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Político que liderou invasões na reserva Tembé é preso em flagrante

22/02/2008

Fonte: Expresso da Notícia



Já está em Belém, na sede da Polícia Federal, o ex-vereador Manuel Evilácio Costa, preso em flagrante no dia 21 depois de liderar, por uma semana, o grupo de colonos que manteve índios tembés como reféns na localidade de Livramento, em Garrafão do Norte, nordeste do Pará. Os dois últimos reféns, o indígena Beto Tembé e o funcionário da Funasa Geraldo Costa foram libertados hoje de manhã, com a chegada de 130 agentes das polícias federal, civil e militar, do delegado federal Gustavo Ciminelli e do procurador da República Felício Pontes Jr.

Além de Manuel Evilácio, foram presos João Batista Costa, Pedro dos Santos Costa e Josimar de Jesus Leite Costa. Todos foram trazidos para a capital paraense e devem responder a inquérito por sequestro, cárcere privado e formação de quadrilha. O Ministério Público Federal e a PF investigam não só a invasão da aldeia e o sequestro dos indígenas, como também a violência contra a equipe de reportagem da TV Liberal - afiliada da Rede Globo - que ficou impedida de trabalhar ou se locomover quando chegou para acompanhar os fatos no dia 20.

Após as prisões, no dia 21, um pequeno grupo ligado ao ex-vereador ainda incendiou pontes em uma estrada da região, em protesto, mas os agentes federais conseguiram evitar que a situação piorasse. A polícia permanece na área em busca de outros envolvidos nos crimes.

Evilácio e os outros presos são suspeitos ainda incentivar invasões recentes na vila do Cupu, que fica no lado leste da reserva e já tinha sido desocupada pacificamente com o reassentamento dos colonos pelo Incra. Não ficou muito tempo vazia e, para as autoridades, os novos invasores podem estar interessados na manutenção de atividades ilegais no local. Na última operação de combate ao crime na área Tembé, a Labareda, em novembro de 2007, a polícia destruiu mais de 30 mil mudas e mais de 50 mil pés de maconha só na região do Cupu.

Abusos - A equipe do Ministério Público Federal (MPF) permanece na reserva Tembé tomando depoimentos dos moradores da aldeia Itahu. Eles relataram ao procurador da República como, no dia 17 de fevereiro, se assustaram com a chegada de invasores em várias motos, gritando e ordenando que os índios se reunissem para ouvi-los. Os homens diziam estar a mando de Manuel Evilácio e ficaram o dia inteiro na aldeia proferindo ameaças, consumindo bebidas alcoólicas. Por fim, avisaram aos índios que eles tinham que sair da aldeia e abrir mão de parte das terras.

Logo depois, muitos deles - incluindo mulheres e crianças - foram levados à força para uma vila vizinha à reserva, onde foram confinados em uma casa escura, ameaçados de morte e chamados de "vagabundos" por horas. Teriam sido soltos apenas no dia 18, quando chegou uma ordem de Manuel Evilácio para libertar as crianças. Beto Tembé e o agente de saúde Geraldo Costa foram obrigados a permanecer.

Depois de soltos, com medo de novos ataques à aldeia, várias mulheres e crianças passaram a noite na mata. Os homens caminharam horas em busca de ajuda nas aldeias vizinhas até que começaram a chegar guerreiros dos outros grupos para resgatar.

O cacique Joca Tembé, líder da aldeia Itahu, pai de Beto, contou que enquanto seu filho era refém, Manuel Evilácio o pressionava para que fizesse contato com as autoridades e negociasse a destinação de uma parte das terras indígenas aos invasores. "Ele pressionou, dizendo que se não houvesse uma resposta rápida, ele não se responsabilizaria pelo Beto", registra o depoimento. De acordo com o cacique, a região cobiçada pelo político é justamente a da vila do Cupu.
 

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