From Indigenous Peoples in Brazil
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Índios foram obrigados a ajudar Exército no Araguaia, diz comissão
14/05/2014
Autor: Juliana Braga
Fonte: G1 - http://g1.globo.com
A Comissão Nacional da Verdade recebeu, nesta terça-feira (13), um relatório no qual índios da etnia Aikewara, do sudeste do Pará, relatam violações aos direitos humanos que sofreram durante a ditadura militar (1964-1985). Elaborado pelos próprios indígenas, com o auxílio de uma antropóloga, o documento revela que a etnia foi obrigada a colaborar com as Forças Armadas durante a repressão militar à Guerrilha do Araguaia.
As terras dos índios Aikewara, também conhecidos como Suruí do Pará, ficam a cerca de 100 quilômetros do município de Marabá, próximo ao rio Araguaia. Eles relataram à Comissão da Verdade, diz nota divulgada pelo colegiado, terem tido suas terras invadidas e totalmente ocupadas pelos militares entre 1972 e 1974. Nessa época, informaram os índios, os homens adultos foram recrutados à força, com o aval da Funai, para atuarem como guias na mata na caça aos guerrilheiros.
O indigenista da Funai Juliano Almeida, que acompanhou o processo de elaboração do relatório, contou que os Aikewara foram coagidos a perseguir guerrilheiros, carregar cargas para os militares, abrir trilhas na mata e, até mesmo, carregar corpos de guerrilheiros mortos e colocá-los em helicópteros.
"Não há relatos de tortura física, mas há de tortura psicológica. O medo é o grande elemento de toda a narrativa dos Aikewara. O medo de morrer", contou Almeida.
Além disso, militares queimaram as plantações e as reservas que os índios Suruí guardavam e os proibiram de plantar, caçar, ou pescar. As mulheres, crianças e idosos ficavam na aldeia, e eram monitorados constantemente. Por falta de comida e pela proibição de exercerem suas atividades de subsistência, os Aikewara passaram fome.
Eles contaram, durante encontro que tiveram com integrantes da Comissão da Verdade, que presenciaram também a tortura de pessoas perseguidas pelo regime militar. Eles resgataram um camponês, que chegou à terra Sororó com uma corda amarrada no pescoço, torturado porque o parto de seu filho tinha sido feito pela guerrilheira Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina.
Relatório
O documento apresentado pela Comissão da Verdade foi redigido com o auxílio da antropóloga Iara Ferraz, que há 20 anos convive com a etnia.
Maria Rita Khel, que coordena as investigações de violações a direitos humanos de indígenas e camponeses, esteve com os Akewara duas vezes em 2012, e foi comunicada por eles que gostariam de contar sua própria história.
"Vai ser de muito valor para o capítulo do relatório que tratará das graves violações de direitos humanos contra indígenas e camponeses, pois será, junto com o dos Xavante Marãiwatsédé, um dos únicos relatos feito pelos próprios indígenas", disse Khel em nota divulgada pela Comissão da Verdade.
http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/05/indios-foram-obrigados-ajudar-exercito-no-araguaia-diz-comissao.html
As terras dos índios Aikewara, também conhecidos como Suruí do Pará, ficam a cerca de 100 quilômetros do município de Marabá, próximo ao rio Araguaia. Eles relataram à Comissão da Verdade, diz nota divulgada pelo colegiado, terem tido suas terras invadidas e totalmente ocupadas pelos militares entre 1972 e 1974. Nessa época, informaram os índios, os homens adultos foram recrutados à força, com o aval da Funai, para atuarem como guias na mata na caça aos guerrilheiros.
O indigenista da Funai Juliano Almeida, que acompanhou o processo de elaboração do relatório, contou que os Aikewara foram coagidos a perseguir guerrilheiros, carregar cargas para os militares, abrir trilhas na mata e, até mesmo, carregar corpos de guerrilheiros mortos e colocá-los em helicópteros.
"Não há relatos de tortura física, mas há de tortura psicológica. O medo é o grande elemento de toda a narrativa dos Aikewara. O medo de morrer", contou Almeida.
Além disso, militares queimaram as plantações e as reservas que os índios Suruí guardavam e os proibiram de plantar, caçar, ou pescar. As mulheres, crianças e idosos ficavam na aldeia, e eram monitorados constantemente. Por falta de comida e pela proibição de exercerem suas atividades de subsistência, os Aikewara passaram fome.
Eles contaram, durante encontro que tiveram com integrantes da Comissão da Verdade, que presenciaram também a tortura de pessoas perseguidas pelo regime militar. Eles resgataram um camponês, que chegou à terra Sororó com uma corda amarrada no pescoço, torturado porque o parto de seu filho tinha sido feito pela guerrilheira Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina.
Relatório
O documento apresentado pela Comissão da Verdade foi redigido com o auxílio da antropóloga Iara Ferraz, que há 20 anos convive com a etnia.
Maria Rita Khel, que coordena as investigações de violações a direitos humanos de indígenas e camponeses, esteve com os Akewara duas vezes em 2012, e foi comunicada por eles que gostariam de contar sua própria história.
"Vai ser de muito valor para o capítulo do relatório que tratará das graves violações de direitos humanos contra indígenas e camponeses, pois será, junto com o dos Xavante Marãiwatsédé, um dos únicos relatos feito pelos próprios indígenas", disse Khel em nota divulgada pela Comissão da Verdade.
http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/05/indios-foram-obrigados-ajudar-exercito-no-araguaia-diz-comissao.html
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