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Índios trocavam diamantes por armas, revela PF

24/04/2004

Fonte: OESP, Nacional, p.A12



Índios trocavam diamantes por armas, revela PF
Cintas-largas também recebiam grandes quantias de dinheiro, em transações de até R$ 700 mil

EDSON LUIZ. Enviado especial

PORTO VELHO - Investigações da Polícia Federal na Operação Mamoré encontraram indícios de que índios cintas-largas da reserva Roosevelt, onde 29 garimpeiros foram assassinados, venderam diamantes para contrabandistas e receberam armas como pagamento. Além disso, testemunhas confirmaram que compradores de pedras preciosas investiram pelo menos R$ 1,2 milhão nas aldeias de três caciques, que estão sendo processados pela Justiça Federal por formação de quadrilha e extração ilegal de minérios.
A PF investiga a quantidade de armas que chegou às aldeias nos últimos três meses, já que grande parte das negociações ocorreu do fim do ano passado a março. A troca de diamantes por armas foram feitas por aviões, nas três pistas da reserva. Também existem indícios da participação de três policiais: um delegado, um agente civil e um federal.
Chamou também a atenção a quantidade de dinheiro recebida pelos índios. Um integrante do grupo do comprador de diamantes Marcos Glikas, preso em Porto Velho, contou que o cacique Nacoça Pio Cinta-Larga fez pelo menos quatro transações, em momentos diferentes, em torno de R$ 700 mil com Glikas.
Outra, de R$ 220 mil, seria concretizada na pista de pouso da Fundação Nacional do Índio (Funai) e não ocorreu por causa da chuva. Nesse dia, a PF havia montado operação para prender os contrabandistas.
Milhão - Em outra negociação, em março, os índios entregariam cerca de mil quilates de diamantes para o comerciante, operação de valor em torno de R$ 1 milhão. A PF não sabe se as pedras foram entregues, mas, no mesmo dia, índios, compradores de diamantes e intermediários fizeram uma festa na casa do policial civil Edilson Fernandes Maia, preso pela PF em Porto Velho. Ele era acusado de fornecer "mulas" - pessoas que transportavam as pedras.
Para fazer o negócio, Glikas tinha como intermediário o funcionário da Funai José Nazareno Torres de Morais, que fazia o contato com os índios e recebia uma porcentagem da transação. "Em apenas uma delas, ele recebeu R$ 175 mil", afirma um dos investigadores. Nazareno também está preso.
A liberdade de ação da quadrilha era tão grande, segundo as investigações, que Glikas desempenhava papel da Funai dentro da área indígena. Na aldeia do cacique Pio, o negociador investiu R$ 390 mil.
Na aldeia do líder João Bravo, foram destinados R$ 700 mil, já que ele seria o principal fornecedor de pedras preciosas. Em duas transações, Bravo teria vendido 3 mil quilates, segundo o cacique Oita Matina Cinta-Larga. O próprio Oita recebeu para sua aldeia R$ 180 mil.
Enterro - Os corpos de 17 dos 29 garimpeiros assassinados índios cintas-largas foram enterrados ontem no Cemitério Municipal da cidade de Espigão D'Oeste, também em Roraima. Em meio à tensão e agitação que se formou, a prefeitura decidiu decretar ponto facultativo para o funcionalismo.

Americano é suspeito de ser o fornecedor
NILTON SALINA
O norte-americano Marcos Glikas, considerado o maior contrabandista de diamantes do mundo, e uma equipe de policiais estão sendo investigados pela Polícia Federal por fornecimento de armas aos índios cintas-largas.
Eles estão presos em Porto Velho, acusados também de contrabando e lavagem de dinheiro. Com eles está detido o funcionário da Funai José Nazareno Torres de Moraes.
Glikas foi capturado no dia 7 de março por agentes federais na estrada de acesso à Reserva Roosevelt, em Espigão D'Oeste, a 540 quilômetros de Porto Velho. Com ele a PF prendeu o ex-delegado de Polícia Civil em Espigão, Iramar Gonçalves, o policial civil Edilson Fernandes Maia e o policial federal Marco Aurélio Bonfim. Depois, foram detidas mais duas pessoas acusadas de dar cobertura à quadrilha.
O superintendente da PF em Rondônia, Marco Aurélio de Moura, disse que Glikas já estava sendo sendo investigado pelo governo norte-americano por lavagem de dinheiro. O comprador de diamantes tem imóveis em São Paulo, onde mantém um escritório. Segundo apurou a polícia, ele mantém ramificações de seus negócios em diversos países e liderava a compra de diamantes na terra dos índios.
Glikas estava perto de uma base da PF na entrada da reserva dos cintas-largas quando foi abordado por agentes federais. Com ele, foi encontrado R$ 100 mil. Segundo garimpeiros, os caciques costumam vender diamantes dentro da reserva, porque não gostam de andar com as pedras na cidade. Hoje, a base utilizada pelos agentes está desativada.

OESP, 24/04/2004, p. A12
 

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