From Indigenous Peoples in Brazil
News
Manjar da floresta
15/09/2013
Fonte: A Crítica, Vida & Estilo, p. 5
Documentos anexos
Manjar da floresta
Redescobrindo a culinária amazônica
Referência para Alex Atala, Dona Brazi se orgulha em "redescobrir" a culinária amazônica e anuncia que vai lançar livro junto com o aclamado chef de cozinha
Felipe de Paula
felipedepaula@acritica.ccm.br
Índia da etnia baré, Dona Brazi já enfrentou o preconceito de um governante de São Gabriel da Cachoeira que queria impedi-la de vender "comida de índio" na praça de alimentação da cidade, quando só ela tinha a "coragem" (e o orgulho) de fazê-lo.
"As próprias pessoas que comiam (pratos indígenas) tinham vergonha", conta ela. Mas hoje, anos depois, vê um novo e promissor momento para a culinária do Alto Rio Negro, que ela se orgulha de ter redescoberto.
"Hoje todo mundo faz quinhapira (prato típico baré) em São Gabriel", comenta a cozinheira cujo trabalho despertou a atenção de um do nomes mais celebrados da gastronomia atual, o brasileiro Alex Atala. Numa visita a São Gabriel da Cachoeira, o nome por trás do sexto melhor restaurante do mundo ficou encantado com as iguarias típicas da culinária da região, entre elas a mujeca e a deliciosa quinhapira - um caldo de tucupi com peixe e (muita) pimenta -, cuja receita Dona Brazi fez questão de compartilhar com os leitores de A CRÍTICA.
Após esse primeiro encontro, a vida da então cozinheira oficial do Instituto SócioAmbiental em São Gabriel deu um salto; convidada por Atala, surpreendeu o público no evento Paladar - Cozinha do Brasil, em São Paulo, com direito a entrevista para a TV Estadão feita pelo próprio chef. E dali para mais; convidada a vários eventos internacionais, diz que prefere o calor brasileiro e, no máximo, o "friozinho de junho em São Paulo."
Acabou recusando convites para ir a Itália e França, e voltou a seu sítio (com "72 espécies dó de mandioca" em São Gabriel da Cachoeira.
Vida e receitas
Mas um projeto em especial ela não haveria de recusar. Em parceria com a pesquisadora do ISA, Ludivine Eloy, e o chef Alex Atala, ela vai publicar uma "biografia gastronômica", contando sua história e revelando as receitas aprendidas com a mãe e em viagens com a família pela Amazônia. O livro será publicado pela editora Bei, com patrocínio da Oi, mas ainda não tem data de lançamento.
"É um legado", diz o chef Felipe Schaedler, do Restaurante Banzeiro, sobre o universo de sabores dos indígenas da região amazônica, que será o foco do livro. "É uma cultura culinária que, se não promovermos, vai se perder. Esses ingredientes, técnicas e preparos revelam nossa identidade gastronômica", finaliza Felipe.
A Crítica, 15/09/2013, Vida & Estilo, p. 5
Redescobrindo a culinária amazônica
Referência para Alex Atala, Dona Brazi se orgulha em "redescobrir" a culinária amazônica e anuncia que vai lançar livro junto com o aclamado chef de cozinha
Felipe de Paula
felipedepaula@acritica.ccm.br
Índia da etnia baré, Dona Brazi já enfrentou o preconceito de um governante de São Gabriel da Cachoeira que queria impedi-la de vender "comida de índio" na praça de alimentação da cidade, quando só ela tinha a "coragem" (e o orgulho) de fazê-lo.
"As próprias pessoas que comiam (pratos indígenas) tinham vergonha", conta ela. Mas hoje, anos depois, vê um novo e promissor momento para a culinária do Alto Rio Negro, que ela se orgulha de ter redescoberto.
"Hoje todo mundo faz quinhapira (prato típico baré) em São Gabriel", comenta a cozinheira cujo trabalho despertou a atenção de um do nomes mais celebrados da gastronomia atual, o brasileiro Alex Atala. Numa visita a São Gabriel da Cachoeira, o nome por trás do sexto melhor restaurante do mundo ficou encantado com as iguarias típicas da culinária da região, entre elas a mujeca e a deliciosa quinhapira - um caldo de tucupi com peixe e (muita) pimenta -, cuja receita Dona Brazi fez questão de compartilhar com os leitores de A CRÍTICA.
Após esse primeiro encontro, a vida da então cozinheira oficial do Instituto SócioAmbiental em São Gabriel deu um salto; convidada por Atala, surpreendeu o público no evento Paladar - Cozinha do Brasil, em São Paulo, com direito a entrevista para a TV Estadão feita pelo próprio chef. E dali para mais; convidada a vários eventos internacionais, diz que prefere o calor brasileiro e, no máximo, o "friozinho de junho em São Paulo."
Acabou recusando convites para ir a Itália e França, e voltou a seu sítio (com "72 espécies dó de mandioca" em São Gabriel da Cachoeira.
Vida e receitas
Mas um projeto em especial ela não haveria de recusar. Em parceria com a pesquisadora do ISA, Ludivine Eloy, e o chef Alex Atala, ela vai publicar uma "biografia gastronômica", contando sua história e revelando as receitas aprendidas com a mãe e em viagens com a família pela Amazônia. O livro será publicado pela editora Bei, com patrocínio da Oi, mas ainda não tem data de lançamento.
"É um legado", diz o chef Felipe Schaedler, do Restaurante Banzeiro, sobre o universo de sabores dos indígenas da região amazônica, que será o foco do livro. "É uma cultura culinária que, se não promovermos, vai se perder. Esses ingredientes, técnicas e preparos revelam nossa identidade gastronômica", finaliza Felipe.
A Crítica, 15/09/2013, Vida & Estilo, p. 5
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