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Ativistas negras e indígenas temem ter participação prejudicada na COP30 por dificuldades financeiras
04/06/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Ativistas negras e indígenas temem ter participação prejudicada na COP30 por dificuldades financeiras
Falta de recursos pode comprometer a representatividade de territórios vulneráveis nas negociações climáticas, afirmam lideranças
Catarina Ferreira
04/06/2025
Movimentos negros e indígenas se articulam para garantir espaço nas negociações da COP30, que acontece em novembro, em Belém. Ao longo do ano, lideranças têm participado de formações e levado a agenda da justiça climática para seus territórios. No entanto, a menos de seis meses do início da 30ª conferência da ONU sobre mudanças climáticas, elas temem que sua participação seja prejudicada por dificuldades financeiras e logísticas.
O alto preço das passagens aéreas e a dificuldade em encontrar estadia são alguns dos entraves citados por Beatriz Lourenço, 33. Ela é diretora de estratégia do Instituto de Referência Negra Peregum, organização sem fins lucrativos que atua no combate ao racismo.
"A nossa preocupação número zero, nesse momento, de fato, é a impossibilidade de arcar com os custos para garantir que estejamos lá em número suficiente e que não estejamos sozinhos."
Uma das pautas do instituto com sede na capital paulista é levar ao debate público a necessidade de atender as demandas das periferias que, no espaço urbano, concentram a população negra e pobre, a mais atingida pelos efeitos da crise climática.
O custo com passagem e estadia para participar dos 12 dias de evento tem um peso maior nas organizações negras e de outros grupos minorizados, afirma a paulistana, que é advogada e gestora ambiental. "É possível a gente conseguir arcar com uma ou duas passagens, mas nos preocupa pensar que há outras organizações do movimento negro que precisam estar representadas."
Segundo ela, sem a presença massiva de lideranças da sociedade civil, "o evento se tornaria inexpressivo, do ponto de vista da importância de ser realizado no Brasil".
A visão é compartilhada por Katia Penha, 44, coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas).
Ativista climática e moradora do quilombo Divino Espírito Santo, em São Mateus (ES), ela representou o Brasil durante um evento na quinta-feira (29), em Brasília, em que membros de movimentos negros rurais da América Latina entregaram uma carta à presidência da conferência pedindo participação ativa nas discussões na COP30, acesso a credenciais e um espaço físico para estadia nos dias do evento.
Com articulação nacional, a Conaq tem representantes nas cinco regiões do país, o que garante certo alcance às demandas da organização, afirma, mas não coloca os líderes quilombolas em condições de igualdade para negociar em eventos globais como a COP30.
"Eu, Katia, posso ir para os lugares porque meu povo está lá, mas participar em pé de igualdade das negociações com empresas e representantes do Estado, eu não vou conseguir."
Ela, que convive com os desafios de seu quilombo, em uma área de mata atlântica, chama atenção para a necessidade de participação de representantes dos demais biomas do país, já que ações de mitigação, adaptação e debates sobre financiamento climático impactam diretamente seus territórios. "Falar sobre eles, sem eles, seria uma violação e um desrespeito secular desses povos."
A preocupação também atinge Dineva Maria Kayabi, 46, coordenadora da tesouraria da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).
Ao longo do ano, Divena tem acompanhado ações de formação da Coiab em diferentes territórios, para tratar do funcionamento das COPs, da estrutura das negociações e de quais serão algumas das agendas climáticas abordadas.
Mato-grossense, ela é da Terra Indígena Apiaká-Kayabi, no município de Juara, e diz sempre ter se preocupado em garantir a atuação feminina em espaços de articulação dos direitos indígenas.
Ela conta que a Coiab está em diálogo com o Ministério dos Povos Indígenas, para tentar garantir maior participação no evento. Mas, assim como afirmam Katia e Beatriz, assegurar a permanência dos ativistas na COP30 é uma das maiores incertezas que a organização enfrenta.
"As viagens para Belém já são naturalmente caras, e os preços estão ainda mais altos devido ao evento." A preocupação com o acolhimento dos participantes que vêm de longe é constante: "temos ainda que buscar lugar para todo mundo ficar, mas nem tem mais lugar, e por isso que a gente tá estudando fazer modelo de acampamento."
Desde o último ano, Belém tenta aumentar a oferta de leitos em hotéis para receber as cerca de 50 mil pessoas que devem passar pelo evento na capital paraense -hoje, a cidade tem aproximadamente 18 mil leitos disponíveis.
Para diminuir o déficit de leitos na cidade, o governo federal prevê a utilização de navios de cruzeiro que, segundo parceria firmada com a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), devem disponibilizar 6 mil leitos para serem usados durante o evento.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/06/ativistas-negras-e-indigenas-temem-ter-participacao-prejudicada-na-cop30-por-dificuldades-financeiras.shtml
Falta de recursos pode comprometer a representatividade de territórios vulneráveis nas negociações climáticas, afirmam lideranças
Catarina Ferreira
04/06/2025
Movimentos negros e indígenas se articulam para garantir espaço nas negociações da COP30, que acontece em novembro, em Belém. Ao longo do ano, lideranças têm participado de formações e levado a agenda da justiça climática para seus territórios. No entanto, a menos de seis meses do início da 30ª conferência da ONU sobre mudanças climáticas, elas temem que sua participação seja prejudicada por dificuldades financeiras e logísticas.
O alto preço das passagens aéreas e a dificuldade em encontrar estadia são alguns dos entraves citados por Beatriz Lourenço, 33. Ela é diretora de estratégia do Instituto de Referência Negra Peregum, organização sem fins lucrativos que atua no combate ao racismo.
"A nossa preocupação número zero, nesse momento, de fato, é a impossibilidade de arcar com os custos para garantir que estejamos lá em número suficiente e que não estejamos sozinhos."
Uma das pautas do instituto com sede na capital paulista é levar ao debate público a necessidade de atender as demandas das periferias que, no espaço urbano, concentram a população negra e pobre, a mais atingida pelos efeitos da crise climática.
O custo com passagem e estadia para participar dos 12 dias de evento tem um peso maior nas organizações negras e de outros grupos minorizados, afirma a paulistana, que é advogada e gestora ambiental. "É possível a gente conseguir arcar com uma ou duas passagens, mas nos preocupa pensar que há outras organizações do movimento negro que precisam estar representadas."
Segundo ela, sem a presença massiva de lideranças da sociedade civil, "o evento se tornaria inexpressivo, do ponto de vista da importância de ser realizado no Brasil".
A visão é compartilhada por Katia Penha, 44, coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas).
Ativista climática e moradora do quilombo Divino Espírito Santo, em São Mateus (ES), ela representou o Brasil durante um evento na quinta-feira (29), em Brasília, em que membros de movimentos negros rurais da América Latina entregaram uma carta à presidência da conferência pedindo participação ativa nas discussões na COP30, acesso a credenciais e um espaço físico para estadia nos dias do evento.
Com articulação nacional, a Conaq tem representantes nas cinco regiões do país, o que garante certo alcance às demandas da organização, afirma, mas não coloca os líderes quilombolas em condições de igualdade para negociar em eventos globais como a COP30.
"Eu, Katia, posso ir para os lugares porque meu povo está lá, mas participar em pé de igualdade das negociações com empresas e representantes do Estado, eu não vou conseguir."
Ela, que convive com os desafios de seu quilombo, em uma área de mata atlântica, chama atenção para a necessidade de participação de representantes dos demais biomas do país, já que ações de mitigação, adaptação e debates sobre financiamento climático impactam diretamente seus territórios. "Falar sobre eles, sem eles, seria uma violação e um desrespeito secular desses povos."
A preocupação também atinge Dineva Maria Kayabi, 46, coordenadora da tesouraria da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).
Ao longo do ano, Divena tem acompanhado ações de formação da Coiab em diferentes territórios, para tratar do funcionamento das COPs, da estrutura das negociações e de quais serão algumas das agendas climáticas abordadas.
Mato-grossense, ela é da Terra Indígena Apiaká-Kayabi, no município de Juara, e diz sempre ter se preocupado em garantir a atuação feminina em espaços de articulação dos direitos indígenas.
Ela conta que a Coiab está em diálogo com o Ministério dos Povos Indígenas, para tentar garantir maior participação no evento. Mas, assim como afirmam Katia e Beatriz, assegurar a permanência dos ativistas na COP30 é uma das maiores incertezas que a organização enfrenta.
"As viagens para Belém já são naturalmente caras, e os preços estão ainda mais altos devido ao evento." A preocupação com o acolhimento dos participantes que vêm de longe é constante: "temos ainda que buscar lugar para todo mundo ficar, mas nem tem mais lugar, e por isso que a gente tá estudando fazer modelo de acampamento."
Desde o último ano, Belém tenta aumentar a oferta de leitos em hotéis para receber as cerca de 50 mil pessoas que devem passar pelo evento na capital paraense -hoje, a cidade tem aproximadamente 18 mil leitos disponíveis.
Para diminuir o déficit de leitos na cidade, o governo federal prevê a utilização de navios de cruzeiro que, segundo parceria firmada com a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), devem disponibilizar 6 mil leitos para serem usados durante o evento.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/06/ativistas-negras-e-indigenas-temem-ter-participacao-prejudicada-na-cop30-por-dificuldades-financeiras.shtml
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