From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos é lançado após mobilização de mais de 10 anos de organizações da sociedade civil

01/07/2025

Autor: João Pedro Neto

Fonte: Mídia Ninja - https://midianinja.org/



Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos é lançado após mobilização de mais de 10 anos de organizações da sociedade civil

Conquista histórica fruto de uma década de mobilização e pressão sobre o governo federal

O lançamento do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), anunciado oficialmente pelo Governo Federal nesta segunda-feira (30) depois de sucessivos adiamentos, institucionaliza uma política pública fundamental para a saúde e o meio ambiente no país. Construída com a participação de organizações da sociedade civil, incluindo a Articulação Nacional da Agroecologia (ANA), a iniciativa é resultado de um esforço de mais de uma década de mobilização e pressão junto à administração federal. O anúncio aconteceu em conjunto com o lançamento do novo Plano Safra 2025/2026 da Agricultura Familiar, em cerimônia no Palácio do Planalto com a participação do presidente Lula e de representantes de movimentos sociais e coletivos.

"Sem dúvida, uma grande conquista" diz Paulo Petersen, representante da ANA na Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Cnapo). "Não havia consenso no governo. Foi necessária a intervenção direta do presidente Lula para que essa demanda social de muitos anos fosse atendida. Desde então, passamos a negociar o texto do decreto palavra a palavra. Até o nome do programa foi contestado. As indústrias do veneno não aceitam o termo agrotóxico. Utilizam o enganoso termo 'defensivo agrícola'. Não aceitamos essa alteração porque não abandonamos nossas bandeiras de luta. 'Pronara já' foi a nossa campanha por todo esse tempo. Agora com o decreto, temos grande expectativa de que medidas efetivas sejam adotadas para eliminar os agrotóxicos com o tempo. É plenamente possível. O conceito de uso racional de agrotóxicos, que eles também buscam impor ao debate público, é uma aberração. Não é possível entender que uma tecnologia destinada a matar seja considerada de uso racional", afirmou.

O Pronara foi elaborado há mais de dez anos, a partir da articulação e luta de entidades e organizações junto ao governo, no âmbito da Cnapo. No entanto, nunca havia sido implementado. No ano passado, havia a expectativa de lançamento junto com a terceira edição do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). Divergências internas no Poder Executivo, incluindo o veto do Ministério da Agricultura, provocaram os adiamentos.


Agora, apesar da resistência de setores do próprio governo, da bancada ruralista e do agronegócio, o Pronara foi finalmente confirmado como um importante instrumento de incentivo à transição para sistemas de produção orgânicos e de base agroecológica. A avaliação é de Patrícia Tavares, secretária-executiva da Cnapo. "É um momento histórico para a construção de uma agricultura mais sustentável. Representa uma sinalização do nosso país rumo à uma transição dos modos de produção, que garanta alimentos saudáveis na mesa da população brasileira."

O Pronara vai reunir ferramentas de pesquisa, informação, monitoramento de resíduos e o fortalecimento da Assistência Técnica e Extensão Rural, para restrição do uso, produção e comercialização de agrotóxicos no país. O programa será coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR), em parceria com os ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Saúde (MS), do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Com a publicação do decreto, os ministérios vão pactuar ações conjuntas, apoiar territórios prioritários e induzir a transição agroecológica por meio do fortalecimento da produção de alimentos saudáveis da agricultura familiar.

A expectativa, segundo Jairã Tingui Botó, indígena e integrante do Núcleo Executivo da ANA, é que esse instrumento legal ajude o Brasil a deixar de ser o país que mais consome agrotóxicos no mundo. "É uma iniciativa muito importante para a saúde dos brasileiros, especialmente das comunidades do campo, das populações indígenas e ribeirinhas, que não aguentam mais tanto veneno na alimentação, poluindo os nossos rios, florestas e territórios", disse.

A implementação do programa vai ser importante também para quem já produz alimentos sem o uso de agrotóxicos. É o que diz a representante da Comissão Nacional de Produção Orgânica na Cnapo e produtora rural Cecile Follet. "Para a produção orgânica, que é responsável sempre por garantir qualidade para o consumidor, proteger a sua unidade de produção do entorno tóxico é impossível, por conta da agressividade que é o uso dos agrotóxicos ao redor dos nossos territórios. Portanto, é um avanço para que nós consigamos devolver a responsabilidade dessa proteção para quem de fato usa esse tipo produto."


A secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Fernanda Machiaveli, destacou o papel das organizações sociais para que o Pronara fosse viabilizado. "A Articulação Nacional da Agroecologia foi fundamental nessa caminhada, para esse resultado. Foi uma construção participativa que levou anos até que a gente tivesse um contexto propício, um governo que acredita que a agricultura precisa acontecer levando alimento saudável, sem veneno, para a mesa das famílias brasileiras", resumiu.

https://midianinja.org/programa-nacional-de-reducao-de-agrotoxicos-e-lancado-apos-mobilizacao-de-mais-de-10-anos-de-organizacoes-da-sociedade-civil/#google_vignette
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source