From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
News
Dois anos da crise Yanomami: uma emergência que não pode ser esquecida
23/01/2025
Autor: Camila Garcez
Fonte: greenpeace - https://www.greenpeace.org
Em 2022, o Brasil testemunhou uma das mais graves crises humanitárias de sua história recente: a situação vivida pela Terra Indígena Yanomami. A combinação de negligência histórica, avanço do garimpo ilegal e colapso das políticas públicas culminou em números devastadores. Conforme dados do Ministério da Saúde, até dezembro de 2023, foram registradas 363 mortes de indígenas Yanomami, causadas principalmente por desnutrição e malária.
O boletim divulgado em 22 de fevereiro de 2024 também revelou alta incidência de doenças na região: 29.900 casos de malária, 7.104 de síndrome respiratória aguda grave, 26.747 de síndrome gripal e 10.461 de doenças diarreicas agudas ao longo de 2023. Dois anos depois, enquanto a crise humanitária persiste, o garimpo ilegal continua avançando impunemente no território.
Dados do último monitoramento do Greenpeace Brasil revelam que, entre julho e setembro de 2024, 50 hectares de novas áreas de garimpo foram abertos na Terra Indígena Yanomami. Isso representa um aumento de 32% em relação ao mesmo período de 2023, confirmando que as operações de desintrusão realizadas pelo governo federal ainda não foram suficientes para conter a exploração ilegal. Mesmo com ações pontuais, como a destruição de maquinário e acampamentos, novas frentes de garimpo surgem, especialmente no sul do território, sobrepondo-se ao Parque Nacional do Pico da Neblina.
Essa realidade reflete a falta de continuidade e eficiência nas políticas de fiscalização e monitoramento territorial. Lideranças indígenas, como a Hutukara Associação Yanomami, registraram várias denúncias, alertando para o retorno gradual de garimpeiros às áreas previamente desocupadas pelas forças federais.
"A força-tarefa está na TI Yanomami e a entrada dos invasores está controlada, mas ainda existem pontos de entrada. Não são muitos, mas existem. Um aspecto que a gente observa é a qualidade da água nas nossas comunidades", aponta o presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Ye'kwana, Junior Yanomami, em entrevista para a Agência Brasil.
O Ministério Público Federal também reconheceu, em ofício de dezembro de 2023, que não existem medidas permanentes e eficazes para garantir a segurança e a saúde do povo Yanomami. Enquanto isso, o impacto do garimpo ilegal vai além do desmatamento: ele contamina rios com mercúrio, compromete a soberania alimentar e perpetua episódios de violência sexual.
Desintrusão e Monitoramento
De acordo com o Governo Federal, as ações realizadas em 2024, consolidaram a retirada de invasores, a destruição da logística criminosa e a assistência às comunidades indígenas. Sob a coordenação da Casa de Governo, instalada em Boa Vista, foram realizadas 3.536 operações de segurança. O Governo estima uma redução de 96% na abertura de novos garimpos em comparação com 2022, ano que representou o auge do garimpo ilegal na região.
Embora essas operações de comando e controle realizadas tenham obtido resultados importantes, como a apreensão de equipamentos e a ocupação de áreas críticas, elas ainda falham em atacar a raiz do problema. A ausência de políticas públicas robustas e permanentes deixa um vácuo que os garimpeiros rapidamente exploram.
Grégor Daflon, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, destaca a necessidade da efetiva estruturação de políticas públicas permanentes de saúde, educação, monitoramento territorial e soberania alimentar dentro do território Yanomami.
"O Plano de Ação proposto pelo Governo Federal precisa contar com a participação ativa e contínua das lideranças indígenas no planejamento, monitoramento e na execução das ações. A dinâmica ilegal do garimpo se reorganiza, se reestrutura e abre novas fronteiras de destruição dentro da Terra Indígena Yanomami conforme apontamos. Somente uma presença contínua e integrada do Estado, fortalecimento de órgãos de fiscalização como o IBAMA e FUNAI e participação das lideranças na implementação deste plano, podem garantir a segurança e o bem-estar do povo Yanomami", destaca Grégor.
O caminho à frente
Dois anos após o início da crise Yanomami e as véspera de sediar o maior encontro anual sobre clima, a COP 30, o Brasil precisa decidir se continuará assistindo à destruição de um de seus maiores patrimônios culturais e naturais ou assumirá a responsabilidade de proteger aqueles que cuidam da maior floresta tropical do planeta. Medidas importantes foram tomadas desde o início do atual governo, mas para cumprir plenamente a promessa de campanha de acabar com o garimpo em terras indígenas, é preciso de mais: desintrusão permanente, fortalecimento das políticas públicas de saúde, proteção dos territórios e valorização do conhecimento indígena.
O garimpo ilegal não pode continuar destruindo vidas, territórios e sonhos. A luta pelo futuro dos Yanomami é também uma luta pelo futuro da Amazônia,do planeta e da nossa sobrevivência. O Greenpeace Brasil seguirá monitorando e denunciando, mas é preciso que todos - sociedade, governos e comunidade internacional - se unam para dizer basta. É hora de agir!
Se você também quer uma 'Amazônia Livre de Garimpo', assine nossa petição que já conta com mais de 200 mil assinaturas. Compartilhe com seus amigos e familiares e junte-se a nós fazendo parte dessa mobilização em defesa das florestas e dos povos indígenas.
https://www.greenpeace.org/brasil/blog/dois-anos-da-crise-yanomami-uma-emergencia-que-nao-pode-ser-esquecida/
O boletim divulgado em 22 de fevereiro de 2024 também revelou alta incidência de doenças na região: 29.900 casos de malária, 7.104 de síndrome respiratória aguda grave, 26.747 de síndrome gripal e 10.461 de doenças diarreicas agudas ao longo de 2023. Dois anos depois, enquanto a crise humanitária persiste, o garimpo ilegal continua avançando impunemente no território.
Dados do último monitoramento do Greenpeace Brasil revelam que, entre julho e setembro de 2024, 50 hectares de novas áreas de garimpo foram abertos na Terra Indígena Yanomami. Isso representa um aumento de 32% em relação ao mesmo período de 2023, confirmando que as operações de desintrusão realizadas pelo governo federal ainda não foram suficientes para conter a exploração ilegal. Mesmo com ações pontuais, como a destruição de maquinário e acampamentos, novas frentes de garimpo surgem, especialmente no sul do território, sobrepondo-se ao Parque Nacional do Pico da Neblina.
Essa realidade reflete a falta de continuidade e eficiência nas políticas de fiscalização e monitoramento territorial. Lideranças indígenas, como a Hutukara Associação Yanomami, registraram várias denúncias, alertando para o retorno gradual de garimpeiros às áreas previamente desocupadas pelas forças federais.
"A força-tarefa está na TI Yanomami e a entrada dos invasores está controlada, mas ainda existem pontos de entrada. Não são muitos, mas existem. Um aspecto que a gente observa é a qualidade da água nas nossas comunidades", aponta o presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Ye'kwana, Junior Yanomami, em entrevista para a Agência Brasil.
O Ministério Público Federal também reconheceu, em ofício de dezembro de 2023, que não existem medidas permanentes e eficazes para garantir a segurança e a saúde do povo Yanomami. Enquanto isso, o impacto do garimpo ilegal vai além do desmatamento: ele contamina rios com mercúrio, compromete a soberania alimentar e perpetua episódios de violência sexual.
Desintrusão e Monitoramento
De acordo com o Governo Federal, as ações realizadas em 2024, consolidaram a retirada de invasores, a destruição da logística criminosa e a assistência às comunidades indígenas. Sob a coordenação da Casa de Governo, instalada em Boa Vista, foram realizadas 3.536 operações de segurança. O Governo estima uma redução de 96% na abertura de novos garimpos em comparação com 2022, ano que representou o auge do garimpo ilegal na região.
Embora essas operações de comando e controle realizadas tenham obtido resultados importantes, como a apreensão de equipamentos e a ocupação de áreas críticas, elas ainda falham em atacar a raiz do problema. A ausência de políticas públicas robustas e permanentes deixa um vácuo que os garimpeiros rapidamente exploram.
Grégor Daflon, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, destaca a necessidade da efetiva estruturação de políticas públicas permanentes de saúde, educação, monitoramento territorial e soberania alimentar dentro do território Yanomami.
"O Plano de Ação proposto pelo Governo Federal precisa contar com a participação ativa e contínua das lideranças indígenas no planejamento, monitoramento e na execução das ações. A dinâmica ilegal do garimpo se reorganiza, se reestrutura e abre novas fronteiras de destruição dentro da Terra Indígena Yanomami conforme apontamos. Somente uma presença contínua e integrada do Estado, fortalecimento de órgãos de fiscalização como o IBAMA e FUNAI e participação das lideranças na implementação deste plano, podem garantir a segurança e o bem-estar do povo Yanomami", destaca Grégor.
O caminho à frente
Dois anos após o início da crise Yanomami e as véspera de sediar o maior encontro anual sobre clima, a COP 30, o Brasil precisa decidir se continuará assistindo à destruição de um de seus maiores patrimônios culturais e naturais ou assumirá a responsabilidade de proteger aqueles que cuidam da maior floresta tropical do planeta. Medidas importantes foram tomadas desde o início do atual governo, mas para cumprir plenamente a promessa de campanha de acabar com o garimpo em terras indígenas, é preciso de mais: desintrusão permanente, fortalecimento das políticas públicas de saúde, proteção dos territórios e valorização do conhecimento indígena.
O garimpo ilegal não pode continuar destruindo vidas, territórios e sonhos. A luta pelo futuro dos Yanomami é também uma luta pelo futuro da Amazônia,do planeta e da nossa sobrevivência. O Greenpeace Brasil seguirá monitorando e denunciando, mas é preciso que todos - sociedade, governos e comunidade internacional - se unam para dizer basta. É hora de agir!
Se você também quer uma 'Amazônia Livre de Garimpo', assine nossa petição que já conta com mais de 200 mil assinaturas. Compartilhe com seus amigos e familiares e junte-se a nós fazendo parte dessa mobilização em defesa das florestas e dos povos indígenas.
https://www.greenpeace.org/brasil/blog/dois-anos-da-crise-yanomami-uma-emergencia-que-nao-pode-ser-esquecida/
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source