De Pueblos Indígenas en Brasil

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Benefício é destacado

13/01/2002

Fonte: A Crítica-Manaus-AM



O antropólogo Fábio Vaz Ribeiro de Almeida, 35, há mais de dez anos atuando com assessor do Conselho Geral da Tribo Ticuna (CGTT), diz que um dos aspectos importantes a ser considerado dentro da formulação de centros de ensino superior para essas comunidades é que a qualificação possa ser revertida em benefício desses povos. "Uma proposta nessa área precisa ser muito bem discutida, analisada, tratada em conjunto com as lideranças, porque não pode se resumir ao ato de conceder diplomas, mas que estes funcionem como instrumentos de apoio à causa dos povos indígenas, seja na agricultura, na questão dos territórios, na elaboração de projetos." Fábio Almeida, um dos assessores técnicos dos Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas (PDPI), diz que a proposta da "universidade indígena" ou de um centro de estudos superiores exige condições seguras a fim de que a sua implantação e operacionalização ofereçam aos índios mais que um diploma e, nesse caso, observa, poderia até vir a ser compreendido, mais tarde, como algo preconceituoso - o diploma indígena teria valor menor do que o diploma de outra pessoa não indígena. "Essas são questões de fundo que devem ser tratadas agora, no início do processo, a fim de que a universidade cumpra o seu papel de produzir conhecimento e colocá-lo a serviço desses povos", indica Fábio Almeida, para quem a linha inicial proposta, de licenciaturas, é uma estratégia interessante desde que não fique nela, mas avance nos cursos de Direito, Administração, Agricultura.

O assessor da CGTT vê como delicado o dado de a proposta, lançada em um período eleitoral, ser inviabilizada pela descontinuidade do processo e, com ela, os próprios índios sofrerem com novas manifestações de preconceito do tipo "não deu certo não foi porque faltou dinheiro ou porque mudou o governador, mas sim porque os índios não tiveram capacidade de fazer a sua parte". Um outro aspecto apresentado pelo antropólogo é o risco da continuidade do projeto de forma capenga.

Fábio Almeida diz que algumas lideranças indígenas têm claro o risco da manipulação que poderá vir a ser feita em cima de uma proposta tão delicada e há muito reivindicada pelos índios, como a formação de terceiro grau, e essas lideranças têm se esforçado para ampliar diálogos, formalizar compromissos novos, onde as partes cumpram a sua tarefa e se respeitem. Ele entende ser esse um dos caminhos mais saudáveis a seguir.

Quanto à demora em se constituir um espaço para a formação superior dos índios, o antropólogo comenta que a discussão séria, participativa, exige tempo, enquanto a ação açodada não. Essa discussão, indica, vem sendo feita ao longo dos anos, ganhou força com a criação do movimento indígena que impõe novas leituras, exige novo espaço de compreensão.
 

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