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Comissão Indígena Guarani-Kaiowá

04/04/2006

Fonte: Comissão Indígena Guarani-Kaiowá -Dourados-MS



Lideranças Indígenas Guarani-Kaiowá, de Aldeias pertencentes ao Núcleo da FUNAI de Dourados-MS, Estado do Mato Grosso do Sul.


As Lideranças Indígenas Guarani-Kaiowá, indignadas com o tratamento que o Governador do Estado de Mato Grosso do Sul e a Polícia Civil, vem dando ao episodio ocorrido na Terra Indígena Passo Piraju, Porto Cambira Município de Dourados-MS. Reúnem-se para elaborar um documento a fim de apresentar para toda sociedade. No mesmo dia as Lideranças fazem uma visita aos seus parentes, na Aldeia Passo Piraju, local em que ocorreu o conflito.

Relato da Comissão Indígena durante a visita à Aldeia Passo Piraju

"Aos quatro dia do mês de abril de 2006, as três horas da tarde, as Lideranças Indígenas chegaram na Terra indígena Passo Piraju, que fica no Porto Cambira, município de Dourados-MS. Estavam reunidos nesta aldeia juntamente com o povo daquela aldeia, quando os policiais civis chegaram no local e sem nenhuma consideração e respeito invadiram as casas, fortemente armados com revolveres, pistolas e metralhadoras. Perguntaram pelo líder Carlito de Oliveira e queriam prendê-lo. Estiveram ali por mais de uma hora, alguns deles adentraram na mata, logo depois foram feitos vários disparos pelos policiais dentro da mata, onde prenderam um rapaz desconhecido que não era índio e nem morador da aldeia. Este foi brutalmente espancado e preso. Os policiais usaram três veículos oficiais, placa HQH 3527 e dois descaracterizados. Disseram ainda que caso encontrasse o Cacique Carlito de Oliveira iria peneirá-lo. Um dos policiais disse que se o Cacique Carlito saísse na frente dele iria matá-lo. A Comissão de Lideranças Indígena entenderam que foi abuso de autoridade dos policiais civis, por que não apresentaram nenhum mandado judicial. Os policiais foram agressivos mesmo na presença da Operação Sucury (FUNAI) e da Imprensa (TV Sulamérica). Quando as Lideranças da Comissão de Mato Grosso do Sul de despediram as mulheres, as crianças e os idosos choraram implorando para que permanecêssemos com eles no local, para que pudesse ficar mais tranqüilos e poder dormir dentro das casas, já que desde o conflito estão dormindo na mata, todos estão sem cozinhar com medo de acender o fogo e estão dando somente cana para as crianças, onde há crianças com apenas dez dias de vida. Também disseram que a todo momento os policiais passam na estrada em frente a aldeia."
Por isso nós Lideranças Indígenas estão pedindo com URGÊNCIA ao Senhor Presidente da FUNAI, Dr. Mércio Pereira Gomes que mande uma Comissão de Brasília com representantes da FUNAI e dos Direitos Humanos e que as investigações sejam feitas com intervenção da Policia Federal de Brasília para que de proteção ao Povo indígena da Aldeia Passo Piraju.
Sr. Presidente estamos cansados de ser humilhados com os mais diversos dizeres que vem só desrespeitando à nossa história: "índios violentos, assassinos, selvagens, bugres, vagabundos... " Queremos ser ouvidos, pois também somos seres humanos.
Estão dizendo que nossos parentes fizeram isso premeditado e que pegaram os não-indios a traição. "Nós queremos transparência e esclarecimento aos fatos."

Depoimento dos moradores indígenas de Passo Piraju, entregue aos representantes da Comissão Indígena, na visita que ocorreu no dia 04.04.06.
"Aproximadamente as 04:00 h da tarde do sábado, dia 01.04.06, quando chegaram três homens armados, num carro Parat, entraram na aldeia e foram até o final da estrada da aldeia em uma casa perguntaram sobre o Cacique Carlito, onde ele morava, então responderam que o Carlito morava mais para baixo no outro lado da estrada. Na volta vieram atirando e atiraram numa casa onde dois indígena Kaiowá estavam cobrindo sua casa com sapé e deles foi atingido por um projetio 9 mm, no dedo do pé. Os três homens se dirigiram para a estrada que leva até a ponte próxima a aldeia, deram vários tiros por cima das casas próximas a aldeia, e aí os homens de reuniram e foram esperar na estrada da aldeia, a fim de ver o que estava acontecendo, por que dos homens não-índio estavam atirando. Quando os homens não-indio chegaram no local onde os Kaiowá estavam reunidos eles começaram a ameaçar com arma de fogo atirando para o alto, por isso que os Kaiowás que ali estavam investiram contra os não-indios para desarmá-los foi quando todo o episodio ocorreu, ninguém sabe quem feriu os não-indio por que no momento estavam assustados e nervosos com a atitude dos não-indios. Um dos não-índios foi atingido pelo próprio companheiro que queria atirar nos indígenas quando no momento um dos indígenas abaixou o cano da arma que disparou e acertou a perna de um dos não-índio, a arma eram um calibre doze.
O Cacique Carlito estava tomando banho no momento do outro lado do rio, ele não estava no confronto e não viu o que aconteceu. Tudo o que havia de acontecer já tinha acontecido, todos ficamos assustados e com medo, foi o momento que chegou mais de vinte policiais civis aqui, chegou ameaçando todo mundo invadiu nossas casas e falavam que ia matar todo mundo, as crianças e as mulheres.
Como falamos que ninguém sabia dos autores do acontecido, pegaram o professor por ser filho do Cacique, o Agente de Saúde, sendo que eles não tinham participado de nada e outros indígenas, foram espancados levaram eles para o mato onde bateram neles, isso aumentou ainda mais a revolta do povo, depois pegaram três índios e uma índia (quatro) e levaram preso. No dia dois, domingo, vieram e levaram mais dois índios e insistiram que levasse o Cacique Carlito de Oliveira e que vão matar assim que encontrar".
 

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