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Onze PMs participaram da ação em que terena foi morto

04/03/2008

Autor: Ângela Kempfer

Fonte: Campo Grande News




Relatório encaminhado pela própria Polícia Militar aponta que onze policiais participaram diretamente da ação em que foi morto o índio Ramão Machado. Segundo o advogado da família, e irmão da vítima, Wilson Machado, só esse número já reforça a tese de abuso policial no caso. "Era um grupo de onze, contra cidadãos sem nenhuma arma", diz ele.

Hoje a Polícia Civil de Naviraí, onde ocorreu o caso, ouviu a esposa de Ramão, Edna Ramos, e o neto dele, Willian Machado. Ambos participaram do confronto com a PM na madrugada de domingo.

Segundo a esposa, a confusão começou porque o irmão dela, Edson Ramos, havia bebido demais e causou baderna em uma boate da cidade. "Depois de ser retirado a força por seguranças, a Polícia Militar apareceu e colocou ele no camburão". Nesse momento, Ramão teria tentado impedir a prisão do cunhado. "Ele foi pra cima mesmo, falou grosso com os policiais, mas não justifica. A reação dos PMs foi de extrema violência. Um soldado segurou meu marido e o Timóteo espancou ele", acusa Edna.

Ela se refere ao agente de rádio patrulha, Timóteo dos Santos, acusado de ter assassinado Ramão, com um tiro no peito. "Ele chegou bem perto e disparou, meu marido já estava no chão." Edna detalha a cena: "Depois de bater no meu marido, nós seguimos para o carro, tentando escapar mesmo deles, mas eles acharam a gente. Nessa hora o Ramão falou para eles: vocês se escondem nas fardas para espancar índio. Isso foi a gota d’água para os PMs. Eles começaram a bater mais, o Ramão tentou tirar o cacetete das mãos do policial, reagiu batendo no PM, mas aí eles começaram a atirar. Acertaram meu filho também", relata.

Edna ainda apresenta escoriações em todo o corpo e fez exame de corpo de delito hoje. O neto de Ramão, Willian, prestou depoimento, mas passou mal e teve de retornar ao hospital. Ele foi atingido na perna.

"Ramão tinha 62 anos, não é possível que ele tenha conseguido intimidar um grupo de onze PMs", avalia Wilson.

Ele era uma liderança com seguidores, mas também muitos críticos a sua atuação. Era apontado por alguns indígenas como truculento e chegou a ser preso em 98, acusado de assassinato em Dourados. Também foi acusado de grilagem de terra e arregimentação de trabalho escravo.

Em nota divulgada pelo Comando do 12º Batalhão de Polícia Militar, o relato é semelhante sobre os acontecimentos, mas divergem sobre o momento dos tiros.
Alega que ao colocar o cunhado de Ramão no camburão, várias pessoas tentaram intervir para o soltar, agredindo um dos policiais da guarnição. Ramão teria, inclusive tentado tomar a arma do policial. "A guarnição PM deu-lhe voz de prisão, e o mesmo não acatou, vindo a criar um tumulto generalizado no local."

A versão da PM é que Ramão conseguiu tomar o cacetete e tentava tomar a arma do policial. Na nota, a corporação relata que, apesar do índio ser atingido por dois tiros, Ramão ainda "continuou com as agressões contra o policial" e por isso houve outro disparo que atingiu o peito de Ramão.A nota ainda admite que várias pessoas foram feridas por causa dos disparos efetuados durante o confronto, todos feitos pela PM. "No entanto, sem maiores gravidades", ameniza a polícia. A Polícia Militar irá abrir um inquérito administrativo para a apuração dos fatos.
 

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