De Pueblos Indígenas en Brasil

Noticias

Da Amazônia aos Jardins: índio baniwa vira executivo em SP

15/02/2007

Autor: Silvia Ribeiro

Fonte: G1.com.br



Da Amazônia aos Jardins: índio baniwa vira executivo em SP
Eurico Lourenço desembarcou em SP em 2003 para estudar Direito. O índio, que aprendeu português aos 12 anos, tem o baniwa como língua nativa.

Silvia Ribeiro Do G1, em São Paulo

Desde que desembarcou em São Paulo em 2003, a vida de Eurico Lourenço Sena Baniwa, de 33 anos, passou por mudanças radicais. O índio trocou a rotina pacata na aldeia onde nasceu, na Floresta Amazônica, pela agitação da capital paulista. Graduado em Filosofia, tornou-se, em 2006, executivo de uma multinacional no Jardim Europa, bairro de classe alta da Zona Oeste da capital paulista.

"De uma hora para outra, minha vida mudou", reflete Eurico. Longe da família, ele tenta agora se adaptar a uma rotina acelerada: chega ao escritório por volta das 9h, checa sua agenda e encara uma reunião atrás da outra até as 20h.

Eurico ou Surisawa, como é chamado na aldeia de etnia baniwa, saiu de Manaus à procura de qualificação profissional em São Paulo. Desde que decidiu deixar sua tribo para estudar, o cotidiano dele é pontuado por contrastes.

"Não posso levar meu laptop para a aldeia porque lá ainda não tem luz elétrica", conta ele, bem humorado. Eurico retorna todos os anos à aldeia, que se localiza no norte do estado do Amazonas na região do alto Rio Negro, próxima ao Rio Içana.
Um outro mundo
A língua portuguesa entrou na vida de Eurico aos 12 anos, quando ingressou em uma escola no município de Santa Isabel do Rio Negro, a 630 km de Manaus. Foi nesta época que ganhou um nome em português.

"Tive de ser registrado para ser matriculado na escola. Meu nome foi inspirado no do ex-presidente brasileiro Eurico Gaspar Dutra. Meu pai o escolheu com a ajuda da escrevente do cartório."

Até então Eurico só falava baniwa, uma língua aruak, e nheengatu, idioma da família do tupi-guarani. Apenas uma única vez ele se comunicou em baniwa em solo paulistano, quando encontrou, durante um seminário, um outro índio de uma outra aldeia da mesma etnia. No dia-a-dia, usa somente o português e só tem a chance de falar línguas nativas quando telefona para os pais, que vivem na aldeia.

A dificuldade em achar alguém que fale baniwa, mesmo dentro da comunidade indígena, pode ser explicada pela pequena população de cerca de 4 mil índios da etnia no Brasil, segundo dados de 2001 da organização não-governamental Instituto Socioambiental.

Apesar do sucesso na trajetória profissional, Eurico diz que sofreu preconceito ao chegar a São Paulo. "Eu nunca escondo que sou índio. Tinha empregos que eu não era chamado pelo fato de ser índio."

Sair de São Paulo? Eurico desconversa e diz que não cogita ir embora, pelo menos até se formar na faculdade de Direito. Apesar de a capital paulista ser "um outro mundo", conforme ele mesmo define, aprendeu a gostar da metrópole, em especial da vida cultural. "Eu curto São Paulo. Gosto mais das livrarias e dos cinemas."

G1.com.br, 15/02/2007
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.