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PR: Jovem indígena é decapitado em meio a conflitos com latifundiários de Guaíra
15/07/2025
Fonte: A Nova Democracia - https://anovademocracia.com.br
O jovem Avá-Guarani Everton Lopes Rodrigues, de 21 anos, foi encontrado decapitado no último sábado (12) ao lado de uma carta contendo ameaças às comunidades indígenas e à força nacional de segurança e assumindo a autoria de outra decapitação, a do jovem Avá-Guarani Marcelo Ortiz, da Tekoha Jevy, em março deste ano.
O corpo do jovem indígena Avá-Guarani, filho do cacique do Tekoha Yvyju Awary, foi encontrado junto de sua cabeça cravada em uma estaca. Ao lado da cena do indígena de 21 anos, foi encontrada uma carta de duas folhas. A carta, assinada como "Bonde 06 do N.C.S.O", reproduzia o mesmo discurso feito por latifundiários e pistoleiros (e repetido até pelo reacionário governador do estado do Paraná, Ratinho Jr.) sobre "índios paraguaios" e a suposta vinculação destes ao crime organizado.
Na carta, os assassinos afirmam que seu maior inimigo é supostamente o tráfico de drogas e que os indígenas (a quem se referem como paraguaios), por serem aliados deste (afirmação infundada, veiculada ostensivamente pela imprensa reacionária), seriam, portanto, também seus inimigos. Os assassinos ainda ameaçam realizar mais ataques caso uma desocupação não seja feita. As ameaças chegam ao cúmulo de declarar que irão queimar crianças indígenas vivas dentro de seus ônibus escolares.
Após as ameaças, os autores ainda afirmam que não se tratam de ameaças vazias, mas sim de ameaças "recheadas com ódio" e, ao fim, declaram que o próximo ataque será dirigido contra "esse lixo apelidado de Força Nacional". Durante o ano de 2024 as tropas da Força Nacional, acompanhadas da Polícia Militar, realizaram uma série de investidas contra o território Avá Guarani, sendo expulsas pela autodefesa indígena, e um fuzil foi confiscado das mãos de um tenente da PM, a garantir que não fosse mais utilizado para reprimir a luta indígena.
Moradores lamentam o assassinato e dizem desconhecer tal "organização"; o que conhecem, afirmam, são as milícias articuladas pelo latifúndio, já denunciadas inclusive à própria polícia. Em 27 de março de 2025, a Polícia Federal deflagrou a operação Mbarete, motivada por ataques ocorridos no início do ano que deixaram quatro indígenas - entre eles crianças - feridos. Na ação, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão; desde então, nada de concreto avançou, exceto a constatação de que, em Guaíra, opera uma força paramilitar municiada para defender exclusivamente os interesses do latifúndio.
Não foi o primeiro episódio de terror na Aldeia Yvyju Avary, onde, no ano passado, rajadas de metralhadora foram disparadas na direção das moradias. O assassinato do jovem é apenas o capítulo mais recente de uma guerra aberta entre os Avá-Guarani e o latifúndio local, liderado pela Fazenda Brilhante, que agora parece tentar encobrir o crime atribuindo-o ao suposto vínculo com o tráfico de drogas.
Embora as afirmações da PF não relacionem o assassinato com a luta pela terra desenvolvida há décadas pelos indígenas Avá-Guarani, a carta encontrada ao lado do corpo deixa evidente que tal versão não possui força material. No verso da carta, o grupo terrorista afirma que tive de "repetir a cena porque da outra vez não conseguimos deixar o recado. Marcelo foi morto por nós", em referência ao indígena Marcelo Ortiz, de 33 anos, encontrado morto da mesma forma em 22 de março deste ano.
Na ocasião do assassinato de Marcelo Ortiz, a PF concluiu, em uma excepcional demonstração de agilidade, que os culpados teriam sido indígenas do mesmo território, apresentando apenas um suposto desentendimento interno como prova para a prisão de três pessoas.
Tal fato corrobora diversos ataques feitos contra os Avá-Guarani desde o início do ano, como, por exemplo, o ataque a tiros contra a Aldeia Tekoha Yvy Okaju, em Guaíra-PR, ocorrido em 3 de janeiro deste ano, que resultou em quatro feridos, incluindo uma criança de sete anos.
Também merece destaque a grande ênfase que os assassinos atribuem ao suposto "combate" ao tráfico de drogas, um discurso amplamente difundido e exaltado por setores da extrema direita ligados a grupos que se organizam como verdadeiras gangues armadas, formadas por ex-policiais, policiais reformados ou da reserva.
Portanto, conclui-se: tais afirmações feitas pela PF não apenas contradizem a carta presente na cena do crime, mas também parecem ignorar a aguda contradição política e social que se desenvolve na região entre, de um lado, os indígenas desterrados e, de outro, os latifundiários e seus bandos paramilitares.
https://anovademocracia.com.br/indigena-guaira-decapitado-latifundio/
O corpo do jovem indígena Avá-Guarani, filho do cacique do Tekoha Yvyju Awary, foi encontrado junto de sua cabeça cravada em uma estaca. Ao lado da cena do indígena de 21 anos, foi encontrada uma carta de duas folhas. A carta, assinada como "Bonde 06 do N.C.S.O", reproduzia o mesmo discurso feito por latifundiários e pistoleiros (e repetido até pelo reacionário governador do estado do Paraná, Ratinho Jr.) sobre "índios paraguaios" e a suposta vinculação destes ao crime organizado.
Na carta, os assassinos afirmam que seu maior inimigo é supostamente o tráfico de drogas e que os indígenas (a quem se referem como paraguaios), por serem aliados deste (afirmação infundada, veiculada ostensivamente pela imprensa reacionária), seriam, portanto, também seus inimigos. Os assassinos ainda ameaçam realizar mais ataques caso uma desocupação não seja feita. As ameaças chegam ao cúmulo de declarar que irão queimar crianças indígenas vivas dentro de seus ônibus escolares.
Após as ameaças, os autores ainda afirmam que não se tratam de ameaças vazias, mas sim de ameaças "recheadas com ódio" e, ao fim, declaram que o próximo ataque será dirigido contra "esse lixo apelidado de Força Nacional". Durante o ano de 2024 as tropas da Força Nacional, acompanhadas da Polícia Militar, realizaram uma série de investidas contra o território Avá Guarani, sendo expulsas pela autodefesa indígena, e um fuzil foi confiscado das mãos de um tenente da PM, a garantir que não fosse mais utilizado para reprimir a luta indígena.
Moradores lamentam o assassinato e dizem desconhecer tal "organização"; o que conhecem, afirmam, são as milícias articuladas pelo latifúndio, já denunciadas inclusive à própria polícia. Em 27 de março de 2025, a Polícia Federal deflagrou a operação Mbarete, motivada por ataques ocorridos no início do ano que deixaram quatro indígenas - entre eles crianças - feridos. Na ação, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão; desde então, nada de concreto avançou, exceto a constatação de que, em Guaíra, opera uma força paramilitar municiada para defender exclusivamente os interesses do latifúndio.
Não foi o primeiro episódio de terror na Aldeia Yvyju Avary, onde, no ano passado, rajadas de metralhadora foram disparadas na direção das moradias. O assassinato do jovem é apenas o capítulo mais recente de uma guerra aberta entre os Avá-Guarani e o latifúndio local, liderado pela Fazenda Brilhante, que agora parece tentar encobrir o crime atribuindo-o ao suposto vínculo com o tráfico de drogas.
Embora as afirmações da PF não relacionem o assassinato com a luta pela terra desenvolvida há décadas pelos indígenas Avá-Guarani, a carta encontrada ao lado do corpo deixa evidente que tal versão não possui força material. No verso da carta, o grupo terrorista afirma que tive de "repetir a cena porque da outra vez não conseguimos deixar o recado. Marcelo foi morto por nós", em referência ao indígena Marcelo Ortiz, de 33 anos, encontrado morto da mesma forma em 22 de março deste ano.
Na ocasião do assassinato de Marcelo Ortiz, a PF concluiu, em uma excepcional demonstração de agilidade, que os culpados teriam sido indígenas do mesmo território, apresentando apenas um suposto desentendimento interno como prova para a prisão de três pessoas.
Tal fato corrobora diversos ataques feitos contra os Avá-Guarani desde o início do ano, como, por exemplo, o ataque a tiros contra a Aldeia Tekoha Yvy Okaju, em Guaíra-PR, ocorrido em 3 de janeiro deste ano, que resultou em quatro feridos, incluindo uma criança de sete anos.
Também merece destaque a grande ênfase que os assassinos atribuem ao suposto "combate" ao tráfico de drogas, um discurso amplamente difundido e exaltado por setores da extrema direita ligados a grupos que se organizam como verdadeiras gangues armadas, formadas por ex-policiais, policiais reformados ou da reserva.
Portanto, conclui-se: tais afirmações feitas pela PF não apenas contradizem a carta presente na cena do crime, mas também parecem ignorar a aguda contradição política e social que se desenvolve na região entre, de um lado, os indígenas desterrados e, de outro, os latifundiários e seus bandos paramilitares.
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