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Desmatamento caiu nos biomas do Brasil em 2024, mostra relatório
15/05/2025
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/
Desmatamento caiu nos biomas do Brasil em 2024, mostra relatório
Área total devastada no país recuou 32,4% em relação ao ano anterior, enquanto o número de alertas reduziu 26,9%
15/05/2025
Luis Felipe Azevedo
O desmatamento caiu nos biomas brasileiros no ano passado, com exceção da Mata Atlântica, que teve índice estável após queda expressiva em 2023 e sofreu impactos decorrentes das enchentes no Rio Grande do Sul. Os dados, revelados pelo MapBiomas nesta quinta-feira, representam a primeira vez em que tantos biomas registraram diminuição na perda de cobertura de vegetação nativa desde 2019, quando teve início a publicação de alertas de desmatamento pela organização, que utiliza imagens de satélite.
No total, a iniciativa MapBiomas Alerta validou e publicou 60.983 alertas no ano passado, que somaram 1.242.079 hectares desmatados nos seis biomas brasileiros. Segundo a pesquisa, a área total desmatada no Brasil recuou 32,4% em relação a 2023, enquanto o número de alertas validados caiu 26,9%. Este foi o segundo ano consecutivo de redução no desmatamento: em 2023, a retração havia sido de 11% em comparação com 2022.
- A queda no desmatamento é fruto do aumento de ações de combate dos governos estaduais e federal. Além disso, há desde 2023 um movimento de bancos de checagem se há desmatamento antes de concederem crédito rural. O desmatamento beneficia poucos, que lucram com ele, e causa consequências negativas para toda a sociedade - alerta Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.
O Cerrado foi o bioma com a maior área desmatada pelo segundo ano consecutivo. Foram 652.197 hectares de vegetação perdida - 52,5% do total desmatado no Brasil em 2024.
A região do Matopiba, que compreende Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou 75% do desmatamento do Cerrado e cerca de 42% de toda a perda de vegetação nativa no país. Os valores, no entanto, representam uma queda de 40% em relação a 2023. Os quatro estados que pertencem ao grupo estão entre as cinco unidades federativas que mais desmataram em 2024.
O Maranhão lidera o ranking pelo segundo ano consecutivo, mesmo com redução de 34,3% na área desmatada. Foram 218.298,4 hectares impactados no ano passado.
Com o Pará, os dois estados respondem por mais de 65% da área desmatada no Brasil. Já os quatro municípios com maiores aumentos proporcionais estão no Piauí: Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal.
Queda na Amazônia e recorde na Caatinga
A Amazônia foi o segundo bioma com maior perda: 30,4% da área desmatada no Brasil (377.708 hectares). Esta foi a menor área nos seis anos da série histórica. Juntos, a Amazônia e o Cerrado responderam por quase 83% da área desmatada no país, o que reflete no tipo de vegetação mais impactada: pelo segundo ano consecutivo, as formações savânicas aparecem à frente (52,4%), seguidas das formações florestais (43,7%).
Sede da COP30, que ocorre em Belém em novembro, o Pará é o estado com a maior área desmatada no acumulado de 2019 a 2024, com cerca de 2 milhões de hectares desmatados. No ano passado, a maioria dos estados amazônicos apresentou queda no desmatamento, com exceção do Acre, que registrou aumento de 30%.
A Caatinga aparece em terceiro lugar, com um total de 14% de área (174.511 hectares). Pela primeira vez na série histórica o bioma teve o maior desmatamento em um único imóvel: foram desmatados 13.628 hectares em um terreno rural no estado do Piauí, em uma janela de três meses, o equivalente a seis hectares por hora.
Os 3% restantes estão divididos entro o Pantanal (1,9% ou 23.295 hectares) e Mata Atlântica (1,1% ou 13.472 hectares). O Pampa tem 0,1% do total, ou 896 hectares.
Impacto das chuvas no RS
No caso da Mata Atlântica, o bioma se manteve estável após uma queda de quase 60% no desmatamento em 2023 (13.212 hectares), na comparação com 2022 (29.721 hectares). O resultado em 2024 foi influenciado pelos eventos climáticos extremos que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio.
Caso esses eventos não tivessem ocorrido, o bioma teria registrado uma redução de pelo menos 20% na área afetada em relação ao ano anterior.
- A Mata Atlântica foi o principal bioma afetado pelas enchentes. Sem elas, a trajetória de queda teria permanecido - pontua Azevedo.
Sete árvores por segundo na Amazônia
Os dados mostram também que o tamanho dos desmatamentos também diminuiu em 2024. O número de alertas com área maior que 100 hectares, por exemplo, recuou 31% anualmente. O recorde do ano passado foi dia 21 de junho, quando 3.542 hectares de vegetação nativa foram desmatados em 24 horas.
Ao longo de 2024, a área média desmatada por dia foi de 3.403 hectares - ou 141,8 hectares por hora. No caso da Amazônia, foram 1.035 hectares por dia, ou cerca de sete árvores por segundo. Já no Cerrado, o ritmo da perda foi mais intenso: 1.786 hectares diários.
Em seis anos, o desmatamento no Brasil suprimiu uma área equivalente a toda a Coreia do Sul: foram 9.880.551 hectares de 2019 a 2024 - dois terços dos quais (67%, ou 6.647.146 hectares) ficam na Amazônia Legal. Mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil no período ocorreram por pressão da agropecuária, enquanto outros vetores têm peso distinto conforme o bioma.
No caso do garimpo, por exemplo, 99% de toda área desmatada por essa atividade está localizada na Amazônia. Já quando há associação com empreendimentos de energia renovável, desde 2019, 93% deles estão concentrados na Caatinga. O Cerrado, por sua vez, abriga 45% da área desmatada relacionada à expansão urbana em 2024.
Áreas protegidas
Dois terços das Terras Indígenas (TIs) não tiveram qualquer evento de desmatamento em 2024. Foram perdidos 15.938 hectares de vegetação nativa, uma redução de 24% no desmatamento nessas áreas em relação a 2023. A Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) foi a que registrou maior área desmatada: 6.208 hectares - um aumento de 125% em relação ao ano anterior.
Já nas Unidades de Conservação (UCs), foram perdidos 57.930 hectares de vegetação nativa em 2024 - uma redução de 42,5% em relação a 2023.
https://oglobo.globo.com/um-so-planeta/noticia/2025/05/15/desmatamento-caiu-nos-biomas-do-brasil-em-2024-mostra-relatorio.ghtml
Área total devastada no país recuou 32,4% em relação ao ano anterior, enquanto o número de alertas reduziu 26,9%
15/05/2025
Luis Felipe Azevedo
O desmatamento caiu nos biomas brasileiros no ano passado, com exceção da Mata Atlântica, que teve índice estável após queda expressiva em 2023 e sofreu impactos decorrentes das enchentes no Rio Grande do Sul. Os dados, revelados pelo MapBiomas nesta quinta-feira, representam a primeira vez em que tantos biomas registraram diminuição na perda de cobertura de vegetação nativa desde 2019, quando teve início a publicação de alertas de desmatamento pela organização, que utiliza imagens de satélite.
No total, a iniciativa MapBiomas Alerta validou e publicou 60.983 alertas no ano passado, que somaram 1.242.079 hectares desmatados nos seis biomas brasileiros. Segundo a pesquisa, a área total desmatada no Brasil recuou 32,4% em relação a 2023, enquanto o número de alertas validados caiu 26,9%. Este foi o segundo ano consecutivo de redução no desmatamento: em 2023, a retração havia sido de 11% em comparação com 2022.
- A queda no desmatamento é fruto do aumento de ações de combate dos governos estaduais e federal. Além disso, há desde 2023 um movimento de bancos de checagem se há desmatamento antes de concederem crédito rural. O desmatamento beneficia poucos, que lucram com ele, e causa consequências negativas para toda a sociedade - alerta Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.
O Cerrado foi o bioma com a maior área desmatada pelo segundo ano consecutivo. Foram 652.197 hectares de vegetação perdida - 52,5% do total desmatado no Brasil em 2024.
A região do Matopiba, que compreende Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou 75% do desmatamento do Cerrado e cerca de 42% de toda a perda de vegetação nativa no país. Os valores, no entanto, representam uma queda de 40% em relação a 2023. Os quatro estados que pertencem ao grupo estão entre as cinco unidades federativas que mais desmataram em 2024.
O Maranhão lidera o ranking pelo segundo ano consecutivo, mesmo com redução de 34,3% na área desmatada. Foram 218.298,4 hectares impactados no ano passado.
Com o Pará, os dois estados respondem por mais de 65% da área desmatada no Brasil. Já os quatro municípios com maiores aumentos proporcionais estão no Piauí: Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal.
Queda na Amazônia e recorde na Caatinga
A Amazônia foi o segundo bioma com maior perda: 30,4% da área desmatada no Brasil (377.708 hectares). Esta foi a menor área nos seis anos da série histórica. Juntos, a Amazônia e o Cerrado responderam por quase 83% da área desmatada no país, o que reflete no tipo de vegetação mais impactada: pelo segundo ano consecutivo, as formações savânicas aparecem à frente (52,4%), seguidas das formações florestais (43,7%).
Sede da COP30, que ocorre em Belém em novembro, o Pará é o estado com a maior área desmatada no acumulado de 2019 a 2024, com cerca de 2 milhões de hectares desmatados. No ano passado, a maioria dos estados amazônicos apresentou queda no desmatamento, com exceção do Acre, que registrou aumento de 30%.
A Caatinga aparece em terceiro lugar, com um total de 14% de área (174.511 hectares). Pela primeira vez na série histórica o bioma teve o maior desmatamento em um único imóvel: foram desmatados 13.628 hectares em um terreno rural no estado do Piauí, em uma janela de três meses, o equivalente a seis hectares por hora.
Os 3% restantes estão divididos entro o Pantanal (1,9% ou 23.295 hectares) e Mata Atlântica (1,1% ou 13.472 hectares). O Pampa tem 0,1% do total, ou 896 hectares.
Impacto das chuvas no RS
No caso da Mata Atlântica, o bioma se manteve estável após uma queda de quase 60% no desmatamento em 2023 (13.212 hectares), na comparação com 2022 (29.721 hectares). O resultado em 2024 foi influenciado pelos eventos climáticos extremos que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio.
Caso esses eventos não tivessem ocorrido, o bioma teria registrado uma redução de pelo menos 20% na área afetada em relação ao ano anterior.
- A Mata Atlântica foi o principal bioma afetado pelas enchentes. Sem elas, a trajetória de queda teria permanecido - pontua Azevedo.
Sete árvores por segundo na Amazônia
Os dados mostram também que o tamanho dos desmatamentos também diminuiu em 2024. O número de alertas com área maior que 100 hectares, por exemplo, recuou 31% anualmente. O recorde do ano passado foi dia 21 de junho, quando 3.542 hectares de vegetação nativa foram desmatados em 24 horas.
Ao longo de 2024, a área média desmatada por dia foi de 3.403 hectares - ou 141,8 hectares por hora. No caso da Amazônia, foram 1.035 hectares por dia, ou cerca de sete árvores por segundo. Já no Cerrado, o ritmo da perda foi mais intenso: 1.786 hectares diários.
Em seis anos, o desmatamento no Brasil suprimiu uma área equivalente a toda a Coreia do Sul: foram 9.880.551 hectares de 2019 a 2024 - dois terços dos quais (67%, ou 6.647.146 hectares) ficam na Amazônia Legal. Mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil no período ocorreram por pressão da agropecuária, enquanto outros vetores têm peso distinto conforme o bioma.
No caso do garimpo, por exemplo, 99% de toda área desmatada por essa atividade está localizada na Amazônia. Já quando há associação com empreendimentos de energia renovável, desde 2019, 93% deles estão concentrados na Caatinga. O Cerrado, por sua vez, abriga 45% da área desmatada relacionada à expansão urbana em 2024.
Áreas protegidas
Dois terços das Terras Indígenas (TIs) não tiveram qualquer evento de desmatamento em 2024. Foram perdidos 15.938 hectares de vegetação nativa, uma redução de 24% no desmatamento nessas áreas em relação a 2023. A Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) foi a que registrou maior área desmatada: 6.208 hectares - um aumento de 125% em relação ao ano anterior.
Já nas Unidades de Conservação (UCs), foram perdidos 57.930 hectares de vegetação nativa em 2024 - uma redução de 42,5% em relação a 2023.
https://oglobo.globo.com/um-so-planeta/noticia/2025/05/15/desmatamento-caiu-nos-biomas-do-brasil-em-2024-mostra-relatorio.ghtml
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