From Indigenous Peoples in Brazil
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Índio retorna à cidade para consertar prótese
28/08/2017
Autor: Priscila Fernandes
Fonte: Cruzeiro do Sul jornalcruzeiro.com.br
Sete meses após seu "renascimento", o índio Marinaldo Tirotsi Ashaninka retorna a Sorocaba. O indígena de 41 anos esteve na cidade, no início do ano, para receber a doação de uma prótese para a perna, que perdeu após uma picada de cobra na infância. Ele relata emocionado que a recepção na aldeia Apiwtxa, no interior do Acre, foi triunfal, deixando os familiares admirados. Um de seus 11 filhos chegou a declarar "agora o papai voltou com outras pernas".
Livre das muletas, possibilitado a caçar e pescar, Marinaldo voltou a viver como qualquer outro homem de sua etnia. Crianças da aldeia ficaram impressionadas com a ajuda de Pawa -- a divindade indígena -- que lhe "colocou os pés". O homem, que trabalha como agente de saúde em sua aldeia, recebeu a doação de duas próteses para a perna, de uma empresa da cidade. A adaptação teria sido difícil no início, mas total com o tempo.
O motivo do retorno a Sorocaba é inusitado: uma arara danificou o encaixe de uma das próteses, que precisa agora ser refeito. Com isso, o empresário Nelson Nolé, da Conforpés, mais uma vez se dispôs a doar o aparelho e ainda custeou o transporte e alojamento do indígena.
Os dois se conheceram por intermédio de uma organização não-governamental internacional, a pedido do renomado fotógrafo Sebastião Salgado.
Ele esteve na aldeia de Marinaldo em 2016, onde teve a oportunidade de fotografar sua família e conhecer sua história. Picado por uma cobra venenosa aos 9 anos, perdeu parte do pé, mas ainda conseguia desempenhar as atividades cotidianas. Dores e infecções, no entanto, eram frequentes até que em 2015 teve a perna amputada. O período teria sido de muita tristeza para o índio que se viu, em meio a Floresta Amazônica, limitado pela deficiência. Percorria grandes distâncias com ajuda das muletas para efetuar seu trabalho, orientando as famílias sobre higiene e saúde.
Salgado teria conversado com ele a respeito de uma prótese, que não possuía condições de adquirir. Um mês depois chegou a notícia: ele ganharia o aparelho. "Fiquei de cabeça abaixada chorando", lembra o índio, que se emociona novamente com a recordação. Salgado ainda doou 50 livros, cuja venda financiou a viagem do índio a Sorocaba na época.
As duas próteses recebidas têm imagens significativas: uma possui a fotografia que Sebastião fez da família de Marinaldo, e na outra, um pássaro Tirotsi, seu nome indígena. Os ashaninkas são descendentes dos incas e estão presentes no Peru e no Acre. Na região onde vive Marinaldo, Apiwtxa, estariam distribuídas cerca de mil famílias. Chegar ao local não é fácil. Para vir a Sorocaba, o índio precisou fazer uma viagem de barco de três horas até o município de Marechal Thaumaturgo, onde pegou um "avião-táxi" até Cruzeiro do Sul, local em que finalmente pegou o voo para São Paulo. "Ainda quero visitar esse lugar", propõe o empresário sorocabano, para satisfação de Marinaldo. As distâncias, embora longas, não são mais motivos de receio para o índio. "Ando por tudo", afirma.
http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/815086/indio-retorna-a-cidade-para-consertar-protese
Livre das muletas, possibilitado a caçar e pescar, Marinaldo voltou a viver como qualquer outro homem de sua etnia. Crianças da aldeia ficaram impressionadas com a ajuda de Pawa -- a divindade indígena -- que lhe "colocou os pés". O homem, que trabalha como agente de saúde em sua aldeia, recebeu a doação de duas próteses para a perna, de uma empresa da cidade. A adaptação teria sido difícil no início, mas total com o tempo.
O motivo do retorno a Sorocaba é inusitado: uma arara danificou o encaixe de uma das próteses, que precisa agora ser refeito. Com isso, o empresário Nelson Nolé, da Conforpés, mais uma vez se dispôs a doar o aparelho e ainda custeou o transporte e alojamento do indígena.
Os dois se conheceram por intermédio de uma organização não-governamental internacional, a pedido do renomado fotógrafo Sebastião Salgado.
Ele esteve na aldeia de Marinaldo em 2016, onde teve a oportunidade de fotografar sua família e conhecer sua história. Picado por uma cobra venenosa aos 9 anos, perdeu parte do pé, mas ainda conseguia desempenhar as atividades cotidianas. Dores e infecções, no entanto, eram frequentes até que em 2015 teve a perna amputada. O período teria sido de muita tristeza para o índio que se viu, em meio a Floresta Amazônica, limitado pela deficiência. Percorria grandes distâncias com ajuda das muletas para efetuar seu trabalho, orientando as famílias sobre higiene e saúde.
Salgado teria conversado com ele a respeito de uma prótese, que não possuía condições de adquirir. Um mês depois chegou a notícia: ele ganharia o aparelho. "Fiquei de cabeça abaixada chorando", lembra o índio, que se emociona novamente com a recordação. Salgado ainda doou 50 livros, cuja venda financiou a viagem do índio a Sorocaba na época.
As duas próteses recebidas têm imagens significativas: uma possui a fotografia que Sebastião fez da família de Marinaldo, e na outra, um pássaro Tirotsi, seu nome indígena. Os ashaninkas são descendentes dos incas e estão presentes no Peru e no Acre. Na região onde vive Marinaldo, Apiwtxa, estariam distribuídas cerca de mil famílias. Chegar ao local não é fácil. Para vir a Sorocaba, o índio precisou fazer uma viagem de barco de três horas até o município de Marechal Thaumaturgo, onde pegou um "avião-táxi" até Cruzeiro do Sul, local em que finalmente pegou o voo para São Paulo. "Ainda quero visitar esse lugar", propõe o empresário sorocabano, para satisfação de Marinaldo. As distâncias, embora longas, não são mais motivos de receio para o índio. "Ando por tudo", afirma.
http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/815086/indio-retorna-a-cidade-para-consertar-protese
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