From Indigenous Peoples in Brazil
News
PF prende quadrilha
14/11/2003
Fonte: Diário da Amazônia-Porto Velho-RO
A Polícia Federal prendeu ontem, um policial federal, um advogado e
>diversos empresários acusados de envolvimento na extração ilegal de
>diamantes da Reserva Indígena Roosevelt. Foram quatro presos e nove
>mandados de busca e apreensão nas cidades de Vilhena, Cacoal e Juína (no
>estado do Mato Grosso). João Carlos Cabrelon de Oliveira, Juiz federal da
>2a. Vara da Seção Judiciária de Rondônia foi quem expediu os mandados de
>prisão e de busca e apreensão. A ação, batizada de Operação Lince, é
>resultado de investigações de quase um ano da PF. A operação contou com a
>participação de 46 policiais federais da região, entre eles sete policiais
>do COT (Comando de Operações Táticas). Os indiciados são: Nilmo Pires dos
>Santos (já estava preso por crimes relacionados ao garimpo), Adenilson
>Damasceno Dodo (também estava preso e é empresário de garimpo), Antônio
>Moreira de Melo (garimpeiro), Dirceu de Castro Miranda (dava apoio
>logístico ao garimpo), Roberley Rocha Finotti (advogado e intermedíário da
>venda de diamantes), Renato Marini (comprador e sócio dos garimpeiros) e
>José Cadete da Silva (policial federal). O policial federal foi preso às
>6h30 da manhã, na própria delegacia de Vilhena, onde estava lotado, pois
>fazia parte da escala de plantão no momento. Também foram feitas buscas em
>sua residência, um lote de três chácaras em um local usado para construção
>de mansões, nas proximidades de Vilhena. O policial é acusado de repassar
>informações sobre as ações da PF na região, em troca de propina. Será
>indiciado em corrupção passiva, prevaricação e formação de quadrilha. Na
>casa do empresário Renato Marini, em Juína/MT, que inclusive já foi preso
>no ano passado pela PF também por envolvimento com a extração ilegal de
>diamantes e respondia ao processo em liberdade, foram encontrados quase 200
>gramas de diamantes, o equivalente a mil quilates. Também foram encontrados
>uma balança de precisão e um revólver caliber 38. Na primeira prisão de
>Marini foi apreendido em sua propriedade um avião monomotor. A Reserva
>Indígena de Roosevelt, onde residem índios da etnia "Cinta Larga", já foi
>palco de diversos conflitos entre garimpeiros e índios, pois na região
>existe uma grande jazida de diamantes, avaliada em US$ 2 bilhões. Depois de
>detidos, os presos foram transferidos para a Superintendência Regional da
>Polícia Federal em Rondônia, na capital Porto Velho, onde devem cumprir a
>prisão temporária.
>
O conflito anunciado
>
>
>Descoberta há cerca de dois anos, a mina de diamantes localizada na
>Reserva
>Indígena de Roosevelt e considerada como uma das maiores do mundo já
>deveria ter provocado reações mais consistentes das autoridades
>responsáveis pelo problema. A consequências do descaso é a verdadeira
>explosão da violência, que todo o mundo sabia que ia acontecer. Como a área
>é de difícil acesso e a entrada é dificultada pelos índios e funcionários
>da Funai não se sabe ao certo quantas pessoas já morreram na briga pelas
>pedras preciosas. Mas de acordo com a assessora jurídica do Conselho
>Indigenista Missionário, Cimi, Maria Cecília, (diga-se de passagem, uma
>intransigente e dedicada defensora dos índios, que há anos atua em
>Rondônia), o número de mortos na área já passou dos 300. E a tensão
>continua. Do lado de fora da reserva milhares de garimpeiros desempregados
>e ociosos aguardam ansiosos por uma chance de garimpar e no lado de dentro
>um grande mistério, já que não se sabe ao certo o que está acontecendo.
>Informações desencontradas e oficiosas denunciam massacres e a retirada de
>grandes fortunas em diamantes, que estariam saindo da reserva por pelo
>menos três pistas oficiais construídas na área, sendo vendidas não se sabe
>ao certo para quem. Também há notícias, aliás, bem poucas, de que enquanto
>um grupo de índios usufrui da riqueza das pedras, a maioria da população
>Cinta Larga pena com a miséria que sempre acompanhou os índios depois da
>chegada dos "civilizados". É bom lembrar que os Cinta Larga foram
>contactados há apenas 40 anos e neste curto período de tempo o número de
>pessoas, que era de seis mil ficou reduzida a cerca de 1.300 indivíduos. O
>pior desta situação é que ninguém toma uma posição séria sobre o problema.
>Ao contrário, além das denúncias não se ouve uma voz que diga claramente
>que as riqueza minerais são propriedade da União e que a exploração das
>pedras depende da aprovação de uma lei no Congresso Nacional. O que se vê é
>um lenga-lenga sem tamanho. Promessas vãs de que o garimpo vai ser
>liberado, feitas por pessoas que não têm competência para decidir sobre o
>caso. O resultado desta política é o caos que toma conta da região. É a
>violência, a morte de índios e garimpeiros. E o roubo descarado das pedras,
>que estão indo embora, enchendo as burras de empresários estrangeiros e
>contrabandistas, em detrimento do povo brasileiro, (índios e não-índios)
>que sofre com a miséria que abala um número cada vez maior de pessoas. Ana
>Aranda ana@diariodaamazonia.com.br
>
>
>
>Incompetência da Funai
>
>
>A Fundação Nacional do Índio (Funai) tenta esconder sua incompetência e
>inoperância atacando os jornais Diário da Amazônia e Folha de Rondônia.
>Alega que os dois jornais estão criando um clima de guerra no garimpo
>Roosevelt, publicando notícias inverídicas. Só esquece de dizer que o
>conflito vem sendo anunciado e denunciado pela imprensa há algum tempo,
>e somente esses dias a Funai decidiu se pronunciar sobre o caso. Quem
>deixou a situação chegar a esse ponto, então? É muito fácil criticar a
>imprensa. Difícil é agir. A Funai tem se mostrado morosa, prejudicando
>os índios com isso. E agora tenta posar de defensora dos indígenas,
>ameaçando processar os jornais. Em vez disso, deveria se estruturar
>melhor e dar aos índios uma assistência que não fizesse vergonha. Com
>um binóculo, fico procurando moral na Funai para se posicionar desta
>forma em relação à imprensa e não vejo. Os índios não recebem um
>tratamento digno por parte da fundação, isso já foi mostrado diversas
>vezes pela imprensa. Não há como negar uma coisa dessas. A imprensa tem
>defendido bastante os índios. Mostrando a falta de estrutura da Funai,
>por exemplo. A lentidão, a morosidade, a inoperância e por aí afora. E
>nesse caso de Roosevelt, deixou que as notícias fossem veiculadas sem
>ter tomado nenhuma atitude antes, deixando que o caso se agravasse. E
>agora vem dizer que a culpa é da imprensa? É tentar tapar o sol com a
>peneira. É muito mais bonito admitir a culpa, reconhecer a falta de
>estrutura e tentar melhorar.
>diversos empresários acusados de envolvimento na extração ilegal de
>diamantes da Reserva Indígena Roosevelt. Foram quatro presos e nove
>mandados de busca e apreensão nas cidades de Vilhena, Cacoal e Juína (no
>estado do Mato Grosso). João Carlos Cabrelon de Oliveira, Juiz federal da
>2a. Vara da Seção Judiciária de Rondônia foi quem expediu os mandados de
>prisão e de busca e apreensão. A ação, batizada de Operação Lince, é
>resultado de investigações de quase um ano da PF. A operação contou com a
>participação de 46 policiais federais da região, entre eles sete policiais
>do COT (Comando de Operações Táticas). Os indiciados são: Nilmo Pires dos
>Santos (já estava preso por crimes relacionados ao garimpo), Adenilson
>Damasceno Dodo (também estava preso e é empresário de garimpo), Antônio
>Moreira de Melo (garimpeiro), Dirceu de Castro Miranda (dava apoio
>logístico ao garimpo), Roberley Rocha Finotti (advogado e intermedíário da
>venda de diamantes), Renato Marini (comprador e sócio dos garimpeiros) e
>José Cadete da Silva (policial federal). O policial federal foi preso às
>6h30 da manhã, na própria delegacia de Vilhena, onde estava lotado, pois
>fazia parte da escala de plantão no momento. Também foram feitas buscas em
>sua residência, um lote de três chácaras em um local usado para construção
>de mansões, nas proximidades de Vilhena. O policial é acusado de repassar
>informações sobre as ações da PF na região, em troca de propina. Será
>indiciado em corrupção passiva, prevaricação e formação de quadrilha. Na
>casa do empresário Renato Marini, em Juína/MT, que inclusive já foi preso
>no ano passado pela PF também por envolvimento com a extração ilegal de
>diamantes e respondia ao processo em liberdade, foram encontrados quase 200
>gramas de diamantes, o equivalente a mil quilates. Também foram encontrados
>uma balança de precisão e um revólver caliber 38. Na primeira prisão de
>Marini foi apreendido em sua propriedade um avião monomotor. A Reserva
>Indígena de Roosevelt, onde residem índios da etnia "Cinta Larga", já foi
>palco de diversos conflitos entre garimpeiros e índios, pois na região
>existe uma grande jazida de diamantes, avaliada em US$ 2 bilhões. Depois de
>detidos, os presos foram transferidos para a Superintendência Regional da
>Polícia Federal em Rondônia, na capital Porto Velho, onde devem cumprir a
>prisão temporária.
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O conflito anunciado
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>Descoberta há cerca de dois anos, a mina de diamantes localizada na
>Reserva
>Indígena de Roosevelt e considerada como uma das maiores do mundo já
>deveria ter provocado reações mais consistentes das autoridades
>responsáveis pelo problema. A consequências do descaso é a verdadeira
>explosão da violência, que todo o mundo sabia que ia acontecer. Como a área
>é de difícil acesso e a entrada é dificultada pelos índios e funcionários
>da Funai não se sabe ao certo quantas pessoas já morreram na briga pelas
>pedras preciosas. Mas de acordo com a assessora jurídica do Conselho
>Indigenista Missionário, Cimi, Maria Cecília, (diga-se de passagem, uma
>intransigente e dedicada defensora dos índios, que há anos atua em
>Rondônia), o número de mortos na área já passou dos 300. E a tensão
>continua. Do lado de fora da reserva milhares de garimpeiros desempregados
>e ociosos aguardam ansiosos por uma chance de garimpar e no lado de dentro
>um grande mistério, já que não se sabe ao certo o que está acontecendo.
>Informações desencontradas e oficiosas denunciam massacres e a retirada de
>grandes fortunas em diamantes, que estariam saindo da reserva por pelo
>menos três pistas oficiais construídas na área, sendo vendidas não se sabe
>ao certo para quem. Também há notícias, aliás, bem poucas, de que enquanto
>um grupo de índios usufrui da riqueza das pedras, a maioria da população
>Cinta Larga pena com a miséria que sempre acompanhou os índios depois da
>chegada dos "civilizados". É bom lembrar que os Cinta Larga foram
>contactados há apenas 40 anos e neste curto período de tempo o número de
>pessoas, que era de seis mil ficou reduzida a cerca de 1.300 indivíduos. O
>pior desta situação é que ninguém toma uma posição séria sobre o problema.
>Ao contrário, além das denúncias não se ouve uma voz que diga claramente
>que as riqueza minerais são propriedade da União e que a exploração das
>pedras depende da aprovação de uma lei no Congresso Nacional. O que se vê é
>um lenga-lenga sem tamanho. Promessas vãs de que o garimpo vai ser
>liberado, feitas por pessoas que não têm competência para decidir sobre o
>caso. O resultado desta política é o caos que toma conta da região. É a
>violência, a morte de índios e garimpeiros. E o roubo descarado das pedras,
>que estão indo embora, enchendo as burras de empresários estrangeiros e
>contrabandistas, em detrimento do povo brasileiro, (índios e não-índios)
>que sofre com a miséria que abala um número cada vez maior de pessoas. Ana
>Aranda ana@diariodaamazonia.com.br
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>Incompetência da Funai
>
>
>A Fundação Nacional do Índio (Funai) tenta esconder sua incompetência e
>inoperância atacando os jornais Diário da Amazônia e Folha de Rondônia.
>Alega que os dois jornais estão criando um clima de guerra no garimpo
>Roosevelt, publicando notícias inverídicas. Só esquece de dizer que o
>conflito vem sendo anunciado e denunciado pela imprensa há algum tempo,
>e somente esses dias a Funai decidiu se pronunciar sobre o caso. Quem
>deixou a situação chegar a esse ponto, então? É muito fácil criticar a
>imprensa. Difícil é agir. A Funai tem se mostrado morosa, prejudicando
>os índios com isso. E agora tenta posar de defensora dos indígenas,
>ameaçando processar os jornais. Em vez disso, deveria se estruturar
>melhor e dar aos índios uma assistência que não fizesse vergonha. Com
>um binóculo, fico procurando moral na Funai para se posicionar desta
>forma em relação à imprensa e não vejo. Os índios não recebem um
>tratamento digno por parte da fundação, isso já foi mostrado diversas
>vezes pela imprensa. Não há como negar uma coisa dessas. A imprensa tem
>defendido bastante os índios. Mostrando a falta de estrutura da Funai,
>por exemplo. A lentidão, a morosidade, a inoperância e por aí afora. E
>nesse caso de Roosevelt, deixou que as notícias fossem veiculadas sem
>ter tomado nenhuma atitude antes, deixando que o caso se agravasse. E
>agora vem dizer que a culpa é da imprensa? É tentar tapar o sol com a
>peneira. É muito mais bonito admitir a culpa, reconhecer a falta de
>estrutura e tentar melhorar.
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