From Indigenous Peoples in Brazil
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Índios não deixarão terras invadidas como determinou o TRF, diz líder
22/01/2004
Autor: HUDSON CORRÊA
Fonte: Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
O cacique Tdju, 64, líder dos índios que invadiram 14 fazendas em Japorã (464 km de Campo Grande), disse hoje à Agência Folha que os guaranis e caiuás não deixarão as terras para ficar nas porteiras das propriedades, como decidiu ontem a desembargadora Consuelo Yoshida, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região em São Paulo.
Ela mandou que os índios formem oito grupos e aguardem por 20 dias nas entradas das áreas, até que "seja agilizado o processo de regularização fundiária da terra indígena". A Agência Folha levou hoje uma cópia da decisão de Yoshida até a fazenda São Jorge, uma das áreas invadidas. Tdju leu o documento.
"Daqui nós não vamos sair. Podem derramar nosso sangue e também o das crianças. Vamos ficar a vida toda aqui", disse o cacique com o rosto coberto por um capuz e pintado para guerra.
Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), cerca de mil índios ainda estão nas propriedades. As lideranças indígenas afirmam que são mais de 3.000. Na fazenda São Jorge, a reportagem encontrou hoje cerca de cem.
A desembargadora do TRF suspendeu parcialmente a decisão do juiz federal Odilon de Oliveira. Ele havia determinado a retirada dos índios pela PF (Polícia Federal) e a reintegração de posse para os fazendeiros.
Segundo a assessoria da PF, devido à decisão de Yoshida, está suspensa a operação para desocupar a área. Ação envolveria 600 policiais militares e federais ao custo de R$ 100 mil.
Geones Miguel Ledesma Peixoto, advogado dos fazendeiros, disse que vai entrar amanhã com recurso no TRF da 3ª Região contra a decisão da desembargadora.
O administrador da Funai, Wilian Fernandes, afirmou hoje que ainda estudava com o Ministério Público Federal uma forma de cumprir a determinação da desembargadora.
Os índios querem a posse de 9.400 hectares de terra. Nessa área estão as fazendas invadidas por eles desde dezembro.
As lideranças indígenas, segundo Tdju, pedem que os fazendeiros retirem o gado das terras (são pelo menos 5.000 cabeças) e também levem todo o maquinário agrícola das propriedades.
Hoje pela manhã um grupo de cerca de cem índios mantinha uma espécie de vigília na parte alta da fazenda. Do local, eles podiam observar a estrada usada por produtores rurais da região.
Confronto
A situação era tranquila ontem na área, um dia após o confronto ocorrido entre 250 índios e 300 fazendeiros na ponte que dá acesso às propriedades invadidas. Os ruralistas tinham ido ao local protestar contra as invasões.
O índio Odeir Martins, 14, foi ferido na cabeça durante o confronto. O agente de saúde e índio guarani Gumercindo Fernandes, 38, disse que ele tinha levado um tiro de raspão na nuca.
A PF ainda espera o resultado do exame de corpo de delito feito no adolescente, mas adiantou hoje que o ferimento não foi provocado por bala.
Sebastião Vera, 52, índio guarani, disse que foi atacado por dez pessoas, quando voltava à fazenda anteontem. "Eles tiraram minha roupa, amarraram minhas mãos e pés, e me jogaram no rio [Iguatemi]. Pensaram que eu iria morrer, mas segurei a respiração. Depois me soltei", disse Vera mostrando as roupas localizadas hoje pela manhã na área de confronto. "Eu desconheço que os fazendeiros tenham feito isso", afirmou Peixoto.
Ela mandou que os índios formem oito grupos e aguardem por 20 dias nas entradas das áreas, até que "seja agilizado o processo de regularização fundiária da terra indígena". A Agência Folha levou hoje uma cópia da decisão de Yoshida até a fazenda São Jorge, uma das áreas invadidas. Tdju leu o documento.
"Daqui nós não vamos sair. Podem derramar nosso sangue e também o das crianças. Vamos ficar a vida toda aqui", disse o cacique com o rosto coberto por um capuz e pintado para guerra.
Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), cerca de mil índios ainda estão nas propriedades. As lideranças indígenas afirmam que são mais de 3.000. Na fazenda São Jorge, a reportagem encontrou hoje cerca de cem.
A desembargadora do TRF suspendeu parcialmente a decisão do juiz federal Odilon de Oliveira. Ele havia determinado a retirada dos índios pela PF (Polícia Federal) e a reintegração de posse para os fazendeiros.
Segundo a assessoria da PF, devido à decisão de Yoshida, está suspensa a operação para desocupar a área. Ação envolveria 600 policiais militares e federais ao custo de R$ 100 mil.
Geones Miguel Ledesma Peixoto, advogado dos fazendeiros, disse que vai entrar amanhã com recurso no TRF da 3ª Região contra a decisão da desembargadora.
O administrador da Funai, Wilian Fernandes, afirmou hoje que ainda estudava com o Ministério Público Federal uma forma de cumprir a determinação da desembargadora.
Os índios querem a posse de 9.400 hectares de terra. Nessa área estão as fazendas invadidas por eles desde dezembro.
As lideranças indígenas, segundo Tdju, pedem que os fazendeiros retirem o gado das terras (são pelo menos 5.000 cabeças) e também levem todo o maquinário agrícola das propriedades.
Hoje pela manhã um grupo de cerca de cem índios mantinha uma espécie de vigília na parte alta da fazenda. Do local, eles podiam observar a estrada usada por produtores rurais da região.
Confronto
A situação era tranquila ontem na área, um dia após o confronto ocorrido entre 250 índios e 300 fazendeiros na ponte que dá acesso às propriedades invadidas. Os ruralistas tinham ido ao local protestar contra as invasões.
O índio Odeir Martins, 14, foi ferido na cabeça durante o confronto. O agente de saúde e índio guarani Gumercindo Fernandes, 38, disse que ele tinha levado um tiro de raspão na nuca.
A PF ainda espera o resultado do exame de corpo de delito feito no adolescente, mas adiantou hoje que o ferimento não foi provocado por bala.
Sebastião Vera, 52, índio guarani, disse que foi atacado por dez pessoas, quando voltava à fazenda anteontem. "Eles tiraram minha roupa, amarraram minhas mãos e pés, e me jogaram no rio [Iguatemi]. Pensaram que eu iria morrer, mas segurei a respiração. Depois me soltei", disse Vera mostrando as roupas localizadas hoje pela manhã na área de confronto. "Eu desconheço que os fazendeiros tenham feito isso", afirmou Peixoto.
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