De Pueblos Indígenas en Brasil

Noticias

Fora dos espaços oficiais, Cúpula dos Povos será maior área de diálogo da sociedade civil durante a COP30

07/11/2025

Autor: Mariana Castro

Fonte: Brasil de Fato - https://www.brasildefato.com.br/



Fora dos espaços oficiais, Cúpula dos Povos será maior área de diálogo da sociedade civil durante a COP30
Na Amazônia, Cúpula dos Povos, que chama atenção para falsas soluções da COP30, pode ser a maior da história.

Se de um lado a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) reúne especialmente líderes mundiais e representantes de corporações do setor privado, de outro, a Cúpula dos Povos promete ser o espaço de reivindicações e diálogo da sociedade civil, com expectativa de reunir mais de 30 mil pessoas.

O evento autônomo é construído há mais de dois anos por cerca de 1.100 movimentos sociais, organizações comunitárias, entidades territoriais e redes internacionais de defesa dos direitos humanos e da justiça climática de 62 países e ocorrerá de 12 a 16 de novembro próximo, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

Entre flotilhas pelos mares e rios de todo o mundo, caravanas que percorrem milhares de quilômetros há mais de 20 dias, a Cúpula dos Povos denuncia o que chama de falsas soluções apresentadas pela COP30 e chama atenção para experiências concretas de quem enfrenta cotidianamente enchentes, secas, contaminação industrial, avanço do agronegócio, expulsões territoriais e violações ambientais.

Já em Belém, Jacobo Ocharan, Chefe de Estratégias Políticas da rede global Climate Action Network International (CAN-I), participou da Cúpula dos Líderes, encontro de líderes mundiais e chefes de estado que antecedeu a COP30, durante os dias 6 e 7 de novembro e denuncia a inércia dos governos no combate à crise climática.

"Nós não vimos verdade alguma na Cúpula do Clima, vimos líderes de países ricos, responsáveis pela crise climática, chegarem com as mãos vazias, quando tinham uma oportunidade única de se comprometerem com uma série de ações que pudessem reduzir essa crise", aponta Jacobo.

Depois de uma COP 29 considerada decepcionante pelos movimentos sociais, sobretudo, pela ausência de metas vinculantes de financiamento climático e pela ampla margem dada a empréstimos que podem aumentar a dependência econômica dos países mais vulneráveis, cresce a expectativa de que o Brasil possa exercer um protagonismo mais coerente com sua importância socioambiental, o que será reivindicado pela Cúpula dos Povos.

A experiência da Cúpula dos Povos se inspira na mobilização realizada durante a Rio+20, em 2012, quando mais de 20 mil pessoas construíram um espaço de diálogo popular que tensionou a agenda oficial das Nações Unidas e consolidou uma referência histórica de resistência global. Agora, porém, a dimensão é ainda maior e a expectativa é reunir mais de 30 mil pessoas.

Ayala Ferreira, que compõe a comissão política do evento e dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), aponta para a necessidade de denunciar falsas soluções, mas apontar caminhos para soluções concretas vindas dos povos e territórios.

"Temos reforçado que a solução vem dos territórios, daqueles que lidam com o campo, as florestas e as águas desde os seus modos de vida. Por isso, para além de termos credenciais para atuarmos no setor dos acessos oficiais da COP30, construímos a Cúpula dos Povos como esse espaço plural de escuta e proposições, apontando para soluções verdadeiras, necessárias e urgentes frente à crise climática, como a reforma agrária popular e as amplas iniciativas de reflorestamento, recuperação de nascentes e produção de alimentos saudáveis", destaca Ayala.

Tyrone Scott, ativista da organização de combate à pobreza e à injustiça global War on Want, do Reino Unido, destaca que a mudança climática já está aqui e aponta que governos e grandes corporações têm lucrado às custas de muitas vidas perdidas pelos impactos da crise climática.

"Não precisamos de caridade, precisamos de reparação para os nossos povos, para a nossa terra. Quando os líderes falam de um grau e meio, é como se fossem números, mas cada fração significa mais comunidades e ecossistemas destruídos. Os governos estão tratando a crise como se fosse uma negociação, eles falam de mercados de carbono, mas são falsas soluções, tudo isso está sendo desenhado para proteger as finanças, e não os povos", denuncia Tyrone, que também já está em Belém.

A Cúpula dos Povos é marcada pela diversidade de vozes qualificadas em torno das discussões sobre o clima, a partir de experiências concretas já exercidas nos territórios, o que a diferencia de maneira especial da COP30.

"Temos diversas organizações que podem voltar a dar vida às florestas e produzir mais alimentos com diversidade. Visitei um acampamento de refugiados no Sudão, onde eles estão trabalhando em terras degradadas e conseguiram recuperar o solo por meio da agroecologia, recuperando a dignidade de seus povos. Esse tipo de solução não está sendo financiada nesse momento. E as soluções encabeçadas por mulheres, povos indígenas, que têm conhecimento, elas é que precisam conseguir levar em frente suas inovações, baseadas na terra e naquilo que tem sofrido", destaca Georgia Fernandes, da Via Campesina Internacional.

O acesso à Cúpula dos Povos será aberto ao público, sem necessidade de credenciamento e informações sobre a programação podem ser consultadas no site cupuladospovoscop30.org.

Editado por: Luís Indriunas

https://www.brasildefato.com.br/2025/11/07/fora-dos-espacos-oficiais-cupula-dos-povos-sera-maior-area-de-dialogo-da-sociedade-civil-durante-a-cop30/
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.