From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Raoni cobra Lula contra exploração de petróleo na Margem Equatorial
04/04/2025
Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/
Raoni cobra Lula contra exploração de petróleo na Margem Equatorial
"Eu já tive contato com os espíritos, que sabem dos riscos que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma, de destruir e destruir e destruir", destaca o líder indígena
Fábio Murakawa
04/04/2025
O cacique Raoni Metuktire cobrou nesta sexta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por avaliar dar autorização à exploração de petróleo na Margem Equatorial, próximo à foz do Rio Amazonas. A fala ocorreu em um evento no Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso, no qual Raoni, o líder indígena mais influente do país, foi condecorado por Lula com a Ordem Nacional do Mérito.
"Estou sabendo que, na Foz do Amazonas, o senhor está pensando no petróleo que tem lá debaixo do mar. Eu penso que não [deveria explorar]. Porque essas coisas, da forma como estão, garantem que a gente tenha um meio ambiente, a terra com menos poluição e menos aquecimento", disse Raoni, em uma fala traduzida por um intérprete da língua falada pelos kayapó para o português. "Se isso acontecer, eu sou pajé também. Eu já tive contato com os espíritos, que sabem dos riscos que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma, de destruir e destruir e destruir."
A exploração de petróleo na Margem Equatorial - uma faixa que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte - tornou-se uma das principais polêmicas ambientais do governo Lula. O projeto envolve interesses da Petrobras em realizar perfurações na região da foz do Rio Amazonas, considerada ambientalmente sensível por abrigar grande biodiversidade marinha e manguezais. A estatal estima que haja mais de 30 bilhões de barris do óleo naquela região.
O Ibama, órgão federal responsável pelo licenciamento ambiental, negou o pedido da Petrobras para perfuração de um poço exploratório, apontando falhas nos estudos ambientais e riscos à fauna marinha e a comunidades costeiras.
A decisão do Ibama tem gerado forte reação política. O governo está sob pressão para rever a negativa, sob o argumento de que a Margem Equatorial pode conter reservas tão promissoras quanto as do pré-sal. Lideranças do Norte e do Nordeste também cobraram o Planalto, alegando que a exploração traria desenvolvimento e empregos à região. O Ministério de Minas e Energia estima que atividade possa atrair investimento de US$ 56 bilhões em investimentos, gerar 300 mil empregos e uma arrecadação de US$ 200 bilhões para o governo.
Lula tem adotado uma postura ambígua: de um lado, tem reafirmado seu compromisso com a transição energética e a preservação ambiental; de outro, já deu sinais de apoio à exploração da Margem Equatorial.
Durante evento no Amapá em fevereiro, ele afirmou que "não pode deixar uma riqueza a dois mil metros de profundidade" enquanto países vizinhos, como Suriname e Guiana, se beneficiam da exploração. E atacou o que chamou de hipocrisia de nações ricas que criticam o Brasil, mas extraem petróleo em regiões sensíveis.
Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem defendido o parecer técnico do Ibama e alertado para os riscos ambientais, gerando um ponto de tensão dentro do governo.
Os argumentos favoráveis à exploração apontam para a necessidade de garantir a segurança energética do país, estimular o desenvolvimento regional e aproveitar uma possível janela econômica antes do declínio global do petróleo.
Já os críticos afirmam que o projeto é incompatível com os compromissos climáticos do Brasil e pode causar danos irreversíveis à biodiversidade e às comunidades tradicionais. A polêmica se tornou uma saia justa Lula, no ano em que o Brasil sedia a COP30, marcada para novembro, em Belém. A conferência climática busca meios de financiamento para barrar o aquecimento do planeta com a emissão de gases de efeito estufa provenientes, sobretudo, dos combustíveis fósseis.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/04/04/raoni-cobra-lula-contra-explorao-de-petrleo-na-margem-equatorial.ghtml
"Eu já tive contato com os espíritos, que sabem dos riscos que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma, de destruir e destruir e destruir", destaca o líder indígena
Fábio Murakawa
04/04/2025
O cacique Raoni Metuktire cobrou nesta sexta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por avaliar dar autorização à exploração de petróleo na Margem Equatorial, próximo à foz do Rio Amazonas. A fala ocorreu em um evento no Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso, no qual Raoni, o líder indígena mais influente do país, foi condecorado por Lula com a Ordem Nacional do Mérito.
"Estou sabendo que, na Foz do Amazonas, o senhor está pensando no petróleo que tem lá debaixo do mar. Eu penso que não [deveria explorar]. Porque essas coisas, da forma como estão, garantem que a gente tenha um meio ambiente, a terra com menos poluição e menos aquecimento", disse Raoni, em uma fala traduzida por um intérprete da língua falada pelos kayapó para o português. "Se isso acontecer, eu sou pajé também. Eu já tive contato com os espíritos, que sabem dos riscos que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma, de destruir e destruir e destruir."
A exploração de petróleo na Margem Equatorial - uma faixa que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte - tornou-se uma das principais polêmicas ambientais do governo Lula. O projeto envolve interesses da Petrobras em realizar perfurações na região da foz do Rio Amazonas, considerada ambientalmente sensível por abrigar grande biodiversidade marinha e manguezais. A estatal estima que haja mais de 30 bilhões de barris do óleo naquela região.
O Ibama, órgão federal responsável pelo licenciamento ambiental, negou o pedido da Petrobras para perfuração de um poço exploratório, apontando falhas nos estudos ambientais e riscos à fauna marinha e a comunidades costeiras.
A decisão do Ibama tem gerado forte reação política. O governo está sob pressão para rever a negativa, sob o argumento de que a Margem Equatorial pode conter reservas tão promissoras quanto as do pré-sal. Lideranças do Norte e do Nordeste também cobraram o Planalto, alegando que a exploração traria desenvolvimento e empregos à região. O Ministério de Minas e Energia estima que atividade possa atrair investimento de US$ 56 bilhões em investimentos, gerar 300 mil empregos e uma arrecadação de US$ 200 bilhões para o governo.
Lula tem adotado uma postura ambígua: de um lado, tem reafirmado seu compromisso com a transição energética e a preservação ambiental; de outro, já deu sinais de apoio à exploração da Margem Equatorial.
Durante evento no Amapá em fevereiro, ele afirmou que "não pode deixar uma riqueza a dois mil metros de profundidade" enquanto países vizinhos, como Suriname e Guiana, se beneficiam da exploração. E atacou o que chamou de hipocrisia de nações ricas que criticam o Brasil, mas extraem petróleo em regiões sensíveis.
Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem defendido o parecer técnico do Ibama e alertado para os riscos ambientais, gerando um ponto de tensão dentro do governo.
Os argumentos favoráveis à exploração apontam para a necessidade de garantir a segurança energética do país, estimular o desenvolvimento regional e aproveitar uma possível janela econômica antes do declínio global do petróleo.
Já os críticos afirmam que o projeto é incompatível com os compromissos climáticos do Brasil e pode causar danos irreversíveis à biodiversidade e às comunidades tradicionais. A polêmica se tornou uma saia justa Lula, no ano em que o Brasil sedia a COP30, marcada para novembro, em Belém. A conferência climática busca meios de financiamento para barrar o aquecimento do planeta com a emissão de gases de efeito estufa provenientes, sobretudo, dos combustíveis fósseis.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/04/04/raoni-cobra-lula-contra-explorao-de-petrleo-na-margem-equatorial.ghtml
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