From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Nota da Funai sobre a situação dos povos Guarani no Cone Sul do MS

22/09/2015

Fonte: Fundação Nacional do Índio - Funai - www.funai.gov.br



A Fundação Nacional do Índio (Funai) reconhece a legitimidade da luta dos povos Guarani Nhandeva e Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, por suas terras tradicionais. Esta Fundação repudia qualquer ação embasada em atos de força e violência, assim como tentativas de criminalização de lideranças e da população indígena de forma geral.

Como órgão indigenista oficial do Estado brasileiro, a Funai acredita no diálogo, no respeito mútuo e na construção de um pacto governamental e social amplo para solucionar os problemas enfrentados por povos indígenas e produtores rurais no Cone Sul do estado.

Nesse sentido, vem a público informar as ações que desenvolve na região, com o objetivo de garantir direitos aos Guarani e levá-los a superar as situações de conflito, insegurança e vulnerabilidade social que vivenciam.

O órgão indigenista tem trabalhado visando regularizar os territórios tradicionais dos Guarani Nhandeva e Kaiowá, no Cone Sul do Mato Grosso do Sul. Em 2008, a Funai instituiu seis Grupos de Trabalho (GTs) para a identificação e delimitação de terras destinadas a estes povos. A finalização dos estudos tem esbarrado em diversas dificuldades, especialmente, na judicialização dos procedimentos administrativos de identificação, devido a ações de nulidade impetradas por sindicatos rurais, municípios e associações de produtores, provocando paralisações nos trabalhos da Funai. Outros problemas enfrentados são referentes à limitação de recursos humanos e orçamentários, além da complexidade de realizar os estudos diante da tensão que se estabeleceu na região, expondo técnicos a situações de intimidação e ameaças.

Mesmo diante de tal cenário, a Funai reafirma seu compromisso de dar prosseguimento à agenda de trabalho dos GTs, o que vem sendo realizando de forma prioritária. Ademais, o órgão realiza o acompanhamento dos processos de regularização fundiária das terras Guarani que se encontram em outros estágios do procedimento administrativo de demarcação. Mais uma vez, a questão da judicialização é uma ameaça constante à regularização desses territórios, tendo em vista que processos de terras indígenas em estágios de demarcação mais avançados correm o risco de retroceder em função de ações judiciais.

Nesses casos, a Funai presta assessoria e acompanhamento jurídico, a fim de que os processos sejam julgados o mais breve possível. A Funai segue confiando nas decisões do Poder Judiciário no sentido do reconhecimento e da reafirmação do direito dos Guarani às suas terras de ocupação tradicional.

Ainda, a Funai reafirma o apoio às comunidades que se encontram em acampamentos e áreas de retomada, em sua legítima luta pela terra. Ciente da condição de extrema vulnerabilidade a que crianças e adolescentes indígenas estão submetidos em tal situação, foi lançado em 11 de setembro de 2015, o "Plano de Ação Interinstitucional para o Cone Sul do estado de Mato Grosso do Sul" que envolve a articulação entre diversos órgãos do Governo Federal, Governo do Estado de MS, prefeituras municipais, organizações indígenas, Ministério Público, Conselhos Tutelares, universidades e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), entre outros. O objetivo é promover e qualificar a atuação dos agentes públicos a fim de de coibir violações de direitos e garantir o direito à convivência familiar e comunitária de crianças e jovens indígenas junto ao seu povo.

O Plano de Ação é resultado de uma atuação da Funai - em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos, Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Saúde e Conanda - realizada no Cone Sul do MS, em junho deste ano. Na ocasião, foram promovidos dois mutirões para a efetivação do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e jovens indígenas, nos municípios de Ponta Porã e Dourados. A equipe do mutirão realizou ações de diálogo e sensibilização, orientando que a prioridade do poder familiar em casos envolvendo crianças e jovens indígenas deve ser do povo indígena. A ação ocorreu junto a representantes do Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Conselhos Municipais de Direitos da Criança e do Adolescente, Conselhos Tutelares e instituições de acolhimento.

Em setembro de 2015, a Funai elaborou o documento "Diretrizes às instituições que compõem o Sistema de Justiça para efetivação do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e jovens indígenas junto ao seu povo no Cone Sul do Mato Grosso do Sul". O documento estabelece subsídios para orientar a atuação de juízes, promotores, defensores públicos e toda a rede de proteção e atendimento a crianças e adolescentes na região.

A Funai também realiza ações relacionadas à segurança alimentar, com a distribuição de cestas de alimentos regularmente, e o acompanhamento da população para atendimento no que se refere a questões de saúde mental e uso abusivo de álcool e drogas.

Quanto à segurança das populações no Cone Sul, destaca-se que a Funai não é órgão de segurança pública, portanto, não promove atuações isoladas. Seu papel é monitorar as terras indígenas e áreas de retomada, esclarecer e orientar os indígenas acerca dos trâmites administrativos e judiciais referentes à regularização fundiária, verificar o clima de tensão interno e externo, gerando informações e acionando os órgãos competentes em caso de incidentes.

Nesse sentido, as principais atividades desenvolvidas durante os anos de 2011 a 2015 tem sido a manutenção das ações de monitoramento e a mediação de conflitos territoriais, com a presença de efetivo da Funai, Força Nacional de Segurança Pública (em algumas áreas) e, quando necessário, do Departamento da Polícia Federal. Além disso, a Funai orienta a inclusão de lideranças ameaçadas no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).

A Funai ressalta a gravidade da condição dos Guarani no Mato Grosso do Sul, cuja população é de 45 mil pessoas distribuídas em pequenas áreas. A situação é caracterizada como de confinamento, devido à alta densidade populacional. Os indígenas enfrentam graves problemas e ameaças à vida, decorrentes do processo histórico de ocupação territorial na área. Destaca-se que a qualidade de vida, o bem-estar e a segurança alimentar dos Guarani estão associados ao acesso efetivo das populações ao seu território tradicional.

Para se planejar ações que contribuam para a diminuição dos indicativos de vulnerabilidade e insegurança dos Guarani, é preciso compreender que a sociabilidade dos Nhandeva e Kaiowá extrapola as atuais condições espacial e territorial em que vivem. A conclusão dos processos de regularização fundiária é a melhor forma de combater e reduzir os conflitos e problemas existentes.

Fundação Nacional do Índio - Funai
Brasília, 22 de setembro de 2015

http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/3441-nota-da-funai-sobre-a-situacao-dos-povos-guarani-no-cone-sul-do-mato-grosso-do-sul
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.