From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Intercâmbio discute novas formas de valorizar o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro

10/04/2015

Fonte: Instituto Socioambiental - ISA - http://www.socioambiental.org



De 24 a 26 de março, agricultores e lideranças indígenas do Médio Rio Negro, gerentes das Casas da Pimenta Baniwa e representantes da Organização Indígena da Bacia do Içana-(Oibi), reuniram-se na comunidade do Yamado e na sede do ISA em São Gabriel da Cachoeira (AM). Na pauta, novas formas de valorização econômica do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, patrimônio cultural brasileiro.

O intercâmbio-oficina foi dividido em dois momentos. O primeiro, no dia 24, na sede do Instituto Socioambiental, teve como objetivo discutir entraves no acesso às políticas públicas para a agricultura familiar indígena na região. Participaram técnicos do ISA, agricultores indígenas da região do Médio Rio Negro, e o gerente local do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam).

O segundo momento, de 25 a 26 de março, aconteceu na comunidade Yamado e teve como objetivo promover um intercâmbio e troca de experiências junto aos gerentes das Casas de Pimenta, projeto coordenado pela Oibi e pelo ISA. Nesses dias foram abordados temas sobre a iniciativa de comercialização de produtos beneficiados em comunidades indígenas, valorização econômica do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, e aplicação de novas técnicas de beneficiamento e conservação de frutas, ervas medicinais e pimentas.


Inadequação das políticas públicas


Na discussão dos entraves de acesso às políticas públicas para a agricultura indígena na região foi redigida uma carta a ser encaminhada ao Conselho Nacional de Segurança Alimentar - Consea. O texto destaca que as políticas de compras públicas como PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), não são adaptadas para a realidade do Rio Negro. O excesso de burocracia, os baixos preços e as dificuldades logísticas dos órgãos públicos tornam praticamente impossível a aplicação destes programas às comunidades indígenas da região.

Além disso, os programas de assistência técnica desenvolvidos na região, que incentivam a mecanização, a monocultura e o uso de insumos químicos vão na contramão da salvaguarda e conservação de um dos maiores patrimônios dos povos dessa região, a agrobiodiversidade e o conhecimento associado a ela. Vale lembrar que o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro é um patrimônio cultural brasileiro reconhecido pelo Iphan/ Ministério da Cultura.


Nas Comunidades: multiplicando conhecimento


Os aprendizados e discussões resultantes do intercambio foram pauta de conversas e encontros nas comunidades do Médio Rio Negro - Acariquara e Cartucho - e na cidade de Santa Isabel do Rio Negro. Equipe do ISA e representantes das comunidades que participaram do intercambio transmitiram aos demais suas impressões do trabalho realizado pelos Baniwa do Rio Içana a partir do projeto "Casas da Pimenta Baniwa".

Nesses momentos pós intercambio (de 27 de março a 2 de abril), discutiu-se novas formas, também sustentáveis, de beneficiamento de produtos tradicionais do Rio Negro, geração de renda a partir de maior e diversificado acesso ao mercado, e iniciativas de conservação da diversidade de plantas.

O intercâmbio organizado pelo ISA, teve apoio da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro - Foirn, Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro - ACIMRN, Associação das Comunidades Indígenas Ribeirinhas - Acir, Organização Indígena da Bacia do Içana - Oibi e do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento - IRD, por meio do projeto de valorização do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. Além destas instituições, estiveram presentes também, representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan/MinC.


O que são as Casas da Pimenta Baniwa


São construções que oferecem os espaços e utensílios adequados ao processamento, envaze e armazenamento da jiquitaia produzida a partir das pimentas cultivadas pelas mulheres das comunidades baniwa.

As casas foram especialmente projetadas e instaladas a partir da orientação de um conjunto de pesquisas sobre o processamento do produto, sobre os requisitos estéticos, de estabilidade e de uso sustentável de materiais nas construções tradicionais, mas também adequada para atender a exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa.

As Casas da Pimenta são responsáveis por agregar a produção das roças familiares de uma determinada região de ocupação baniwa; organizar o processamento e estocagem, sob protocolo especial de produção para o mercado; e realizar o controle de qualidade e de fluxo de informações. Estão em operação duas Casas da Pimenta em coimunidades baniwa:Tunui Cachoeira, no Rio Içana e Ucuqui Cachoeira, no Rio Aiari.

Ainda neste mês de abril serão ianguradas mais duas, uma na Escola Baniwa Coripaco no Alto Içana e outra na comunidade Yamado, situada em frente a cidade de S. Gabriel, na margem direita do Rio Negro, na TI Alto Rio Negro.

Saiba mais sobre as Casas da Pimenta Baniwa
http://site-antigo.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=3731

e aqui
http://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/nova-casa-da-pimenta-baniwa-e-inaugurada-no-alto-rio-aiari-am



http://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-rio-negro/intercambio-discute-novas-formas-de-valorizar-o-sistema-agricola-tradicional-do-rio-negro#overlay-context=pt-br
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source