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Mobilização mundial tenta conter onda de invasão de terras indígenas
05/05/2020
Fonte: O Globo, Opinião do Globo, p. 2
Documentos anexos
Mobilização mundial tenta conter onda de invasão de terras indígenas
Garimpeiros e madeireiros ilegais facilitam a disseminação da Covid-19 em reservas
A ação de garimpeiros e madeireiros ilegais em reservas indígenas na Amazônia não chega a ser novidade num governo que despreza o meio ambiente. Mas, diante da pandemia do novo coronavírus, que assume proporções catastróficas na Região Norte, em especial no Amazonas, torna-se, além de irregular, um risco para essas populações, mais vulneráveis a qualquer tipo de doença.
E não se trata de abstração. Indígenas já estão contraindo a Covid-19. No dia 9 de abril, o ianomâmi Alvanei Xirixana, de 15 anos, morreu vítima da doença. O adolescente morava na comunidade Xirixana em Alto Alegre, no Norte de Roraima, região alvo de madeireiros e garimpeiros ilegais.
Desde a morte do ianomâni, os casos se multiplicaram. No dia 28 de abril, o Instituto Socioambiental (ISA), que monitora o avanço da doença nessas populações, contabilizava 11 mortes confirmadas pela Covid-19. E o número de registros sobe de forma acelerada.
Por óbvio, a forma de conter o avanço da doença é impedindo a onda de invasões de terras indígenas. O que também beneficiaria a floresta, à medida que reduziria o desmatamento e a extração ilegal de recursos minerais.
Mas o governo Jair Bolsonaro prefere adotar uma negligência deliberada, podando de todas as formas a atuação dos órgãos técnicos. Em abril, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, demitiu o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, depois de uma megaoperação realizada em terras indígenas no Sul do Pará para reprimir o desmatamento e o garimpo ilegais. Como é de praxe, equipamentos apreendidos com os invasores foram queimados. Mas, na visão do governo, quem agiu errado foi o diretor do Ibama, que não conseguiu conter o ímpeto dos fiscais. No fim do mês passado, outros servidores que participaram da operação foram exonerados.
Nesse cenário de desatino, é bem-vinda a mobilização feita pelo fotógrafo Sebastião Salgado, que cumpre quarentena em Paris, onde mora. Ele organizou um manifesto internacional para cobrar do governo brasileiro a proteção das populações indígenas. Já angariou o apoio de personalidades como Madonna, Paul McCartney, Brad Pitt etc. Um movimento mundial, como ocorreu em relação às queimadas, poderá pressionar o governo e evitar uma tragédia. "Existe uma possibilidade real de extermínio dessas populações indígenas", disse Salgado.
A exploração em áreas de reservas é assunto a ser tratado em bases técnicas, e decidido no Congresso. Fora isso, ações ilegais de madeireiros, garimpeiros e grileiros devem ser reprimidas pelos órgãos competentes. É preciso que o governo Bolsonaro tenha uma visão clara sobre quem está a favor da lei e quem está contra ela. O vilão é outro.
O Globo, 05/05/2020, Opinião do Globo, p. 2
https://oglobo.globo.com/opiniao/mobilizacao-mundial-tenta-conter-onda-de-invasao-de-terras-indigenas-24409952
Garimpeiros e madeireiros ilegais facilitam a disseminação da Covid-19 em reservas
A ação de garimpeiros e madeireiros ilegais em reservas indígenas na Amazônia não chega a ser novidade num governo que despreza o meio ambiente. Mas, diante da pandemia do novo coronavírus, que assume proporções catastróficas na Região Norte, em especial no Amazonas, torna-se, além de irregular, um risco para essas populações, mais vulneráveis a qualquer tipo de doença.
E não se trata de abstração. Indígenas já estão contraindo a Covid-19. No dia 9 de abril, o ianomâmi Alvanei Xirixana, de 15 anos, morreu vítima da doença. O adolescente morava na comunidade Xirixana em Alto Alegre, no Norte de Roraima, região alvo de madeireiros e garimpeiros ilegais.
Desde a morte do ianomâni, os casos se multiplicaram. No dia 28 de abril, o Instituto Socioambiental (ISA), que monitora o avanço da doença nessas populações, contabilizava 11 mortes confirmadas pela Covid-19. E o número de registros sobe de forma acelerada.
Por óbvio, a forma de conter o avanço da doença é impedindo a onda de invasões de terras indígenas. O que também beneficiaria a floresta, à medida que reduziria o desmatamento e a extração ilegal de recursos minerais.
Mas o governo Jair Bolsonaro prefere adotar uma negligência deliberada, podando de todas as formas a atuação dos órgãos técnicos. Em abril, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, demitiu o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, depois de uma megaoperação realizada em terras indígenas no Sul do Pará para reprimir o desmatamento e o garimpo ilegais. Como é de praxe, equipamentos apreendidos com os invasores foram queimados. Mas, na visão do governo, quem agiu errado foi o diretor do Ibama, que não conseguiu conter o ímpeto dos fiscais. No fim do mês passado, outros servidores que participaram da operação foram exonerados.
Nesse cenário de desatino, é bem-vinda a mobilização feita pelo fotógrafo Sebastião Salgado, que cumpre quarentena em Paris, onde mora. Ele organizou um manifesto internacional para cobrar do governo brasileiro a proteção das populações indígenas. Já angariou o apoio de personalidades como Madonna, Paul McCartney, Brad Pitt etc. Um movimento mundial, como ocorreu em relação às queimadas, poderá pressionar o governo e evitar uma tragédia. "Existe uma possibilidade real de extermínio dessas populações indígenas", disse Salgado.
A exploração em áreas de reservas é assunto a ser tratado em bases técnicas, e decidido no Congresso. Fora isso, ações ilegais de madeireiros, garimpeiros e grileiros devem ser reprimidas pelos órgãos competentes. É preciso que o governo Bolsonaro tenha uma visão clara sobre quem está a favor da lei e quem está contra ela. O vilão é outro.
O Globo, 05/05/2020, Opinião do Globo, p. 2
https://oglobo.globo.com/opiniao/mobilizacao-mundial-tenta-conter-onda-de-invasao-de-terras-indigenas-24409952
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