From Indigenous Peoples in Brazil
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Saber ancestral no combate à emergência climática

27/07/2025

Fonte: Correio Braziliense - https://www.correiobraziliense.com.br/



Saber ancestral no combate à emergência climática
s povos indígenas entendem a complexa teia da vida que conecta todos os seres vivos e se veem como parte integrante desse sistema, buscando o equilíbrio e a harmonia em suas práticas

Quando o assunto é o combate à emergência climática, os olhos do mundo se voltam ao Brasil. Não por um mero acaso: nosso país detém a maior parte da Amazônia, bioma fundamental para o equilíbrio climático global. Temos uma biodiversidade sem paralelo, nossa matriz energética é diversificada e relativamente limpa, e oferecemos oportunidades, como nenhum outro país, no mercado de créditos de carbono.

Ainda assim, enfrentamos desafios ambientais de grande magnitude. Em um contexto de crescentes eventos climáticos extremos, como secas severas, enchentes devastadoras e recordes de temperatura, como observado em 2024 com as secas na Amazônia, as queimadas no Pantanal e no Cerrado e as inundações no Rio Grande do Sul, torna-se imperativo buscar soluções eficazes para a conservação ambiental. É nesse cenário de urgência e complexidade que os saberes tradicionais dos povos indígenas emergem como importante ativo, oferecendo caminhos para a construção de um futuro mais sustentável. Esse, aliás, é um dos temas do próximo Prêmio Fundação Bunge, que visa reconhecer e valorizar a contribuição desses povos para a construção de um futuro sustentável.

A relação profunda entre os povos tradicionais e a natureza é a base de um conhecimento acumulado por milênios. Transmitidos oralmente de geração em geração, esses saberes abrangem práticas sustentáveis de manejo dos recursos naturais, como técnicas de agricultura de baixo impacto ambiental, o manejo criterioso do fogo para a prevenção de incêndios florestais e a conservação da biodiversidade. Para esses povos, a natureza não é um mero recurso a ser explorado, mas, sim, um elemento de interdependência humana, intrinsecamente ligado à sua cultura, identidade e sobrevivência. Os povos indígenas entendem a complexa teia da vida que conecta todos os seres vivos e se veem como parte integrante desse sistema, buscando o equilíbrio e a harmonia em suas práticas.

Nesse cenário, a academia tem muito a aprender com os povos tradicionais. Historicamente, a ciência convencional, desenvolvida nas universidades e em centros de pesquisa, muitas vezes ignorou os conhecimentos ancestrais. Hoje, porém, há um crescente reconhecimento da importância de estabelecer um diálogo ético e colaborativo com os indígenas, incorporando seus princípios milenares nas práticas científicas e nas políticas públicas.

A união do conhecimento científico com os saberes tradicionais é um caminho promissor para a busca de soluções inovadoras e eficazes para os desafios ambientais contemporâneos. A transdisciplinaridade, que envolve os povos tradicionais não apenas como objeto de estudo, mas como atores e detentores de conhecimento, permite a construção de abordagens mais abrangentes e sustentáveis.

Essa troca de saberes é mutuamente benéfica: a ciência se beneficia da vivência e da observação apurada dos povos indígenas, enquanto as comunidades tradicionais podem ampliar sua compreensão dos processos naturais com as ferramentas e os métodos da ciência moderna. Um exemplo prático dessa colaboração é o uso de imagens de satélite e georreferenciamento para monitorar o desmatamento e outros impactos ambientais em territórios indígenas, combinando tecnologia de ponta com o conhecimento local sobre a dinâmica da floresta.

O aumento do número de indígenas que frequentam universidades e a criação de programas específicos para esse público são sinais positivos. No entanto, é fundamental que essa interação entre a ciência e os saberes tradicionais ocorra de forma bidirecional e respeitosa. Os pesquisadores das cidades devem conviver, cada vez mais, com as comunidades tradicionais, buscando aprender com seus processos de transmissão de conhecimento baseados na observação, na experiência prática e na conexão com a natureza. Ao mesmo tempo, é essencial garantir que os povos indígenas tenham acesso à educação formal e às tecnologias que possam contribuir para a preservação de suas culturas e a gestão sustentável de seus territórios.

Valorizar os saberes ancestrais é reconhecer a contribuição histórica dos povos tradicionais para a formação cultural e ambiental do Brasil. É fortalecer o respeito à diferença, promover a inclusão social e construir um futuro mais justo e sustentável. Em um mundo marcado por crescentes desafios ambientais, esses saberes e práticas se apresentam como uma fonte inestimável de conhecimento e inspiração para a construção de um futuro mais equilibrado e harmonioso com a natureza. O Prêmio Fundação Bunge, ao destacar a importância dos saberes tradicionais para a conservação ambiental, cumpre um papel fundamental ao incentivar a pesquisa, a preservação e a integração desses conhecimentos na busca por soluções inovadoras e eficazes para os desafios do nosso tempo.

https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2025/07/7210983-saber-ancestral-no-combate-a-emergencia-climatica.html
 

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