From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Por que a margem equatorial está dando tanto o que falar?
31/03/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Por que a margem equatorial está dando tanto o que falar?
Explorar petróleo na costa norte do Brasil pode afetar manguezais e os recifes de corais amazônicos
Gabriel Justo
31/03/2025
Nos últimos anos, uma tal de "margem equatorial" virou notícia. Esse é o nome técnico da porção norte da costa brasileira, que vai do Rio Grande do Norte, no Nordeste, ao Amapá, no Norte do país, passando por lugares considerados muito sensíveis para o equilíbrio da natureza, como a foz do rio Amazonas -a área onde esse rio, o maior do planeta, chega ao mar.
Toda essa área ganhou evidência porque, em 2015, a Guiana e o Suriname, dois pequenos países vizinhos ao Amapá, descobriram grandes reservas de petróleo por ali, e desde então, estão ficando podres de ricos com essa descoberta. Tão ricos que a Venezuela passou a disputar parte do território da vizinha Guiana -de olho no petróleo, é claro.
Estima-se que, juntos, Suriname e Guiana tenham à disposição uma reserva de 15 bilhões de barris de petróleo, o equivalente a tudo o que já foi descoberto pelo Brasil, que extrai o óleo ao longo de quase toda a costa do país, do Sul até o Nordeste. E o país agora também quer fazer isso na margem equatorial. Mas a coisa não é tão simples assim, e por vários motivos.
Você já sabe que o litoral brasileiro tem milhares de praias incríveis. Mas nessa parte do litoral, o cenário é outro. Em vez de praia, o litoral por lá é formado por gigantescos manguezais, um ecossistema de transição entre os biomas terrestres e marinhos.
Os manguezais têm árvores de raízes enormes, que se entremeiam umas às outras. Esse emaranhado de raízes, adaptadas à água salgada, amortece as variações de maré, impedindo que a água do mar inunde o continente. Eles também são a casa de uma infinidade de espécies que vivem por ali, dentro e fora da água.
Logo depois da descoberta da Guiana, pesquisadores também descobriram um grande sistema de recife de corais a cerca de cem quilômetros de distância do continente, que vai do litoral do Maranhão até a Guiana Francesa. É uma descoberta tão recente, em um lugar tão remoto, que ainda não foi possível dar conta de toda a biodiversidade do local.
O que os ambientalistas temem, caso o governo resolva explorar a margem equatorial, é o risco de derramamento -não tão incomuns quando falamos de extração de petróleo. Talvez você se lembre de tragédias recentes em que acidentes em plataformas fizeram com que o óleo se espalhasse pelo mar e pelas praias, destruindo habitats inteiros.
Sem qualquer controle, dizem os cientistas, um eventual vazamento de óleo poderia se espalhar por um ecossistema muito sensível como aquele daquele lugar, tão próximo da selva amazônica. Nesse caso, afirmam, as consequências ali poderiam ser muito piores do que em qualquer outro lugar de onde já se extrai petróleo.
O outro impasse dessa história tem a ver com o momento atual do planeta, que busca fazer a chamada transição energética. A ideia aqui é apostar em fontes renováveis e sustentáveis, substituindo o uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, que são poluentes. Ou seja: se não queremos mais usar o petróleo, será que faz sentido investir em mais petróleo?
Fazer, não faz. Mas muitos países, como o Brasil, ainda dependem muito do dinheiro que o petróleo gera -inclusive para financiar essa transição energética. Entendeu a confusão?
https://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2025/03/por-que-a-margem-equatorial-esta-dando-tanto-o-que-falar.shtml
Explorar petróleo na costa norte do Brasil pode afetar manguezais e os recifes de corais amazônicos
Gabriel Justo
31/03/2025
Nos últimos anos, uma tal de "margem equatorial" virou notícia. Esse é o nome técnico da porção norte da costa brasileira, que vai do Rio Grande do Norte, no Nordeste, ao Amapá, no Norte do país, passando por lugares considerados muito sensíveis para o equilíbrio da natureza, como a foz do rio Amazonas -a área onde esse rio, o maior do planeta, chega ao mar.
Toda essa área ganhou evidência porque, em 2015, a Guiana e o Suriname, dois pequenos países vizinhos ao Amapá, descobriram grandes reservas de petróleo por ali, e desde então, estão ficando podres de ricos com essa descoberta. Tão ricos que a Venezuela passou a disputar parte do território da vizinha Guiana -de olho no petróleo, é claro.
Estima-se que, juntos, Suriname e Guiana tenham à disposição uma reserva de 15 bilhões de barris de petróleo, o equivalente a tudo o que já foi descoberto pelo Brasil, que extrai o óleo ao longo de quase toda a costa do país, do Sul até o Nordeste. E o país agora também quer fazer isso na margem equatorial. Mas a coisa não é tão simples assim, e por vários motivos.
Você já sabe que o litoral brasileiro tem milhares de praias incríveis. Mas nessa parte do litoral, o cenário é outro. Em vez de praia, o litoral por lá é formado por gigantescos manguezais, um ecossistema de transição entre os biomas terrestres e marinhos.
Os manguezais têm árvores de raízes enormes, que se entremeiam umas às outras. Esse emaranhado de raízes, adaptadas à água salgada, amortece as variações de maré, impedindo que a água do mar inunde o continente. Eles também são a casa de uma infinidade de espécies que vivem por ali, dentro e fora da água.
Logo depois da descoberta da Guiana, pesquisadores também descobriram um grande sistema de recife de corais a cerca de cem quilômetros de distância do continente, que vai do litoral do Maranhão até a Guiana Francesa. É uma descoberta tão recente, em um lugar tão remoto, que ainda não foi possível dar conta de toda a biodiversidade do local.
O que os ambientalistas temem, caso o governo resolva explorar a margem equatorial, é o risco de derramamento -não tão incomuns quando falamos de extração de petróleo. Talvez você se lembre de tragédias recentes em que acidentes em plataformas fizeram com que o óleo se espalhasse pelo mar e pelas praias, destruindo habitats inteiros.
Sem qualquer controle, dizem os cientistas, um eventual vazamento de óleo poderia se espalhar por um ecossistema muito sensível como aquele daquele lugar, tão próximo da selva amazônica. Nesse caso, afirmam, as consequências ali poderiam ser muito piores do que em qualquer outro lugar de onde já se extrai petróleo.
O outro impasse dessa história tem a ver com o momento atual do planeta, que busca fazer a chamada transição energética. A ideia aqui é apostar em fontes renováveis e sustentáveis, substituindo o uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, que são poluentes. Ou seja: se não queremos mais usar o petróleo, será que faz sentido investir em mais petróleo?
Fazer, não faz. Mas muitos países, como o Brasil, ainda dependem muito do dinheiro que o petróleo gera -inclusive para financiar essa transição energética. Entendeu a confusão?
https://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2025/03/por-que-a-margem-equatorial-esta-dando-tanto-o-que-falar.shtml
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