From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Pesquisadores da amazônia esperam valorização de povos tradicionais e da ciência feita na região como legado da COP30
04/06/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Pesquisadores da amazônia esperam valorização de povos tradicionais e da ciência feita na região como legado da COP30
Para Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Paraense Emilio Goeldi, instituições de pesquisa locais podem ser reposicionadas com mais recursos para apresentar projetos de ações estratégicas no bioma
Augusto Pinheiro
04/06/2025
Visibilidade para o papel de comunidades tradicionais na preservação do meio ambiente e maior projeção internacional da cidade de Belém, e do território amazônico, são alguns dos temas debatidos por cientistas e pesquisadores que tentam apontar qual será o legado deixado pela COP30, conferência climática da ONU, que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro na capital do Pará.
"Será uma COP sem precedentes", afirma Nilson Gabas Júnior, diretor do MPEG (Museu Paraense Emilio Goeldi), instituição científica que fará 160 anos em 2026 e é um dos principais polos de pesquisa e divulgação de ciência na amazônia.
Segundo ele, a realização da cúpula em solo amazônico já é o primeiro ponto a ser destacado. "Há biomas que se equalizam à amazônia, florestas tropicais nos demais países do mundo com problemas muito semelhantes. Então, o que a gente trouxer em relação à amazônia vai se refletir nos biomas de outros países."
Gabas Júnior diz acreditar que outro ponto importante será a participação dos povos tradicionais da região, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. "Eles estão vendo a COP como uma possibilidade muito forte de inserção na agenda ambiental. Não dá para falar de meio ambiente nem reconhecer a biodiversidade sem falar das pessoas que moram na amazônia e ajudam a preservá-la."
O diretor do MPEG fala na possibilidade de criação de um fundo internacional "para que haja uma compensação para quem promove a sustentabilidade e a manutenção das florestas". "Acredito que o presidente Lula [PT] está ciente disso, porque o que eu tenho ouvido é que está na mesa essa proposta que o Brasil está carreando. Mas isso não é só para o Brasil, só para a amazônia."
Ele também diz acreditar em um reposicionamento das instituições científicas da região. "A ministra de Ciência e Tecnologia, via Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e via o descontingenciamento do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), está aportando uma quantidade significativa de recursos para a amazônia", afirma.
"Esse reposicionamento é a oportunidade que nós temos de fazer alianças, de apresentar projetos e alinhavar programas institucionais e interinstitucionais para conseguir garantir que essa interface entre conhecimento científico e conhecimento tradicional seja uma base para qualquer mudança estratégica de ações na amazônia."
Já para João Cláudio Tupinambá Arroyo, coordenador nacional do grupo Ser Educacional para a COP30, o legado desejável seria "a construção de um novo olhar sobre a região". "É exatamente a percepção de que a produção de ar puro na amazônia para sustentar a vida na Europa e nos Estados Unidos passa pela sustentação da qualidade de vida do amazônida, na floresta e na cidade. Porque quem sustenta economicamente a floresta é a cidade, com aquilo que ela consome."
Porém Arroyo, que é professor do mestrado em gestão de conhecimentos para o desenvolvimento socioambiental da Unama (Universidade da Amazônia), em Belém, aponta obstáculos econômicos para, por exemplo, a redução das emissões de gases de efeito estufa.
"Quem mais ganhou com a economia do petróleo, que sustenta a ordem mundial? Estados Unidos e Europa. E são eles quem têm gordura econômica para custear a mudança de uma tecnologia predatória para uma tecnologia sustentável. Mas eles resistem a isso porque vai distribuir poder, e eles não querem isso."
Arroyo também ressalta a importância da participação dos povos indígenas. "Eu acho que eles já estão tendo voz. Nós da Unama estamos apoiando a Cúpula dos Povos. Então eles estão ocupando um espaço importante, com articulação em toda a América Latina. Eu acho que eles vão ser ouvidos, mas, se serão escutados, é outra história. Porque eles só vão ser escutados se tiverem influência na opinião pública, principalmente urbana, que é quem sustenta politicamente a estrutura."
Para a professora Olga Lúcia Castreghini de Freitas, que coordena o projeto COP30 em Belém: das oportunidades de transformações urbanas aos desafios para a participação e controle social, financiado pelo CNPq, o fato de a COP acontecer na amazônia é importante para a região.
"Eu tenho expectativas positivas em relação a isso. No sentido de que as pessoas que virão para a conferência possam conhecer e entender a realidade deste lugar no mundo e ancorar o seu discurso na realidade, porque é muito fácil falar da amazônia em termos abstratos e ideais. Apesar de que Belém é uma parcela pequena da realidade da região", opina.
Segundo Freitas, que é professora visitante do programa de pós-graduação em geografia da UFPA (Universidade Federal do Pará), a COP30 "é uma oportunidade de as pessoas entenderem que existem povos tradicionais e povos indígenas nesse lugar que é a amazônia. "Não como folclore, mas como realidade concreta. É uma possibilidade de visibilidade dos problemas pelos quais esses grupos passam, sobretudo ligados à exploração, não só de madeira, mas também dos garimpos."
Em um plano mais local, a pesquisadora diz que o evento impactará na projeção de Belém para a mundo. "Quem tinha ouvido falar em Baku antes da COP29? Com Belém, é a mesma coisa. A cidade se instala na mídia internacional como lugar que pode ser interessante como destino turístico, por exemplo."
A pesquisadora afirma que o principal legado para a metrópole amazônica seria "melhorar a condição de vida da população urbana". "Há muita precariedade, pobreza, falta de empregos formais. Portanto deve-se pensar na sustentabilidade dessa sociedade, que é de uma precariedade brutal".
Belém é a capital brasileira com a maior proporção de população vivendo em áreas de favela no Brasil -57,17% dos 1.303.403 habitantes-, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/06/pesquisadores-da-amazonia-esperam-valorizacao-de-povos-tradicionais-e-da-ciencia-feita-na-regiao-como-legado-da-cop30.shtml
Para Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Paraense Emilio Goeldi, instituições de pesquisa locais podem ser reposicionadas com mais recursos para apresentar projetos de ações estratégicas no bioma
Augusto Pinheiro
04/06/2025
Visibilidade para o papel de comunidades tradicionais na preservação do meio ambiente e maior projeção internacional da cidade de Belém, e do território amazônico, são alguns dos temas debatidos por cientistas e pesquisadores que tentam apontar qual será o legado deixado pela COP30, conferência climática da ONU, que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro na capital do Pará.
"Será uma COP sem precedentes", afirma Nilson Gabas Júnior, diretor do MPEG (Museu Paraense Emilio Goeldi), instituição científica que fará 160 anos em 2026 e é um dos principais polos de pesquisa e divulgação de ciência na amazônia.
Segundo ele, a realização da cúpula em solo amazônico já é o primeiro ponto a ser destacado. "Há biomas que se equalizam à amazônia, florestas tropicais nos demais países do mundo com problemas muito semelhantes. Então, o que a gente trouxer em relação à amazônia vai se refletir nos biomas de outros países."
Gabas Júnior diz acreditar que outro ponto importante será a participação dos povos tradicionais da região, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. "Eles estão vendo a COP como uma possibilidade muito forte de inserção na agenda ambiental. Não dá para falar de meio ambiente nem reconhecer a biodiversidade sem falar das pessoas que moram na amazônia e ajudam a preservá-la."
O diretor do MPEG fala na possibilidade de criação de um fundo internacional "para que haja uma compensação para quem promove a sustentabilidade e a manutenção das florestas". "Acredito que o presidente Lula [PT] está ciente disso, porque o que eu tenho ouvido é que está na mesa essa proposta que o Brasil está carreando. Mas isso não é só para o Brasil, só para a amazônia."
Ele também diz acreditar em um reposicionamento das instituições científicas da região. "A ministra de Ciência e Tecnologia, via Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e via o descontingenciamento do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), está aportando uma quantidade significativa de recursos para a amazônia", afirma.
"Esse reposicionamento é a oportunidade que nós temos de fazer alianças, de apresentar projetos e alinhavar programas institucionais e interinstitucionais para conseguir garantir que essa interface entre conhecimento científico e conhecimento tradicional seja uma base para qualquer mudança estratégica de ações na amazônia."
Já para João Cláudio Tupinambá Arroyo, coordenador nacional do grupo Ser Educacional para a COP30, o legado desejável seria "a construção de um novo olhar sobre a região". "É exatamente a percepção de que a produção de ar puro na amazônia para sustentar a vida na Europa e nos Estados Unidos passa pela sustentação da qualidade de vida do amazônida, na floresta e na cidade. Porque quem sustenta economicamente a floresta é a cidade, com aquilo que ela consome."
Porém Arroyo, que é professor do mestrado em gestão de conhecimentos para o desenvolvimento socioambiental da Unama (Universidade da Amazônia), em Belém, aponta obstáculos econômicos para, por exemplo, a redução das emissões de gases de efeito estufa.
"Quem mais ganhou com a economia do petróleo, que sustenta a ordem mundial? Estados Unidos e Europa. E são eles quem têm gordura econômica para custear a mudança de uma tecnologia predatória para uma tecnologia sustentável. Mas eles resistem a isso porque vai distribuir poder, e eles não querem isso."
Arroyo também ressalta a importância da participação dos povos indígenas. "Eu acho que eles já estão tendo voz. Nós da Unama estamos apoiando a Cúpula dos Povos. Então eles estão ocupando um espaço importante, com articulação em toda a América Latina. Eu acho que eles vão ser ouvidos, mas, se serão escutados, é outra história. Porque eles só vão ser escutados se tiverem influência na opinião pública, principalmente urbana, que é quem sustenta politicamente a estrutura."
Para a professora Olga Lúcia Castreghini de Freitas, que coordena o projeto COP30 em Belém: das oportunidades de transformações urbanas aos desafios para a participação e controle social, financiado pelo CNPq, o fato de a COP acontecer na amazônia é importante para a região.
"Eu tenho expectativas positivas em relação a isso. No sentido de que as pessoas que virão para a conferência possam conhecer e entender a realidade deste lugar no mundo e ancorar o seu discurso na realidade, porque é muito fácil falar da amazônia em termos abstratos e ideais. Apesar de que Belém é uma parcela pequena da realidade da região", opina.
Segundo Freitas, que é professora visitante do programa de pós-graduação em geografia da UFPA (Universidade Federal do Pará), a COP30 "é uma oportunidade de as pessoas entenderem que existem povos tradicionais e povos indígenas nesse lugar que é a amazônia. "Não como folclore, mas como realidade concreta. É uma possibilidade de visibilidade dos problemas pelos quais esses grupos passam, sobretudo ligados à exploração, não só de madeira, mas também dos garimpos."
Em um plano mais local, a pesquisadora diz que o evento impactará na projeção de Belém para a mundo. "Quem tinha ouvido falar em Baku antes da COP29? Com Belém, é a mesma coisa. A cidade se instala na mídia internacional como lugar que pode ser interessante como destino turístico, por exemplo."
A pesquisadora afirma que o principal legado para a metrópole amazônica seria "melhorar a condição de vida da população urbana". "Há muita precariedade, pobreza, falta de empregos formais. Portanto deve-se pensar na sustentabilidade dessa sociedade, que é de uma precariedade brutal".
Belém é a capital brasileira com a maior proporção de população vivendo em áreas de favela no Brasil -57,17% dos 1.303.403 habitantes-, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/06/pesquisadores-da-amazonia-esperam-valorizacao-de-povos-tradicionais-e-da-ciencia-feita-na-regiao-como-legado-da-cop30.shtml
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