From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Antropólogo pede canal de diálogo para evitar que pais indígenas afastem filhos de tratamento médico
21/03/2005
Autor: Spensy Pimentel
Fonte: Rádiobrás-Brasília-DF
O problema das famílias guarani-kaiowá que afastram crianças do tratamento médico está ligado à falta de um "canal de diálogo" e não a uma "questão cultural", afirma o antropólogo Fábio Mura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que estuda as etnias do sul de Mato Grosso do Sul há 15 anos. "É preciso instalar algo mais fluido, mais democrático no sistema de saúde, de modo que os nhanderus (líderes religiosos) possam ser incorporados ao tratamento das crianças", afirma.
Mura vem atuando como consultor do governo federal para buscar soluções para os guarani-kaiowá. Uma das medidas anunciadas na semana passada pela Fundação Nacional de Saúde vai ao encontro do que pede o antropólogo. No novo Hospital Universitário de Dourados, que vai concentrar o atendimento às crianças guarani-kaiowá, a Funasa diz que haverá espaço para a realização de rituais religiosos indígenas e um agente de saúde que trabalhará como tradutor.
"O hospital tira a criança indígena do meio social, do amparo dos parentes. Até agora, o que se viu foi uma maneira etnocêntrica de trabalhar. Para os guarani-kaiowá, a cura não é só do corpo, é espiritual também. Isso precisa ser considerado", explica Mura. Para ele, o fato de alguns hospitais evangélicos serem responsáveis pelo atendimento aos índios também colabora com o agravamento do problema: "São missões religiosas protestantes. Você pode imaginar como eles tratam as crenças dos índios. Salvar a criança do ponto de vista cristão é uma coisa, do ponto de vista indígena é completamente outra".
Mura diz ainda que o preconceito racial contra os índios no sul de Mato Grosso do Sul é outro fator de complicação, porque alguns pais das crianças não se sentem confortáveis e seguros de levar seus filhos para o hospital.
O antropólogo explica que para os Guarani-Kaiowá, a doença da criança está ligada a um "afastamento" da alma em relação ao corpo, causado por feitiçaria, por maus espíritos, ou ainda pelo "susto". "Um pai que pensa que seu filho está doente por essas causas fica muito preocupado quando lhe dizem que seu filho terá de ser levado para o hospital."
Mura vem atuando como consultor do governo federal para buscar soluções para os guarani-kaiowá. Uma das medidas anunciadas na semana passada pela Fundação Nacional de Saúde vai ao encontro do que pede o antropólogo. No novo Hospital Universitário de Dourados, que vai concentrar o atendimento às crianças guarani-kaiowá, a Funasa diz que haverá espaço para a realização de rituais religiosos indígenas e um agente de saúde que trabalhará como tradutor.
"O hospital tira a criança indígena do meio social, do amparo dos parentes. Até agora, o que se viu foi uma maneira etnocêntrica de trabalhar. Para os guarani-kaiowá, a cura não é só do corpo, é espiritual também. Isso precisa ser considerado", explica Mura. Para ele, o fato de alguns hospitais evangélicos serem responsáveis pelo atendimento aos índios também colabora com o agravamento do problema: "São missões religiosas protestantes. Você pode imaginar como eles tratam as crenças dos índios. Salvar a criança do ponto de vista cristão é uma coisa, do ponto de vista indígena é completamente outra".
Mura diz ainda que o preconceito racial contra os índios no sul de Mato Grosso do Sul é outro fator de complicação, porque alguns pais das crianças não se sentem confortáveis e seguros de levar seus filhos para o hospital.
O antropólogo explica que para os Guarani-Kaiowá, a doença da criança está ligada a um "afastamento" da alma em relação ao corpo, causado por feitiçaria, por maus espíritos, ou ainda pelo "susto". "Um pai que pensa que seu filho está doente por essas causas fica muito preocupado quando lhe dizem que seu filho terá de ser levado para o hospital."
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