From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Desocupação da TI Awá Guajá leva madeireiros a invadirem outra área indígena no Maranhão

15/01/2014

Fonte: O Globo - oglobo.globo.com



Desocupação da TI Awá Guajá leva madeireiros a invadirem outra área indígena no Maranhão
Indígenas da Terra Indígena Alto Turiaçu dizem que suas terras foram invadidas e loteadas

Cleide Carvalho

SÃO PAULO - Os madeireiros que saíram da Terra Indígena Awá Guajá, com o início do processo de retirada dos não índios da área, migraram para a Terra Indígena Alto Turiaçu, lotearam entre si áreas de desmatamento e estão ameaçando os índios de morte. A denúncia é da Associação Indígena Kaaportarupi, que representa os índios ka'apor. De acordo com a entidade, o acesso dos madeireiros vem sendo feito principalmente pelos municípios de Santa Luzia do Paruá e Maranhãozinho e apenas na manhã desta terça-feira 15 caminhões e tratores adentraram a mata. A TI Alto Turiaçu é ligada diretamente à TI Awá Guajá, ao Norte. Em agosto do ano passado, uma série de reportagens do GLOBO denunciou a ação dos madeireiros.
- Eles deixaram a Terra Indígena Awá Guajá e vieram para cá. Entram na hora que querem, colocam quantos equipamentos tiverem. As serrarias estão operando normalmente nos municípios vizinhos - afirma José Andrade, que trabalha com a entidade indígena num projeto de vigilância da TI Alto Turiaçu.
A Associação Indígena Kaaportarupi diz que a violência na região se acirrou desde o ano passado, quando as aldeias da terra indígena se uniram para tentar defender suas terras. No ano passado foram feitas operações do Exército, do Ibama e da Funai na região, mas, segundo os indígenas, com a saída das tropas a violência piorou. Uma das aldeias, a Gurupiúna, chegou a ser invadida por um bando armado, identificado por eles como pessoas ligadas a serrarias nos municípios de Centro Novo do Maranhão, Centro do Guilherme e Maranhãozinho. Vários índios teriam sido espancados e foram roubados documentos e roupas.
Em setembro passado, os índios chegaram a impedir a saída de seis invasores durante três dias e e liberação teve de ser negociada. Um mês depois, líderes das aldeias voltaram a ser ameaçados por invasores e os indígenas tiveram de se refugiar na mata.
De acordo com a nota, os índios passaram a apreender por conta própria tratores, motos e armas usados por invasores. Até mesmo um homem conhecido como grande madeireiro na região teria sido feito refém pelos índios e liberado após negociações com servidores da Funai.
"Em 2014, o ano se inicia com a desintrusão da TI Awá do povo indígena Awá-Guajá, em região limítrofe à TI Alto Turiaçu. A boa notícia para o povo indígena parente não teve a mesma correspondência para os Ka'apor, pois, em 07 de janeiro, um grupo de 10 Ka'apor, que realizava abertura de trilhas nos limites de seu território, para a autovigilância, foi surpreendido com tiros que atingiram as costas e pernas de dois jovens Ka'apor", diz a nota.
Andrade afirma que os índios não têm registrado boletim de ocorrência e têm receio de ir em vilas e povoados próximos, pois os moradores dos municípios vizinhos apoiam os madeireiros.
- Temos prefeitos de alguns municípios que são donos de madeireiras na região - diz Andrade.
A Terra Indígena Alto Turiaçu abriga 1.864 indígenas, e 52% deles têm até 14 anos de idade. A área fica ao longo da BR-316 e o povo ka'apor reivindica policiamento da área. Andrade afirmou que índios jovens são aliciados e embriagados por madeireiros. No ano passado, pelo menos três morreram em acidentes, ao caírem de caminhões que transportavam toras de madeira dentro das terras indígenas.
- Nenhum índio se queixa na delegacia. Eles temem represália. Ir na delegacia é comprar o passaporte para bem longe daqui. Muitos homens que trabalham para os madeireiros são ex-policiais que prestam serviços também a grandes fazendeiros da região. E eles são organizados, tem até radiocomunicador - diz Andrade.
Quatro oficiais de justiça entraram hoje na Terra Indígena Awá-Guajá para entregar notificações aos não índios que permanecem dentro do território indígena. Eles ainda terão prazo de 40 dias para deixar a área e retirar pertences.

O Globo, 15/01/2014, País

http://oglobo.globo.com/pais/desocupacao-da-ti-awa-guaja-leva-madeireiros-invadirem-outra-area-indigena-no-maranhao-11308232
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source