã, que antes anunciava a chuva, soa em agosto sem que as precipitações se concretizem; a rama de mandioca plantada em setembro, tradicionalmente o início do ciclo, cozinha na terra e morre. A emergência climática, antes distante, agora se manifesta no dia a dia dos povos.
O calendário como ferramenta de adaptação e luta
A necessidade de atualizar o calendário tradicional surgiu após uma oficina sobre justiça climática com os jovens, despertando a urgência de agir frente às transformações. O novo calendário não apenas reflete as mudanças, mas também apresenta propostas de enfrentamento e adaptação.
"É uma forma de não nos perdermos diante de tantas mudanças", explica Cleide Terena, presidente da Thutalinãnsu. "Quando entendemos nosso calendário antigo e o que está acontecendo agora, compreendemos melhor e conseguimos dialogar sobre como vamos enfrentar. A importância de atualizar é olhar para o tempo e perceber como era antes e o que está mudando. Com o calendário atual, temos mais uma ferramenta para lutar, para melhorar a vida da comunidade e defender os nossos direitos".
Geraldo Terena, liderança do território, enfatiza a gravidade da situação: "Antes tacava fogo em agosto para plantar em setembro. Hoje, a gente põe fogo em dezembro para plantar em janeiro. O tempo mudou. A vida mudou. O clima está mudando. Quem mudou isso? Não fomos nós".
Construção coletiva e herança para o futuro
O processo de atualização envolveu representantes de 11 aldeias e ocorreu em duas etapas, com a validação final do conteúdo sendo realizada em fevereiro de 2025, na Aldeia Serra Azul. As informações e os conhecimentos ancestrais sobre o tempo, o plantio e os rituais, combinados com a observação das mudanças atuais, foram transformados em um livro e um calendário interativo, com ilustrações feitas pelos jovens participantes da oficina.
Suyani Terena, jovem da comunidade, vê no projeto uma forma de salvaguarda: "Eu falo que quando eu era criança achava que as mudanças climáticas iam acontecer em 50 ou 60 anos, mas estão acontecendo hoje. Acompanho no meu dia a dia essas mudanças dentro do território e o calendário vem para nos fortalecer".
As propostas de adaptação incluídas no material são concretas, como a construção de casas mais resistentes para suportar as tempestades intensas e o mapeamento de áreas livres de agrotóxicos para a coleta segura de plantas medicinais, já que outros impactos somam-se às mudanças do clima e afetam diretamente a qualidade de vida da população.
O lançamento desta sexta-feira celebra o esforço coletivo e a resiliência dos povos de Tirecatinga, que transformam seu conhecimento ancestral em um instrumento de gestão territorial e ambiental.
"Nossa presença aqui é ancestral, através da terra, temos nossa força. O que fazemos hoje é para existir o amanhã", conclui Cleide Terena.
https://amazonianativa.org.br/2025/10/02/ti-tirecatinga-lanca-novo-instrumento-indigena-em-resposta-as-mudancas-climaticas/
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