From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Indígenas denunciam discriminação racial em escola municipal de Manaus

14/07/2025

Autor: Marcela Leiros

Fonte: Agencia Cenarium - https://agenciacenarium.com.br



MANAUS (AM) - Pais e estudantes indígenas da Escola Municipal Raimundo Teodoro Botinelly Assumpção, localizada na Zona Norte de Manaus (AM), denunciaram à CENARIUM nesta segunda-feira, 14, discriminação racial por parte da pedagoga da unidade de ensino. Segundo os relatos, a mulher se referiu aos grafismos pintados no corpo de três alunos indígenas, de 11, 13 e 15 anos, como "coisa de galeroso". O caso foi registrado no 6o Distrito Integrado de Polícia (DIP), da capital amazonense.

"Ela falou que eu não podia entrar, que isso era coisa de galeroso. Que isso não é nada de indígena, não", disse à reportagem a estudante Maria Clara Barbosa Arruda, de 15 anos. De acordo com a mãe da adolescente, Hindra Yetunã Brasil, a filha já havia relatado outros comentários por parte da pedagoga.

O caso ocorreu na sexta-feira, 11, quando Maria Clara e os irmãos Melquesedeque Barbosa Arruda e Wuadam Anikson Barbosa Arruda, de 11 e 13 anos, respectivamente, foram impedidos de entrar na escola, mesmo chegando no horário exigido, segundo Yetunã.

Ao questionarem o motivo, a pedagoga citou os grafismos, mencionando o termo "galeroso", disse a mãe à CENARIUM. No Amazonas, este termo é usado para se referir a um jovem que faz parte de uma gangue ou grupo criminoso.

"Eu estive na escola porque a minha filha vinha relatando já denúncias que essa pedagoga, ela não podia olhar para a pedagoga, que ela ficava falando 'Que que tu tá me olhando? Eu sou alguma palhaça?'. Ficava negligenciando a minha filha. Eu não tinha como ir na escola porque eu trabalho demais, falava 'minha filha, tem certeza que está acontecendo isso?'. Quando foi na sexta-feira resolvi ir e ver com os próprios olhos", disse Hindra Yetunã.

"As crianças foram pintadas, porque nós temos a nossa cultura, não deixamos de estar pintados, mesmo na cidade a gente continua usando. E aí foi quando ela disse que meus filhos não poderiam entrar na escola porque isso era coisa de 'galeroso', que eles não poderiam estar fazendo isso, usando esses grafismos", declarou a mãe.

Reação
Ainda de acordo com Hindra Yetunã, a diretoria da escola quis tratar o caso como atraso, o que não ocorreu. Segundo a estudante Maria Clara Barbosa Arruda, outros alunos que chegaram depois dela, também na sexta-feira, puderam entrar na escola e assistir às aulas.

"Eu fiquei lá na porta, ela [a pedagoga] me olhou, virou a cara e entrou. Aí eu fiquei esperando. Eu falei, 'posso falar com a pedagoga?' Ela não veio. Eu pensei 'acho que é porque eu tô atrasada'. Aí veio outra menina e entrou com o pai dela, de boa. Aí ela se justificou, ele [o porteiro] mandou ela assinar e ela foi pra sala", detalhou a estudante.

Para a estudante, o que aconteceu foi constrangedor. "Eu fiquei constrangida, fiquei com vergonha, tanto é que quando meus amigos me perguntam se eu sou indígena, eu falo que não. Eu falo que é porque vou para passeio turístico com a minha mãe. Mas eu nunca falei que eu sou indígena porque eu tenho vergonha", disse a aluna.

Após o ocorrido, um grupo de indígenas se reuniu em manifestação em frente à Escola Municipal Raimundo Teodoro Botinelly Assumpção, nesta segunda-feira. A Polícia Militar do Amazonas (MP-AM) foi acionada. Depois, o grupo seguiu para o 6o DIP, onde foi registrado Boletim de Ocorrência (B.O) por discriminação racial. Hindra Yetunã afirmou que também vai denunciar o caso ao Ministério Público do Estado (MP-AM).

Prefeitura nega
A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), negou a denúncia de discriminação racial envolvendo três alunos indígenas na Escola Municipal Raimundo Teodoro Botinelly Assumpção. Segundo a pasta, apurações internas não identificaram condutas discriminatórias por parte de servidores da unidade.

"O que ocorreu é que na sexta-feira, 11/7, os estudantes chegaram após o horário de tolerância para entrar na escola e o agente de portaria comunicou que eles não poderiam mais entrar e a gestora pediu para que os responsáveis comparecessem nesta segunda-feira, 14, para conversar com a família e saber o motivo dos atrasos que ocorrem diariamente. Os estudantes não tiveram nenhum contato com a pedagoga da escola", diz a nota enviada à CENARIUM. 

Matéria atualizada às 12h21 desta terça-feira, 15, para inclusão de nota enviada pela Prefeitura de Manaus.

https://agenciacenarium.com.br/indigenas-denunciam-discriminacao-racial-em-escola-municipal-de-manaus/
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source