From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

COP de desertificação adia mecanismo contra seca

16/12/2024

Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/



COP de desertificação adia mecanismo contra seca
Impasse na negociação colocou grupo africano de um lado e EUA e União Europeia do outro

Daniela Chiaretti

16/12/2024

A COP 16, conferência das Nações Unidas sobre combate à desertificação, terminou no fim de semana na Arábia Saudita adiando um acordo multilateral que ajude os países a ter resiliência à seca. Sem consenso, negociadores de 197 nações reunidos em Riad decidiram continuar a discussão de um mecanismo de enfrentamento à seca na próxima rodada, a COP 17, marcada para acontecer na Mongólia, em 2026.

O embate em Riad colocou de um lado o grupo de países africanos, muito afetados pelo processo de desertificação em suas terras, e, de outro, os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão.

Os africanos queriam um Protocolo de Resiliência à Seca na Convenção da ONU sobre Combate à Desertificação (UNCCD). O mecanismo seria legalmente vinculante e os ajudaria a enfrentar a seca. EUA e Japão bloquearam a ideia.

Outra opção era decidir pela elaboração de um Marco Global com objetivos e metas. Seria algo mais abrangente que um protocolo, mas sem ser legalmente vinculante. Os africanos rejeitaram a proposta com temor de uma solução ao mesmo tempo fraca e permanente. Os EUA e a UE também não aceitaram a iniciativa, com receio que incluísse financiamento.

Por fim, diante de negociações bloqueadas e tempo esgotado, as delegações concordaram que o tema seja retomado na Mongólia.

O impasse foi tão forte que em determinado momento das negociações os americanos condicionaram a aprovação de um aumento de 8% no orçamento do secretariado da Convenção ao término das discussões sobre protocolo, marco ou outro acordo sobre seca.

O orçamento do secretariado da UNCCD está congelado há 10 anos. Sem recursos é difícil conduzir estudos ou organizar COPs. Na prática, isso paralisaria o avanço da Convenção de Combate à Desertificação. O delegado americano disse aos outros negociadores que teria recebido, ao final da negociação, a instrução de que poderia cancelar a condicionante, uma espécie de chantagem diplomática. Sem orçamento, a UNCCD estaria em risco.

Um ponto considerado positivo foi a criação de dois "Caucus" dentro da Convenção, um para povos indígenas e o outro para comunidades locais. A proposta era brasileira. O "Caucus" é uma espécie de fórum informal que dá voz a grupos da sociedade que, desta forma, têm condições de influenciar as negociações.

A demanda por um fundo dedicado ao combate à desertificação, degradação da terra e seca nem sequer foi considerado. Durante a COP 16, estudo da UNCCD estimou que seriam necessários ao menos US$ 2,6 trilhões em investimentos até 2030 para restaurar mais de um bilhão de hectares de terras degradadas no mundo e aumentar a resistência à seca. Isso equivaleria a US$ 1 bilhão em investimentos diários entre agora e 2030. Foram anunciadas promessas de restauração de terras em larga escala e preparação para secas em paralelo à negociação dos governos. A Riyadh Global Drought Resilience Partnership atraiu US$ 12,5 bilhões para apoiar 80 países mais vulneráveis na construção de resiliência.

O movimento global Save Soil, criado há 25 anos para enfrentar a crise de degradação do solo, reagiu ao fim da COP 16. "Embora um protocolo global pudesse ter ajudado a unificar mais ações e recursos, sua ausência não deve atrasar nosso avanço. Na maioria dos países, o gerenciamento de terras tende a ser responsabilidade dos ministérios de agricultura, florestas e meio ambiente", diz a diretora técnica da Save Soil, Praveena Sridhar. "Esses ministérios podem tomar medidas imediatas alocando orçamento e subsídios para apoiar financeiramente os agricultores na transição para o gerenciamento sustentável do solo e da terra."

Ela segue: "Se os governos liderarem com suas próprias ações e recursos, seus esforços poderão inspirar protocolos globais e mais financiamento internacional". Diz ainda que "a degradação do solo, ao contrário de outras preocupações ecológicas, é unificadora. Essa é uma questão sem fronteiras".

Praveena lembra que "a recuperação e o manejo sustentável dos solos terão benefícios transformadores: resistência à seca, segurança alimentar, redução da migração, mitigação da mudança climática e restauração da biodiversidade".

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2024/12/16/cop-de-desertificacao-adia-mecanismo-contra-seca.ghtml
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source