De Pueblos Indígenas en Brasil
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Defesa da propriedade
23/04/2004
Autor: SILVA, Eumano
Fonte: CB, Opinião, p. 18
Defesa da propriedade
Eumano Silva
eumano.silva@correioweb.com.br
A chacina de 29 garimpeiros promovida por índios cinta-larga obriga os brasileiros a refletir sobre o direito à propriedade, um dos preceitos básicos do capitalismo. A morte de quase trinta pessoas merece punição exemplar em quaisquer circunstâncias. Ao mesmo tempo, porém, a sociedade tolera a formação de milícias armadas por fazendeiros do Rio Grande do Sul para defender as terras das invasões patrocinadas pelo MST.
A distinção entre as duas situações resume-se à diferença entre intenção e gesto. Não se sabe como os garimpeiros foram mortos na reserva Roosevelt no dia da tragédia, mas ninguém tem dúvida de que os índios defendiam suas riquezas. Num recôndito da Amazônia, agiram para garantir o controle sobre os diamantes enterrados e massacraram três dezenas de homens em busca de fortuna.
Os fazendeiros do sul apresentam as armas, como fazem donos de terra de todo o país quando se vêm ameaçados pelos sem-terra. À luz do dia, montam equipes de segurança, móveis e fixas, para impedir a bala a ação dos invasores. Calada diante das imagens das milícias, a sociedade parece aceitar uma nova chacina, desde que promovida por homens brancos.
As autoridades têm sido generosas com os responsáveis por crimes no Brasil rural. Os casos de punição pouco representam diante de tantos impunes, cometidos por fazendeiros e grileiros. Agora, porém, os atores são índios, segmento de brasileiros a quem a história relegou o papel de vítima desde a chegada dos europeus ao novo mundo.
A aplicação rigorosa da lei contra os responsáveis pela matança tem lógica diante da dimensão da tragédia, mas terá roupagem de discriminação se não for acompanhada de ações destinadas a coibir as violências cometidas por brancos donos de terras. O uso de dois pesos e duas medidas na apreciação de fatos tão relevantes agravaria ainda mais o clima de insegurança que paira no país.
Ao governo Lula cabe mediar todos esses confrontos. A julgar pelos rumores das últimas semanas, os problemas do presidente vão ultrapassar os limites do abril vermelho anunciado por João Pedro Stedile, o líder dos sem-terra.
CB, 23/04/2004, Opinião, p. 18
Eumano Silva
eumano.silva@correioweb.com.br
A chacina de 29 garimpeiros promovida por índios cinta-larga obriga os brasileiros a refletir sobre o direito à propriedade, um dos preceitos básicos do capitalismo. A morte de quase trinta pessoas merece punição exemplar em quaisquer circunstâncias. Ao mesmo tempo, porém, a sociedade tolera a formação de milícias armadas por fazendeiros do Rio Grande do Sul para defender as terras das invasões patrocinadas pelo MST.
A distinção entre as duas situações resume-se à diferença entre intenção e gesto. Não se sabe como os garimpeiros foram mortos na reserva Roosevelt no dia da tragédia, mas ninguém tem dúvida de que os índios defendiam suas riquezas. Num recôndito da Amazônia, agiram para garantir o controle sobre os diamantes enterrados e massacraram três dezenas de homens em busca de fortuna.
Os fazendeiros do sul apresentam as armas, como fazem donos de terra de todo o país quando se vêm ameaçados pelos sem-terra. À luz do dia, montam equipes de segurança, móveis e fixas, para impedir a bala a ação dos invasores. Calada diante das imagens das milícias, a sociedade parece aceitar uma nova chacina, desde que promovida por homens brancos.
As autoridades têm sido generosas com os responsáveis por crimes no Brasil rural. Os casos de punição pouco representam diante de tantos impunes, cometidos por fazendeiros e grileiros. Agora, porém, os atores são índios, segmento de brasileiros a quem a história relegou o papel de vítima desde a chegada dos europeus ao novo mundo.
A aplicação rigorosa da lei contra os responsáveis pela matança tem lógica diante da dimensão da tragédia, mas terá roupagem de discriminação se não for acompanhada de ações destinadas a coibir as violências cometidas por brancos donos de terras. O uso de dois pesos e duas medidas na apreciação de fatos tão relevantes agravaria ainda mais o clima de insegurança que paira no país.
Ao governo Lula cabe mediar todos esses confrontos. A julgar pelos rumores das últimas semanas, os problemas do presidente vão ultrapassar os limites do abril vermelho anunciado por João Pedro Stedile, o líder dos sem-terra.
CB, 23/04/2004, Opinião, p. 18
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