From Indigenous Peoples in Brazil
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News

Colheita dos índios rende quatro mil sacas de arroz

29/04/2005

Fonte: Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT



Projeto tenta dar sustentabilidade a aldeias e manter convivência pacífica

O governador Blairo Maggi, a primeira-dama Terezinha Maggi e índios de Primavera do Leste: mais uma colheita


Parte da cultura alimentícia dos povos indígenas mato-grossenses, o arroz e o milho, por muito tempo, faltaram ou estiveram escassos nas aldeias. Porém, para índios xavantes e bororos do Estado, essa realidade é bem diferente. Em menos de um ano, índios da Reserva Sangradouro, em Primavera do Leste, já colheram 240 hectares de arroz, sendo que a primeira parte foi colhida ano passado e, agora, na segunda quinzena deste mês de abril, eles puderam colher a maior parte da produção, da qual resultaram 4 mil sacas de arroz.

O projeto de agricultura sustentável surgiu a partir da iniciativa do governo de levar mais qualidade de vida aos diversos povos indígenas que habitam o Estado, e também de estabelecer condições pacíficas entre indígenas e produtores da região de Primavera.

A busca por novas alternativas econômicas aliou governo e iniciativa privada em um processo que está resultando em fonte de alimentação para mais de mil índios, com o resgate de um alimento tradicional e nutritivo, que faz parte da história e das tradições.

Com o apoio do governo, o projeto é desenvolvido pela Associação dos Produtores Rurais de Primavera do Leste (Asprim), que viu na iniciativa uma chance de, não somente conviver pacificamente e respeitar as tradições indígenas, como de auxiliá-los em algo benéfico tanto para a comunidade indígena, como para a urbana. A associação é responsável por todo o processo da produção das sementes e dos insumos, pelos maquinários para plantio e colheita e pelo desenvolvimento da produção, estipulando as áreas a serem plantadas e instruindo os índios com vistas ao manejo sustentável.

"As formas alternadas de plantio nas áreas garantem maior rentabilidade, sem agressão ao Meio Ambiente e sem uso de agroquímicos, pois não é repetido o plantio seguido em um mesmo local", afirmou o coordenador do projeto, Dorival Rossato. A intenção é aproveitar o manejo sustentável da área de mais de 100 mil hectares da Reserva Sangradouro, com os resíduos do plantio que podem incrementar mais o projeto. A expectativa da associação e de índios é de que esse projeto possa ser expandido para a criação de animais, como aves e porcos, aumentando, assim, a alternativa de alimentos para as aldeias, tornando-as auto-sustentáveis.

A Reserva Sangradouro abriga 22 aldeias, entre xavantes e bororos. A produção de 4 mil sacas de arroz será distribuída entre as famílias das aldeias da reserva e dará para abastecer, por um ano, mais de 1.500 índios. "Esse alimento deixa a vida mais fácil e ajuda as crianças a crescer mais", disse a vice-cacique xavante Maria Aparecida.

A intenção da Asprim é levar mais adiante o projeto de sustentabilidade, estendendo a ação para cursos na área agrícola. "Vamos capacitar os índios no manuseio das máquinas agrícolas e também para lidar melhor com a criação de animais", disse o presidente da associação, Célio Vilani. Conforme Vilani, a criação dos primeiros animais deve ter início ainda neste ano, aproveitando para alimento de porcos e aves os resíduos obtidos durante a colheita do arroz.

A ação desenvolvida em Primavera do Leste é mais uma demonstração do Governo do Estado em conduzir a relação com povos indígenas, com a execução de políticas públicas conforme a competência do Estado.

A produção agrícola, em especial na Reserva Sangradouro, proporciona, às centenas de índios, a obtenção de alimento em uma área que antes não era utilizada para qualquer produção e, na avaliação do governador Blairo Maggi, traz uma alternativa para atender às necessidades das aldeias.

Em uma visita à Aldeia Volta Grande, em Primavera do Leste, no ano passado, quando participou da colheita dos primeiros 40 hectares de arroz, Maggi observou: "Os índios mais novos querem melhorias para seu povo e os mais velhos, garantir uma velhice digna. Por isso, a necessidade de reverter a situação do que é uma ilha de pobreza em um mar de riqueza".
 

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