From Indigenous Peoples in Brazil
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Noticias
Brasil rural vive uma guerra entre os pobres do campo e a extrema-direita latifundiária
13/03/2025
Fonte: A Nova Democracia - https://anovademocracia.com.br
O Brasil registrou 1.056 conflitos agrários somente nos 6 primeiros meses do ano passado - 872 por terra, 125 por água e 59 casos de trabalho servil ("análogos à escravidão"), segundo um relatório parcial da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os números fazem desse período o 2o semestre com mais conflitos desde 2015. É uma continuidade do resultado elevado de 2023, ano que registrou 2.203 conflitos em 12 meses, sendo o maior número desde 1985.
As batalhas pela terra cresceram onde o latifúndio ("agronegócio") mais está se expandindo: na Amazônia Legal, na região fronteiriça entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (chamada de Matopiba) e na área de 45 milhões de hectares entre o Amazonas, Acre e Rondônia, chamada de Amacro.
Os dados gravíssimos expressam a realidade que vive o campo brasileiro: uma verdadeira guerra entre posseiros, camponeses sem terra, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pobres do campo em geral, de um lado, e latifundiários, grandes mineradoras, bandos paramilitares bolsonaristas e o velho Estado brasileiro, controlado por essas classes dominantes, de outro. É o que está nos próprios dados da CPT: dos envolvidos nos conflitos, 235 são posseiros, 220 são indígenas, 116 são quilombolas e 92 são sem terra; 339 dos agressores são latifundiários, 137 são empresários, 88 são agentes do governo federal, 44 de instâncias estaduais e 33 são grileiros.
Os conflitos são sanguinários, como mostrou a resistência de indígenas Guarani-Kaiowá do MS, em Douradina, no meio do ano passado. Dez indígenas ficaram feridos e pelo menos 1 foi assassinado por paramilitares e latifundiários apoiados por parlamentares como Rodolfo Nogueira (PL). No Oeste do PR, indígenas Guarani de Guaíra e Terra Roxa também sofreram com a violência latifundiária, conforme denúncias das comunidades e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Em um único assalto, no dia 10/01 do ano passado, quatro indígenas foram baleados pelos pistoleiros. Em ambos os territórios, os indígenas não abandonaram as terras; no MS, eles chegaram a retomar novos territórios depois dos ataques.
Massacres e execuções em 2025
Os dados, referentes ao ano passado, não são circunscritos no tempo. Tudo indica que o presente ano vai seguir o mesmo caminho. Na virada do ano, indigenas Avá-Guarani do PR foram atacados por latifundiários durante 6 dias. Os latifundiários, organizados em grupos armados de extrema-direita, incendiaram casas e plantações e balearam 4 indígenas, dentre eles uma criança de 7 anos e outra de 14. Os indígenas denunciaram que a Força Nacional, enviada pelo governo oportunista, não impediu o ataque e tirou fotos dos indígenas para mostrar aos latifundiários; o ministério dos Povos Indígenas e o presidente Luiz Inácio ficaram calados diante da ofensiva genocida.
No Norte do País, a região Amacro desponta como um epicentro de conflitos. Em menos de um mês, dois camponeses foram assassinados na região: Francisco Nascimento de Melo, executado no dia 14/1 por tentar defender o filho que estava sendo agredido por um latifundiário, e José Jacó Cosotle, encontrado morto com um tiro no queixo no dia 29/1. Na mesma região, 35 famílias da Comunidade Dorothy denunciaram em janeiro que estão sendo constantemente ameaçadas por pistoleiros sem que haja punição.
O Nordeste, região que foi um palco da luta pela terra em 2024, sobretudo após o confronto de Barro Branco, no PE, e o despejo de mais de 700 famílias camponesas em Messias, no AL, continua com o clima tenso: no final de janeiro, 135 famílias foram despejadas da ocupação Marielle Franco, após uma ordem da 5a Vara Cível da Comarca de Teresina. Segundo o Comitê de Solidariedade à Luta pela Terra (COMSOLUTE), o despejo foi executado por policiais militares, cavalaria, tropa de choque, todos enviados pelo governador Rafael Fonteneles (PT) e 20 pistoleiros e atendeu interesses dos latifundiários locais. "Este ato evidencia, mais uma vez, a aliança entre o poder judiciário, forças policiais e interesses privados em detrimento dos direitos do povo", disse o COMSOLUTE.
Resistência armada camponesa cresce
Toda essa guerra ocorre de forma declarada: os latifundiários de extrema-direita já declararam em várias ocasiões os interesses em aniquilar os camponeses e indígenas que lutam pela terra; em resposta, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) declarou ao menos três vezes, entre 2023 e 2024, que os camponeses devem organizar grupos de autodefesa armados para responder aos paramilitares.
O único que não se pronunciou sobre a guerra agrária é o governo, que apoia, através de investimentos e apoio político, o latifúndio. Entre janeiro e fevereiro, o governo entregou terras da União ao governo do Amapá em um evento patrocinado por latifundiários. O caso foi denunciado pela CPT como uma entrega das terras aos grandes fazendeiros da região, que grilam os territórios em conluio com o governo local.
Os conflitos expressam a situação objetiva do País: os latifundiários, para aumentar os lucros, precisam de mais terra, mas como a terra não é um bem que pode ser reproduzido, como uma indústria, eles avançam contra territórios de camponeses, indígenas e povos tradicionais para ampliar as próprias posses. Os pobres do campo reagem: além do chamado da LCP, 48 ações de resistência (ocupações, retomadas e acampamentos) foram registrados em 2024. Em 2025, o movimento camponês Frente Camponesa de Luta realizou uma importante tomada de terra da Usina São Fernando, no MS, feita em aliança com os povos indígenas. Os camponeses foram despejados, mas prometem continuar na luta pela terra.
https://anovademocracia.com.br/materias-impressas/brasil-rural-vive-uma-guerra-entre-os-pobres-do-campo-e-a-extrema-direita-latifundiaria/
As batalhas pela terra cresceram onde o latifúndio ("agronegócio") mais está se expandindo: na Amazônia Legal, na região fronteiriça entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (chamada de Matopiba) e na área de 45 milhões de hectares entre o Amazonas, Acre e Rondônia, chamada de Amacro.
Os dados gravíssimos expressam a realidade que vive o campo brasileiro: uma verdadeira guerra entre posseiros, camponeses sem terra, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pobres do campo em geral, de um lado, e latifundiários, grandes mineradoras, bandos paramilitares bolsonaristas e o velho Estado brasileiro, controlado por essas classes dominantes, de outro. É o que está nos próprios dados da CPT: dos envolvidos nos conflitos, 235 são posseiros, 220 são indígenas, 116 são quilombolas e 92 são sem terra; 339 dos agressores são latifundiários, 137 são empresários, 88 são agentes do governo federal, 44 de instâncias estaduais e 33 são grileiros.
Os conflitos são sanguinários, como mostrou a resistência de indígenas Guarani-Kaiowá do MS, em Douradina, no meio do ano passado. Dez indígenas ficaram feridos e pelo menos 1 foi assassinado por paramilitares e latifundiários apoiados por parlamentares como Rodolfo Nogueira (PL). No Oeste do PR, indígenas Guarani de Guaíra e Terra Roxa também sofreram com a violência latifundiária, conforme denúncias das comunidades e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Em um único assalto, no dia 10/01 do ano passado, quatro indígenas foram baleados pelos pistoleiros. Em ambos os territórios, os indígenas não abandonaram as terras; no MS, eles chegaram a retomar novos territórios depois dos ataques.
Massacres e execuções em 2025
Os dados, referentes ao ano passado, não são circunscritos no tempo. Tudo indica que o presente ano vai seguir o mesmo caminho. Na virada do ano, indigenas Avá-Guarani do PR foram atacados por latifundiários durante 6 dias. Os latifundiários, organizados em grupos armados de extrema-direita, incendiaram casas e plantações e balearam 4 indígenas, dentre eles uma criança de 7 anos e outra de 14. Os indígenas denunciaram que a Força Nacional, enviada pelo governo oportunista, não impediu o ataque e tirou fotos dos indígenas para mostrar aos latifundiários; o ministério dos Povos Indígenas e o presidente Luiz Inácio ficaram calados diante da ofensiva genocida.
No Norte do País, a região Amacro desponta como um epicentro de conflitos. Em menos de um mês, dois camponeses foram assassinados na região: Francisco Nascimento de Melo, executado no dia 14/1 por tentar defender o filho que estava sendo agredido por um latifundiário, e José Jacó Cosotle, encontrado morto com um tiro no queixo no dia 29/1. Na mesma região, 35 famílias da Comunidade Dorothy denunciaram em janeiro que estão sendo constantemente ameaçadas por pistoleiros sem que haja punição.
O Nordeste, região que foi um palco da luta pela terra em 2024, sobretudo após o confronto de Barro Branco, no PE, e o despejo de mais de 700 famílias camponesas em Messias, no AL, continua com o clima tenso: no final de janeiro, 135 famílias foram despejadas da ocupação Marielle Franco, após uma ordem da 5a Vara Cível da Comarca de Teresina. Segundo o Comitê de Solidariedade à Luta pela Terra (COMSOLUTE), o despejo foi executado por policiais militares, cavalaria, tropa de choque, todos enviados pelo governador Rafael Fonteneles (PT) e 20 pistoleiros e atendeu interesses dos latifundiários locais. "Este ato evidencia, mais uma vez, a aliança entre o poder judiciário, forças policiais e interesses privados em detrimento dos direitos do povo", disse o COMSOLUTE.
Resistência armada camponesa cresce
Toda essa guerra ocorre de forma declarada: os latifundiários de extrema-direita já declararam em várias ocasiões os interesses em aniquilar os camponeses e indígenas que lutam pela terra; em resposta, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) declarou ao menos três vezes, entre 2023 e 2024, que os camponeses devem organizar grupos de autodefesa armados para responder aos paramilitares.
O único que não se pronunciou sobre a guerra agrária é o governo, que apoia, através de investimentos e apoio político, o latifúndio. Entre janeiro e fevereiro, o governo entregou terras da União ao governo do Amapá em um evento patrocinado por latifundiários. O caso foi denunciado pela CPT como uma entrega das terras aos grandes fazendeiros da região, que grilam os territórios em conluio com o governo local.
Os conflitos expressam a situação objetiva do País: os latifundiários, para aumentar os lucros, precisam de mais terra, mas como a terra não é um bem que pode ser reproduzido, como uma indústria, eles avançam contra territórios de camponeses, indígenas e povos tradicionais para ampliar as próprias posses. Os pobres do campo reagem: além do chamado da LCP, 48 ações de resistência (ocupações, retomadas e acampamentos) foram registrados em 2024. Em 2025, o movimento camponês Frente Camponesa de Luta realizou uma importante tomada de terra da Usina São Fernando, no MS, feita em aliança com os povos indígenas. Os camponeses foram despejados, mas prometem continuar na luta pela terra.
https://anovademocracia.com.br/materias-impressas/brasil-rural-vive-uma-guerra-entre-os-pobres-do-campo-e-a-extrema-direita-latifundiaria/
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