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(Sobre os Kaiowá Guarani) Extrapolando

23/07/2009

Autor: Egon Dionísio Heck *

Fonte: Adital - http://www.adital.com.br/



[Uma nova ofensiva para tumultuar e retardar o processo de reconhecimento das terras Kaiowá Guarani está em curso.Parece que as ações para impedir os direitos dos índios de viverem em paz num pedacinho de sua terra tradicional, não tem limite. O poder econômico, político e a mídia estão a cada dia criando e divulgando novos obstáculos.
Mas os Kaiowá Guarani têm cinco séculos de resistência. Tem sua sabedoria, mística e forças guerreiras e protetoras de seus antepassados e dos deuses que sempre os sustentaram nessa luta pela vida. Mas, precisam de muitos aliados para apoiá-los nessa difícil travessia].

"Na prática, governo do Estado irá repassar quase meio milhão de reais para a Assomasul acompanhar os estudos antropológicos feitos pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e custear despesas judiciais relacionadas ao tema.
O dinheiro será destinado ao pagamento de advogados, passagens e antropólogos particulares, para eventual contestação de dados apresentados pela Funai."(Campo Grande News,22/07/09)

A descompostura parece tomar contornos surrelealistas. O dinheiro público, do cidadão deste estado, dos pobres que acabam sendo os que pagam impostos, são desviados deslavadamente para ações desumanas de impedir o sagrado direito a um pedaço de chão as seculares habitantes destas terras. Ações semelhantes clamam aos céus e apelam ao mundo para que se faça justiça.

O cinismo é flagrante. "O presidente (da Assomasul) garantiu que os municípios, assim como o governo do Estado, não tomarão posição na guerra entre índios e fazendeiros. A única preocupação é com a saúde financeira das prefeituras, que podem sair altamente prejudicadas economicamente com a transformação de áreas produtivas em aldeias".(idem)

Recentemente o advogado da Federação da Industria do Mato Grosso do Sul - Fiems, "João Campos afirmou que o processo de vistorias e demarcação já trouxe prejuízo paa a economia do Estado. Segundo ele, das 75 usinas que quereiam se instalar no Estado 30% (cerca de 20) não concretizou a vinda." (Diário do MS14/07/09). Na mesma matéria o presidente da Famasul(Federação de Agricultura e Pecuária) Ademara Silva Junior, comentou a afirmação do presidente da Funai, Marcio Meira que a demarcação das terras indígenas é questão de honra, afirmando que questão de honra é o "direito de propriedade".

Mobilização contra as terras indígenas

Uma intensa mobilização, com ampla cobertura da mídia, está sendo efetivada pelo agronegócio e agroindustria no Mato Grosso do Sul. Estão sendo convocados todos os municípios para vários seminários regionais, assessorados pela Famasul e CNA, nos quais se pretendo traçar as estratégias do setor diante do anunciado e novamente adiado processo de identificação das terras Kaiowá Guarani. Uma das principais questões levantadas é de que a grave situação dos índios não é questão de falta de terra mas de falta de política da Funai. Como exemplo, citam a questão dos Kadiweu que teriam bastante terra mas enfrentariam situação idêntica a dos Kaiowá Guarani. Nada mais falso do que essa generalização grosseira e inverídica. O que na verdade não se quer admitir é que os primeiros habitantes dessa terra tenha seu espaço para viver conforme seus valores, cultura, formas de organização e produção.

Recentemente, Leonardo Boff esteve fazendo uma palestra em Campo Grande onde reafirmou que a terra está num profundo stress e se nada de expressivo for feito para reverter essa situação em dez anos teremos uma crise insustentável, pois precisaríamos de pelo menos dois planetas Terra, se continuarmos no atual ritmo de produção, destruição e consumo. E fez uma comparação com a situação Kaiowá Guarani, na busca da compreensão de fenômenos que impactam essas comunidades como o suicídio. "Então a solução a continuidade da vida dos Kaiowá Guarani não é mandar psicólogos para entender por que eles se matam, e sim dar a terra para eles, e assim serão regenerados". Foi aplaudido de pé.

Existe uma postura contraditória nos discursos e mobilizações das elites anti indígenas no Mato Grosso do Sul. Quando foi anunciado que, com décadas de atraso e violência, finalmente se iria fazer um estudo de identificação de terras Kaiowá Guarani, alardearam aos quatro ventos de que 12 milhões de hectares seriam destinados aos índios. Num dos panfletos da neo TFP chegou a publicar o mapa dessa demarcação como já efetivada. Agora falam que serão 500 mil hectares a serem indenizados a um custo aproximado de 5 bilhões de reais. Antes diziam que só cederiam as terras aos índios se fossem indenizados. Agora está em curso o estudo e a garantia do governo federal de indenizar, e dizem vários que "não irão vender as terras" ao governo federal. Falam em prejuízos causados pelo processo de não definição das terras indígenas, mas fazem de tudo para protelar e impedir o processo. A pergunta que fica no ar é - mas o que afinal de contas querem: não reconhecer a terra aos índios, manda-los para a lua, decretar seu genocídio? Não seria o empenho para resolver com a máxima urgência a questão, a posição mais coerente?

Cimi MS
Campo Grande, 23 de julho de 2009

* Assessor do Conselho Indigenis (CIMI) Mato Grosso do Sul
 

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