From Indigenous Peoples in Brazil
News
Defensor das populações indígenas recebe homenagem de Programa das Nações Unidas
04/07/2012
Fonte: PNUD - http://www.pnud.org.br
Historiador Antônio Jacó Brand, falecido nesta terça-feira, teve sua trajetória marcada pela luta em favor dos Kaiowá-Guarani
A causa indígena, em especial a luta dos povos Kaiowá-Guarani que vivem em Mato Grosso do Sul, perdeu nesta terça-feira (03) um grande defensor. O professor Antônio Jacó Brand, mestre e doutor em História, morreu em Porto Alegre (RS), onde estava internado se recuperando de uma cirurgia cardíaca. O pesquisador tinha 62 anos e era natural do Rio Grande do Sul, mas residia e trabalhava em Mato Grosso do Sul, atuando como coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas (Neppi), da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em Campo Grande.
A trajetória do historiador foi marcada pela luta em defesa das populações indígenas do estado. A tese escrita por Brand, intitulada "O impacto da perda da terra sobre a tradição Kaiowá-Guarani: os difíceis caminhos da palavra", retrata os processos históricos que levaram os indígenas ao confinamento em Mato Grosso do Sul e os impactos culturais e sociais vividos por esses povos no estado.
No início do mês de maio, Brand participou de um debate promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no âmbito do Programa Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional de Mulheres e Crianças Indígenas (PC SAN), para discutir a situação dos povos indígenas da etnia Kaiowá-Guarani. Com ele, estiveram os indígenas Silvio Ortiz e Eliel Benites. Nesta oportunidade, eles compartilharam experiências sobre a situação atual dessas tribos e os principais problemas enfrentados, como a disputa pelo território, a insegurança alimentar e a violência.
Na ocasião, o professor destacou que a pressão dos organismos internacionais tem sido instrumento importante para a denúncia e o combate aos crimes cometidos contra as populações indígenas. Ao final da discussão, Brand concedeu uma breve entrevista ao PNUD na qual resumiu alguns dos temas abordados no debate. Leia a seguir.
Qual a maior ameaça enfrentada pelas populações indígenas hoje?
Acho que é a garantia dos territórios. Quer dizer, é muito difícil você pensar no futuro dos povos indígenas sem os territórios. Esses territórios, mesmo quando eventualmente demarcados, se torna muito difícil garantir sua integridade.
O que é necessário ser feito para que esse cenário seja modificado?
É preciso cumprir o que está na nossa legislação. Nós temos uma
legislação extremamente avançada nesse sentido. Ela garante plenamente os direitos fundamentais dos povos indígenas. No entanto, ela não é cumprida. Então, a pergunta seria: como fazer com que a legislação seja cumprida no caso dos povos indígenas? Há várias ações que estão sendo feitas, mas que poderiam ser ampliadas. O fundamental, me parece, é a própria luta dos índios que têm se sincronizado, têm se mobilizado. O apoio do público é bastante importante, embora tenhamos aí um grande problema que dificulta essa parceria: a desinformação sobre os povos indígenas - quem são eles, como é que vivem esse povos, sobre a cultura indígena. Nisso, temos grandes problemas.
Qual a principal contribuição das populações indígenas para um modelo de desenvolvimento sustentável?
É exatamente porque são povos que experimentam, na vida, modelos diferenciados de desenvolvimento. Então, eles nos permitem visualizar formas distintas de se relacionar com a natureza, de explorar os recursos naturais, de produzir e de viver. A simples presença dos povos indígenas no cenário brasileiro já representa de fato uma riqueza muito grande enquanto permite visualizar outras formas de vida, de organização social, de relação com a natureza e tudo o mais. E é muito importante que estas outras formas sejam fortalecidas, e aí poderíamos pensar não só nos índios como também em outros grupos humanos que vivem no território brasileiro e que também construíram historicamente outras formas de desenvolvimento. Por exemplo, afrodescendentes, populações ribeirinhas, quilombolas. Temos vários, o Brasil é um país profundamente diferenciado no que se refere à sua população.
Leia aqui a nota divulgada pelo Programa Conjunto Segurança Alimentar e Nutricional para Mulheres e Crianças Indígenas no Brasil (PC SAN), realizado pela ONU e pelo governo brasileiro, lamentando a morte do historiador.: http://www.pnud.org.br/downloads/Nota%20de%20pesar%20PCSAN.pdf
http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=3627
A causa indígena, em especial a luta dos povos Kaiowá-Guarani que vivem em Mato Grosso do Sul, perdeu nesta terça-feira (03) um grande defensor. O professor Antônio Jacó Brand, mestre e doutor em História, morreu em Porto Alegre (RS), onde estava internado se recuperando de uma cirurgia cardíaca. O pesquisador tinha 62 anos e era natural do Rio Grande do Sul, mas residia e trabalhava em Mato Grosso do Sul, atuando como coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas (Neppi), da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em Campo Grande.
A trajetória do historiador foi marcada pela luta em defesa das populações indígenas do estado. A tese escrita por Brand, intitulada "O impacto da perda da terra sobre a tradição Kaiowá-Guarani: os difíceis caminhos da palavra", retrata os processos históricos que levaram os indígenas ao confinamento em Mato Grosso do Sul e os impactos culturais e sociais vividos por esses povos no estado.
No início do mês de maio, Brand participou de um debate promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no âmbito do Programa Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional de Mulheres e Crianças Indígenas (PC SAN), para discutir a situação dos povos indígenas da etnia Kaiowá-Guarani. Com ele, estiveram os indígenas Silvio Ortiz e Eliel Benites. Nesta oportunidade, eles compartilharam experiências sobre a situação atual dessas tribos e os principais problemas enfrentados, como a disputa pelo território, a insegurança alimentar e a violência.
Na ocasião, o professor destacou que a pressão dos organismos internacionais tem sido instrumento importante para a denúncia e o combate aos crimes cometidos contra as populações indígenas. Ao final da discussão, Brand concedeu uma breve entrevista ao PNUD na qual resumiu alguns dos temas abordados no debate. Leia a seguir.
Qual a maior ameaça enfrentada pelas populações indígenas hoje?
Acho que é a garantia dos territórios. Quer dizer, é muito difícil você pensar no futuro dos povos indígenas sem os territórios. Esses territórios, mesmo quando eventualmente demarcados, se torna muito difícil garantir sua integridade.
O que é necessário ser feito para que esse cenário seja modificado?
É preciso cumprir o que está na nossa legislação. Nós temos uma
legislação extremamente avançada nesse sentido. Ela garante plenamente os direitos fundamentais dos povos indígenas. No entanto, ela não é cumprida. Então, a pergunta seria: como fazer com que a legislação seja cumprida no caso dos povos indígenas? Há várias ações que estão sendo feitas, mas que poderiam ser ampliadas. O fundamental, me parece, é a própria luta dos índios que têm se sincronizado, têm se mobilizado. O apoio do público é bastante importante, embora tenhamos aí um grande problema que dificulta essa parceria: a desinformação sobre os povos indígenas - quem são eles, como é que vivem esse povos, sobre a cultura indígena. Nisso, temos grandes problemas.
Qual a principal contribuição das populações indígenas para um modelo de desenvolvimento sustentável?
É exatamente porque são povos que experimentam, na vida, modelos diferenciados de desenvolvimento. Então, eles nos permitem visualizar formas distintas de se relacionar com a natureza, de explorar os recursos naturais, de produzir e de viver. A simples presença dos povos indígenas no cenário brasileiro já representa de fato uma riqueza muito grande enquanto permite visualizar outras formas de vida, de organização social, de relação com a natureza e tudo o mais. E é muito importante que estas outras formas sejam fortalecidas, e aí poderíamos pensar não só nos índios como também em outros grupos humanos que vivem no território brasileiro e que também construíram historicamente outras formas de desenvolvimento. Por exemplo, afrodescendentes, populações ribeirinhas, quilombolas. Temos vários, o Brasil é um país profundamente diferenciado no que se refere à sua população.
Leia aqui a nota divulgada pelo Programa Conjunto Segurança Alimentar e Nutricional para Mulheres e Crianças Indígenas no Brasil (PC SAN), realizado pela ONU e pelo governo brasileiro, lamentando a morte do historiador.: http://www.pnud.org.br/downloads/Nota%20de%20pesar%20PCSAN.pdf
http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=3627
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