De Pueblos Indígenas en Brasil
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Ticuna mostra a força de uma etnia que resiste ao tempo
18/04/2004
Fonte: A Crítica, Cidades, p. C9
Ticuna mostra a força de uma etnia que resiste ao tempo
André da Silva Alfredo dá continuidade a uma história iniciada pelo avô ainda no início do século passado
Brasileiro, do Amazonas, tabatinguense e ticuna de Umariaçu. Assim se chega à identidade do primeiro tuxaua André da Silva Alfredo, 45, líder de 1,8 mil ticunas que vivem numa das aldeias localizadas na área urbana de Tabatinga (a 1.105 quilômetros de Manaus).
A aldeia Umariaçu existe desde 1914, quando o avô de André, Agostinho, se tornou tuxaua de um pequeno agrupamento indígena. Até a criação oficial do Município de Tabatinga transcorreram 65 anos e os ticunas de Umariaçu viram muita coisa acontecer com a chegada dos"brancos" brasileiros, peruanos e colombianos.
Maior etnia indígena do Amazonas, com aproximadamente 40 mil integrantes espalhados por quase 200 aldeias, os Ticunas têm sobrevivido à escassez de recursos e apoio e, mesmo assim, têm crescido. Umariaçu, por exemplo, está dividida em duas aldeias, com outros 4.8 mil índios vivendo na parte dois.
No local, de frente para o rio Solimões e de onde se avista o Município peruano de Santa Rosa, eles produzem abacaxi, mandioca, macaxeira, farinha e pescado. Toda a produção é vendida em Tabatinga, localidade a qual os ticunas entabulam tinia 1 elaçao de alnu u ódio.
A violência e o preconceito, sobretudo com os alunos que precisam sair das aldeias para estudarem escolas municipais e estaduais, são que mais desgostam André. "Tabatinga é perigosa para os nossos filhos, daí que nosso sonho é ampliar a escola daqui de forma que todos estudem aqui mesmo", diz o tuxaua.
A escola "0'tchürüne" atende os alunos até a 4a série do ensino fundamental em três acanhadas salas, onde os professores ensinam na língua indígena. Ela precisa, ao menos, triplicar de tamanho para atender aos jovens ticunas em idade escolar. É sonho de André também que 'a escola tenha até o ensino médio, garantindo aos jovens ticunas oportunidade de chegara uma faculdade.
0 sonho de educação para todos trouxe André Alfredo até Manaus, onde no dia 21 de maio do ano passado - ele guarda e cita a data com precisão - teve um encontro com o governador Eduardo Braga, que prometeu asfaltar. a aldeia e reformar a escola. "0 asfaltamento ele já cumpriu, falta agora a escola", diz. Sobre a capital, André Alfredo afirma que gostou muito, principalmente por conta da infra-estrutura hospitalar e a beleza das paisagens. Só não da para viver lá, pois aqui são meus parentes , argumenta
Apelidos, um hábito curioso
A tríplice fronteira propicia uma certa "miscigenação" entre ticunas do Brasil, com os do Peru, que vivem em Santa Rosa, e da Colômbia, no Município de Letícia, capital do Amazonas colombiano.
0 intercâmbio cultural também é grande, daí que os "brancos" de Tabatinga incorporaram um dos hábitos mais comuns dos indígenas: apelidar os amigos com nomes de animais.
0 hábito dá origem a causos curiosos. Reza uma história popular em Tabatinga que certo dia "Urubuzinho", um conhecido mecânico, foi atropelado e a gravidade dos ferimentos obrigou sua remoção para Manaus. Ao acordar no Pronto-Socorro 28 de Agosto foi submetido a uma bateria de perguntas feitas pelo médico plantonista, que aferia seu grau de consciência: "Qual seu nome?", perguntou 9 o médico. "Urubuzinho", respondeu. "Quem é seu irmão?". "0 Passarinho", respondeu. "Quem te salvou no acidente?". "Foi o Pirarucu", disse, referindo-se ao então secretário municipal de Educação. "E quem te trouxe para Manaus?", finalizou o médico, incrédulo com a consciência do paciente. "Só pode ter sido o Boi ou o Calango", respondeu, numa referência ao prefeito e o vice-prefeito de Tabatinga.
Sem entender nada, o médico decidiu encaminhar Urubuzinho para uma consulta no Hospital Eduardo Ribeiro, onde finalmente o velho hábito indígena ficou esclarecido.
Tabatinga
A última fronteira
Fundação: 10/ 12/1981, desmembrando-se de Benjamin Constant
Região do Estado: Alto Solimões
Área territorial: 3.225 km2
População: 37.919 habitantes
Padroeiro: Santos anjos Miguel, Gabriel e Rafael
Eventos Culturais: Festival Internacional da Canção de Tabatinga (Fincata), em novembro Festa do Boi, em junho (ambos, contudo, estão há vários anos sem ser realizadas)
IDH: 0,699
Fontes: Censo 2000, Atlas do Desenvolvimento Humano 2002 e É Amazonas, meu grande amor», de Raimundo Colares Ribeiro (2001)
A Crítica, 18/04/204, Cidades, p. C9
André da Silva Alfredo dá continuidade a uma história iniciada pelo avô ainda no início do século passado
Brasileiro, do Amazonas, tabatinguense e ticuna de Umariaçu. Assim se chega à identidade do primeiro tuxaua André da Silva Alfredo, 45, líder de 1,8 mil ticunas que vivem numa das aldeias localizadas na área urbana de Tabatinga (a 1.105 quilômetros de Manaus).
A aldeia Umariaçu existe desde 1914, quando o avô de André, Agostinho, se tornou tuxaua de um pequeno agrupamento indígena. Até a criação oficial do Município de Tabatinga transcorreram 65 anos e os ticunas de Umariaçu viram muita coisa acontecer com a chegada dos"brancos" brasileiros, peruanos e colombianos.
Maior etnia indígena do Amazonas, com aproximadamente 40 mil integrantes espalhados por quase 200 aldeias, os Ticunas têm sobrevivido à escassez de recursos e apoio e, mesmo assim, têm crescido. Umariaçu, por exemplo, está dividida em duas aldeias, com outros 4.8 mil índios vivendo na parte dois.
No local, de frente para o rio Solimões e de onde se avista o Município peruano de Santa Rosa, eles produzem abacaxi, mandioca, macaxeira, farinha e pescado. Toda a produção é vendida em Tabatinga, localidade a qual os ticunas entabulam tinia 1 elaçao de alnu u ódio.
A violência e o preconceito, sobretudo com os alunos que precisam sair das aldeias para estudarem escolas municipais e estaduais, são que mais desgostam André. "Tabatinga é perigosa para os nossos filhos, daí que nosso sonho é ampliar a escola daqui de forma que todos estudem aqui mesmo", diz o tuxaua.
A escola "0'tchürüne" atende os alunos até a 4a série do ensino fundamental em três acanhadas salas, onde os professores ensinam na língua indígena. Ela precisa, ao menos, triplicar de tamanho para atender aos jovens ticunas em idade escolar. É sonho de André também que 'a escola tenha até o ensino médio, garantindo aos jovens ticunas oportunidade de chegara uma faculdade.
0 sonho de educação para todos trouxe André Alfredo até Manaus, onde no dia 21 de maio do ano passado - ele guarda e cita a data com precisão - teve um encontro com o governador Eduardo Braga, que prometeu asfaltar. a aldeia e reformar a escola. "0 asfaltamento ele já cumpriu, falta agora a escola", diz. Sobre a capital, André Alfredo afirma que gostou muito, principalmente por conta da infra-estrutura hospitalar e a beleza das paisagens. Só não da para viver lá, pois aqui são meus parentes , argumenta
Apelidos, um hábito curioso
A tríplice fronteira propicia uma certa "miscigenação" entre ticunas do Brasil, com os do Peru, que vivem em Santa Rosa, e da Colômbia, no Município de Letícia, capital do Amazonas colombiano.
0 intercâmbio cultural também é grande, daí que os "brancos" de Tabatinga incorporaram um dos hábitos mais comuns dos indígenas: apelidar os amigos com nomes de animais.
0 hábito dá origem a causos curiosos. Reza uma história popular em Tabatinga que certo dia "Urubuzinho", um conhecido mecânico, foi atropelado e a gravidade dos ferimentos obrigou sua remoção para Manaus. Ao acordar no Pronto-Socorro 28 de Agosto foi submetido a uma bateria de perguntas feitas pelo médico plantonista, que aferia seu grau de consciência: "Qual seu nome?", perguntou 9 o médico. "Urubuzinho", respondeu. "Quem é seu irmão?". "0 Passarinho", respondeu. "Quem te salvou no acidente?". "Foi o Pirarucu", disse, referindo-se ao então secretário municipal de Educação. "E quem te trouxe para Manaus?", finalizou o médico, incrédulo com a consciência do paciente. "Só pode ter sido o Boi ou o Calango", respondeu, numa referência ao prefeito e o vice-prefeito de Tabatinga.
Sem entender nada, o médico decidiu encaminhar Urubuzinho para uma consulta no Hospital Eduardo Ribeiro, onde finalmente o velho hábito indígena ficou esclarecido.
Tabatinga
A última fronteira
Fundação: 10/ 12/1981, desmembrando-se de Benjamin Constant
Região do Estado: Alto Solimões
Área territorial: 3.225 km2
População: 37.919 habitantes
Padroeiro: Santos anjos Miguel, Gabriel e Rafael
Eventos Culturais: Festival Internacional da Canção de Tabatinga (Fincata), em novembro Festa do Boi, em junho (ambos, contudo, estão há vários anos sem ser realizadas)
IDH: 0,699
Fontes: Censo 2000, Atlas do Desenvolvimento Humano 2002 e É Amazonas, meu grande amor», de Raimundo Colares Ribeiro (2001)
A Crítica, 18/04/204, Cidades, p. C9
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