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Índio é morto durante confronto com produtores em fazendas invadidas

31/08/2015

Fonte: DiárioMS (Dourados - MS) - www.diarioms.com.br



Produtores rurais e índios entraram em confronto anteontem no município de Antonio João, a cerca de 150 km de Dourados, na fronteira com o Paraguai. Um índio identificado como Semião Fernandes Vilhalba, 24, morreu durante o confronto. O corpo dele foi encontrado próximo a um córrego, na fazenda Fronteira, uma das cinco áreas ocupadas pelos índios desde o dia 22 deste mês.Vilhalba foi atingido com um tiro na cabeça e o corpo levado para o IML de Ponta Porã.

A situação é extrema tensão no município de Antonio João há mais de uma semana e a situação se agravou no sábado. Produtores rurais da região, entre os proprietários das fazendas ocupadas pelos índios, se reuniram no Sindicato Rural da cidade por volta de 10h de sábado. Estavam presentes o senador Waldemir Moka (PMDB) e os deputados federais Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Tereza Cristina (PSB).

Mesmo com a presença de três congressistas, a presidente do Sindicato Rural, Roseli Maria Ruiz Silva, proprietária e de umas das fazendas ocupadas, foi a única a discursar. Ela faz um relato emocionado da situação, encerrou a reunião sem dar a palavra para as demais autoridades e liderou o grupo de fazendeiros em direção às propriedades invadidas, prometendo que as terras seriam retomadas naquele dia.

Moka e Tereza Cristina permaneceram no Sindicato Rural, mas Mandetta acompanhou o grupo de fazendeiros até o local onde ocorreu o confronto. Em entrevista ao site Campo Grande News, na noite de sábado, o deputado disse ter ficado com flecha apontada a menos de um palmo de seu olho.
"Quando pegamos a estrada de chão em direção à fazenda vi um comboio de uns 50 carros. Pedi para os fazendeiros não entrarem na sede até que os índios se acalmassem, mas duas pessoas de cada lado faria a conversa sob a minha intermediação.Fiquei com flecha a um palmo do olho, enquanto tentava mediar a conversa. Os fazendeiros entraram com os carros por uma lateral da sede e teve o confronto.Era índio e produtor correndo. Teve paulada, pedrada e até barulho de tiro", contou Mandetta.

O corpo de Semião Fernandes Vilhalba foi encontrado por volta de 15h quando a situação já tinha sido controlada por policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e da Força Nacional. Na noite de sábado foi anunciada a vinda de mais 30 homens da Força Nacional para reforçar a segurança em Antonio João.


CIMI


De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a área de 9.500 hectares, onde existiria o território NhanderuMarangatu, é terra indígena tradicional guarani-kaiowá. "Foi reconhecida e homologada pelo governo federal em meados de 2005. No entanto, a suspensão dos efeitos da homologação, seguido por uma ordem de despejo proveniente do Poder Judiciário, destinou quase mil pessoas ao peso impagável de mais de uma década de beira de estrada, mortes e a obrigatoriedade de suportar condições sub-humanas de vida. Estas centenas de pessoas passaram a viver, desde então, em menos de 150 dos 9.500 hectares homologados. Cansados de sofrer, os indígenas decidiram retomar sua área originária", diz nota do conselho, pertencente à igreja católica.

O Cimi também acusa o governo federal de omissão: "Enquanto o agrobanditismo se organizava e preparava o ataque, que levaria a morte de mais um guarani-kaiowá, destacamentos da Força Nacional, que possuíam determinação para atuar no caso e deveriam estar no local, encontravam-se a mais de uma hora da região, na cidade de Ponta Porã, há 70 km, mesmo com a possibilidade latente e iminente do ataque de fazendeiros. Duas horas antes da investida ruralista, funcionários da Funai e o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados, Paulo Pimenta, buscaram sem êxito, junto ao Ministério da Justiça, o deslocamento da Força Nacional para as imediações de NhanderuMarangatu. A Força Nacional somente começou a se movimentar após o anúncio de que o ataque ruralista havia começado".

O Ministério da Defesa determinou o envio de tropas do Exército Brasileiro para fazendas na região de Antônio João. Os militares deveriam chegar ao local ontem. O pedido foi feito pelo governo de Mato Grosso do Sul à bancada do Estado no Congresso Nacional e levada ao ministro da Defesa Jacques Wagner pelo senador Delcídio do Amaral (PT).

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