From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

No Xingu, o desafiador povo do céu

16/07/2015

Autor: Helio Carlos Mello

Fonte: Outras Palavras - www.outraspalavras.net



Reportagem fotográfica mostra como, no norte de Mato Grosso devastado por soja e gado, os índios Wauja preservam suas aldeias, cheias de beleza e arte

Texto e fotos de Hélio Carlos Mello, integrante de Jornalistas Livres


De encanto meus olhos já se enxugavam há tantos dias entre rios, mas eis que o Xingu se revela novamente e surpreende meus sentidos

Estou no Estado de Mato Grosso, entre os municípios de Paranatinga e Gaúcha do Norte, região essa que viu suas florestas caírem na engorda do gado e a soja florescer em poucas décadas. Sobraram intactas apenas a área do Parque Indígena do Xingu e outras terras indígenas no Mato Grosso.

Sigo para o rio Batovi ao encontro dos Wauja, uma gente de língua Aruak, cheia de carinho e precisão, que povoa o Batovi e Steinen, afluentes do grande rio Xingu, e somam aproximadamente 500 indígenas divididos em suas 3 aldeias: Pyuluene, Ulupuene e a grande Piyulaga.

Chego pela água com o sol na aurora e um povo na beira de areia fina, praia branca e roça de mandioca entre crianças. Fresca e fértil é a terra, farto é o rio.

O que esses índios guardam de nós ou nossos vícios não há evidências, apenas sorriso e cortesia, gente bonita a impressionar os profissionais da saúde que estão a vacinar, identificar e conversar. A falar da vida e seus cuidados.

É o Rio Urubu, Ulupuene. Procuro encontrar algo fora do eixo, não há, tudo segue sua ordem. Na aldeia grandes casas em construção vão se cobrindo com sapê, e muitas casas pequenas, tal presépio, se enchem de crianças e cumprimentos nas pequenas portas, tudo tão limpo e linear em gestos honestos.

Gente Waurá que, subindo o rio Batovi, se instalou nos limites do Parque, meio guarda, meio encanto e fartura.Porque a vida de índio não é nada fácil, aqui se coloca beleza e arte em tudo de simples que há. Tudo traz um pouco de alma e paz no Ulupuene.

O que fazemos é armar rede, seguir na noite.

Quando o dia logo chega vacina-se toda a população e se faz vai em busca dos males. O que encontramos nessa aldeia é muita saúde, pouco a fazer.

Coisa boa é ver gente encontrando seu rumo e partir. Ficam as casas de mato bem feitas e um modo de viver que desafia nossa conectividade moderna.

Bem feito.

http://outraspalavras.net/blog/2015/07/16/no-xingu-o-desafiador-povo-do-ceu/
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.