From Indigenous Peoples in Brazil
News
Queimadas no Pantanal e desmatamento na Amazônia ameaçam comunidades
18/09/2020
Fonte: Claudia - https://claudia.abril.com.br/noticias
Queimadas no Pantanal e desmatamento na Amazônia ameaçam comunidades
As queimadas no Pantanal e o desmatamento na Amazônia ameaçam populações locais que já estavam lutando pela sobrevivência na pandemia
Por Gabriela Maraccini - Atualizado em 18 set 2020, 19h17 - Publicado em 19 set 2020, 16h00
Não são só os números da Covid-19 no Brasil que assustam o país este ano. A devastação dos nossos biomas também se intensificou. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre janeiro e agosto de 2020, foram registrados 10 153 focos de queimada no Pantanal - ante 3 165 no mesmo período do ano passado. A Amazônia também sofre com o avanço do desmatamento. Entre agosto de 2019 e julho deste ano, houve alta de 40% em relação aos 12 meses anteriores, de acordo com o sistema Deter, também do Inpe. Os incêndios na floresta aumentaram em 35% nos últimos três anos, segundo relatório realizado pela organização ambiental WWF e o Boston Consulting Group.
A destruição dos biomas afeta fauna, flora e também a vida de populações locais. Moradores da região do Pantanal tiveram suas plantações destruídas, enquanto populações indígenas da Amazônia encontram-se sob ameaça das atividades ilegais na floresta, além de estarem morrendo vítimas do novo coronavírus. Só em 2019, houve um aumento de 25% nas internações de indígenas por problemas respiratórios, devido à fumaça das queimadas, segundo o Instituto Socioambiental (ISA). Em 2020, os números devem ser ainda piores se somados à pandemia. CLAUDIA conversou com quem está enfrentando esses múltiplos terrores e com quem estuda possíveis saídas de sobrevivência.
Watatakalu Yawalapiti
Ameaças múltiplas e constantes
"Quando a floresta pega fogo, queimam junto as nossas casas. Corremos o risco de ficar sem oca por 20 anos, que é o tempo que a árvore leva para crescer até o tamanho que precisamos", conta Watatakalu Yawalapiti, indígena do Alto Xingu e coordenadora da Atix-Mulher, departamento feminino da Associação Terra Indígena do Xingu (Atix).
Na Amazônia, as aldeias estão sofrendo também com a Covid-19. "Minha irmã foi contaminada pelo novo coronavírus e ficou muito angustiada. Ela não conseguia tirar o oxigênio, porque, além da doença, a fumaça das queimadas atrapalhava sua respiração", relata. A pandemia atingiu com força quase todos os Yawalapiti. Watatakalu conseguiu se salvar porque estava fora da aldeia, mas perdeu pessoas próximas, como o tio. Enquanto lutam para sobreviver a uma doença ainda sem cura, os povos indígenas têm que lidar com as consequências da devastação da floresta. Tempestades fortes, plantas secas, invasão de onças, que fogem do fogo e acabam entrando nas aldeias, e, ainda mais difícil, ameaças dos invasores de terras. "Eles acham que temos que mudar, que precisamos evoluir. Não entendem que essa é a nossa vida."
Para Watatakalu, a preservação da floresta não é mais uma demanda só de indígenas, mas de toda a humanidade. Ela aposta que as próximas gerações farão a diferença. "As pessoas boas são multiplicadoras. Elas têm que levar o exemplo para os filhos e, assim, ir mudando. Também é preciso que os não indígenas conheçam a floresta e as comunidades indígenas. Há uma ideia distorcida sobre nós, e isso só muda quando eles passam a entender nosso modo de vida e a respeitá-lo."
https://claudia.abril.com.br/noticias/pantanal-queimadas-amazonia-desmatamento-crise-comunidades/
As queimadas no Pantanal e o desmatamento na Amazônia ameaçam populações locais que já estavam lutando pela sobrevivência na pandemia
Por Gabriela Maraccini - Atualizado em 18 set 2020, 19h17 - Publicado em 19 set 2020, 16h00
Não são só os números da Covid-19 no Brasil que assustam o país este ano. A devastação dos nossos biomas também se intensificou. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre janeiro e agosto de 2020, foram registrados 10 153 focos de queimada no Pantanal - ante 3 165 no mesmo período do ano passado. A Amazônia também sofre com o avanço do desmatamento. Entre agosto de 2019 e julho deste ano, houve alta de 40% em relação aos 12 meses anteriores, de acordo com o sistema Deter, também do Inpe. Os incêndios na floresta aumentaram em 35% nos últimos três anos, segundo relatório realizado pela organização ambiental WWF e o Boston Consulting Group.
A destruição dos biomas afeta fauna, flora e também a vida de populações locais. Moradores da região do Pantanal tiveram suas plantações destruídas, enquanto populações indígenas da Amazônia encontram-se sob ameaça das atividades ilegais na floresta, além de estarem morrendo vítimas do novo coronavírus. Só em 2019, houve um aumento de 25% nas internações de indígenas por problemas respiratórios, devido à fumaça das queimadas, segundo o Instituto Socioambiental (ISA). Em 2020, os números devem ser ainda piores se somados à pandemia. CLAUDIA conversou com quem está enfrentando esses múltiplos terrores e com quem estuda possíveis saídas de sobrevivência.
Watatakalu Yawalapiti
Ameaças múltiplas e constantes
"Quando a floresta pega fogo, queimam junto as nossas casas. Corremos o risco de ficar sem oca por 20 anos, que é o tempo que a árvore leva para crescer até o tamanho que precisamos", conta Watatakalu Yawalapiti, indígena do Alto Xingu e coordenadora da Atix-Mulher, departamento feminino da Associação Terra Indígena do Xingu (Atix).
Na Amazônia, as aldeias estão sofrendo também com a Covid-19. "Minha irmã foi contaminada pelo novo coronavírus e ficou muito angustiada. Ela não conseguia tirar o oxigênio, porque, além da doença, a fumaça das queimadas atrapalhava sua respiração", relata. A pandemia atingiu com força quase todos os Yawalapiti. Watatakalu conseguiu se salvar porque estava fora da aldeia, mas perdeu pessoas próximas, como o tio. Enquanto lutam para sobreviver a uma doença ainda sem cura, os povos indígenas têm que lidar com as consequências da devastação da floresta. Tempestades fortes, plantas secas, invasão de onças, que fogem do fogo e acabam entrando nas aldeias, e, ainda mais difícil, ameaças dos invasores de terras. "Eles acham que temos que mudar, que precisamos evoluir. Não entendem que essa é a nossa vida."
Para Watatakalu, a preservação da floresta não é mais uma demanda só de indígenas, mas de toda a humanidade. Ela aposta que as próximas gerações farão a diferença. "As pessoas boas são multiplicadoras. Elas têm que levar o exemplo para os filhos e, assim, ir mudando. Também é preciso que os não indígenas conheçam a floresta e as comunidades indígenas. Há uma ideia distorcida sobre nós, e isso só muda quando eles passam a entender nosso modo de vida e a respeitá-lo."
https://claudia.abril.com.br/noticias/pantanal-queimadas-amazonia-desmatamento-crise-comunidades/
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source