De Pueblos Indígenas en Brasil
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Funai ajuda enviado da ONU a sair da terra dos cintas-largas
13/12/2007
Fonte: OESP, Nacional, p. A14
Funai ajuda enviado da ONU a sair da terra dos cintas-largas
Após negociação que garantiu sua liberdade, Castro vai a Brasília em avião da entidade
Roldão Arruda
Ji-Paraná - O espanhol David Martins Castro, oficial do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU), deixou ontem de manhã o Estado de Rondônia. Depois de ter permanecido como refém dos índios cintas-largas durante quase quatro dias, embarcou em um pequeno avião da Fundação Nacional do Índio (Funai), no aeroporto de Ji-Paraná, rumo a Brasília.
Escoltado pelo presidente da fundação, Márcio Meira, o oficial da ONU não quis dar declarações públicas sobre o seqüestro, que provocou um mal-estar diplomático para o Brasil. Desde que se espalhou a notícia do seqüestro, no sábado, autoridades brasileiras começaram a receber telefonemas, com manifestações de preocupação, de diplomatas da ONU e da Espanha. Vários deles advertiram para o problema da imagem do Brasil no exterior caso ocorresse algo mais grave com Castro.
Na segunda-feira, Meira desembarcou em Cacoal, que fica perto da Terra Indígena Roosevelt, onde vivem os cintas-largas. Foi negociar pessoalmente a liberação de Castro e de outras quatro pessoas.
O primeiro dia de negociações foi tenso. Os representantes indígenas queriam que Meira fosse até a aldeia para só depois libertar os reféns. Aconselhado por representantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal, que temiam por sua segurança, o presidente da Funai não aceitou a exigência.
No dia seguinte, porém, ele recuou. Obteve emprestado um helicóptero do Ibama e viajou sozinho para a terra dos cintas-largas - os mesmos que em 2005 massacraram um grupo de 29 garimpeiros que estavam ilegalmente em suas terras.
AÇÃO INÉDITA
Foi a primeira vez que esse grupo indígena, cujo contato com a cultura dos homens brancos ainda não completou meio século, recebeu a visita de um presidente da entidade encarregada de zelar pelos seus interesses. Há quase dois anos, Mércio Pereira, então presidente da Funai, chegou a sobrevoar a área, mas não desceu até a aldeia.
Apesar dos receios das autoridades policiais, Meira foi recebido com uma espécie de dança de roda organizada pelas mulheres cintas-largas, num clima de festa. Horas depois, ele saiu de lá com os reféns.
Além da intransigência dos índios, as negociações para a soltura dos reféns foram marcadas por desentendimentos entre as autoridades. No final, Meira insistiu em que cabia à Funai dar a palavra final sobre o que fazer. Ontem, o presidente da fundação esteve no aeroporto de Ji-Paraná, ao lado do oficial da ONU.
OESP, 13/12/2007, Nacional, p. A14
Após negociação que garantiu sua liberdade, Castro vai a Brasília em avião da entidade
Roldão Arruda
Ji-Paraná - O espanhol David Martins Castro, oficial do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU), deixou ontem de manhã o Estado de Rondônia. Depois de ter permanecido como refém dos índios cintas-largas durante quase quatro dias, embarcou em um pequeno avião da Fundação Nacional do Índio (Funai), no aeroporto de Ji-Paraná, rumo a Brasília.
Escoltado pelo presidente da fundação, Márcio Meira, o oficial da ONU não quis dar declarações públicas sobre o seqüestro, que provocou um mal-estar diplomático para o Brasil. Desde que se espalhou a notícia do seqüestro, no sábado, autoridades brasileiras começaram a receber telefonemas, com manifestações de preocupação, de diplomatas da ONU e da Espanha. Vários deles advertiram para o problema da imagem do Brasil no exterior caso ocorresse algo mais grave com Castro.
Na segunda-feira, Meira desembarcou em Cacoal, que fica perto da Terra Indígena Roosevelt, onde vivem os cintas-largas. Foi negociar pessoalmente a liberação de Castro e de outras quatro pessoas.
O primeiro dia de negociações foi tenso. Os representantes indígenas queriam que Meira fosse até a aldeia para só depois libertar os reféns. Aconselhado por representantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal, que temiam por sua segurança, o presidente da Funai não aceitou a exigência.
No dia seguinte, porém, ele recuou. Obteve emprestado um helicóptero do Ibama e viajou sozinho para a terra dos cintas-largas - os mesmos que em 2005 massacraram um grupo de 29 garimpeiros que estavam ilegalmente em suas terras.
AÇÃO INÉDITA
Foi a primeira vez que esse grupo indígena, cujo contato com a cultura dos homens brancos ainda não completou meio século, recebeu a visita de um presidente da entidade encarregada de zelar pelos seus interesses. Há quase dois anos, Mércio Pereira, então presidente da Funai, chegou a sobrevoar a área, mas não desceu até a aldeia.
Apesar dos receios das autoridades policiais, Meira foi recebido com uma espécie de dança de roda organizada pelas mulheres cintas-largas, num clima de festa. Horas depois, ele saiu de lá com os reféns.
Além da intransigência dos índios, as negociações para a soltura dos reféns foram marcadas por desentendimentos entre as autoridades. No final, Meira insistiu em que cabia à Funai dar a palavra final sobre o que fazer. Ontem, o presidente da fundação esteve no aeroporto de Ji-Paraná, ao lado do oficial da ONU.
OESP, 13/12/2007, Nacional, p. A14
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