From Indigenous Peoples in Brazil

Notícias

Exposição Brasil-Austrália: Sonia Guajajara destaca protagonismo indígena como solução para a crise climática

17/10/2025

Fonte: MPI - https://www.gov.br



A abertura da exposição "Terras Ancestrais: Um Encontro de Culturas Originárias Brasil-Austrália" ocorreu no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, na quarta-feira (15), e contou com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; da embaixadora da Austrália, Sophie Davis; do diretor do Departamento de Japão, Península Coreana e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Paulo Elias Martins de Moraes; e do diretor do Memorial dos Povos Indígenas, David Terena.

Com período de exibição de 16 de outubro a 30 de novembro, a exposição celebra as duas culturas originárias e os 80 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Austrália.

Em seu discurso, a ministra posicionou os povos indígenas como detentores de parte da solução para a crise climática global. Ela defendeu a incorporação de conhecimentos tradicionais aos textos oficiais da ONU, especialmente o texto resultante da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30, que o Brasil recebe em novembro deste ano, em Belém-PA. Em 2026, a Austrália pode ser a sede da 31ª edição da Conferência.

Sonia Guajajara enfatizou a parceria estratégica entre os dois países no combate à crise do clima. "Temos uma boa expectativa de manter essas relações cada vez mais próximas para que a COP 30 deixe um legado importante a ser continuado pela Austrália, caso venha a ser sede da próxima Conferência", afirmou. Ela reforçou o compromisso de "seguir construindo medidas e ações conjuntas para o enfrentamento à crise climática no mundo".

A ministra detalhou as ações de sua pasta para garantir uma participação qualificada dos povos indígenas na conferência do clima. Citou iniciativas como o Ciclo COParente, processo de alinhamento interno do movimento indígena para incidir na COP, uma iniciativa do MPI, e a formação de líderes indígenas para a política global, o Kuntari Katu, feito em parceria com o Itamaraty e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

"Estamos chegando à essa COP com a maior e melhor participação indígena. Não basta a presença, temos que chegar apresentando parte da solução", declarou. O objetivo é fazer com que o modo de vida e a gestão territorial dos povos indígenas sejam reconhecidos como uma política climática efetiva na Conferência.

Guajajara também parabenizou a exposição, que reúne artes de povos indígenas do Brasil e da Austrália, por fortalecer o diálogo entre as culturas. "Quando falo de territórios, estamos falando de terra, de água, de mares, de florestas. Estamos falando do território para o bem-viver de todas as pessoas", concluiu, conectando a proteção dos territórios tradicionais ao futuro do planeta.

Dois países, centenas de povos

Os povos indígenas da Austrália incluem os povos Aborígenes e os Ilhéus do Estreito de Torres, com mais de 250 línguas em todo o território. De acordo com o Instituto Australiano de Estudos Aborígenes e dos Povos das Ilhas do Estreito de Torres, estima-se a sua presença no continente há mais de 60 mil anos, tornando-se a cultura contínua mais duradoura do mundo. No Brasil, mais de 305 etnias indígenas estão presentes em todos os seis biomas nacionais, considerando que alguns povos ainda são isolados ou de recente contato.

"Nós queríamos celebrar nossos 80 anos de relações diplomáticas com o Brasil em sua totalidade porque temos uma forte relação comercial e uma forte relação de valores compartilhados. Também temos fortes laços entre os nossos povos. Temos muitos estudantes indo para a Austrália e uma população brasileira expressiva na Austrália. Temos essa outra relação importante, que é entre os nossos povos indígenas, pois temos uma história que remonta há muitas gerações e temos muitas coisas em comum a compartilhar", acrescentou a embaixadora da Austrália.

Obras

A exposição reúne doze obras de artistas indígenas locais de diversas terras indígenas australianas, e conta com uma sessão multimídia com depoimentos, histórias dos artistas e explicações das obras.

Representando o Brasil, duas artistas indígenas apresentam suas obras: a vídeo-arte "Kuyen: lágrimas prateadas de retomada" de Juliana Silva, da etnia Potiguara, e a instalação "Caboclos de concreto", de Azul Rodrigues, da etnia Payayá, compõem o repertório.

Além disso, a exposição conta com uma obra do acervo do Memorial dos Povos Indígenas, digitalizada pela Ponto. Patrimônio Histórico e curada pela artista indígena Azul Rodrigues e pela pesquisadora Sara Seilert, do próprio Memorial. A obra selecionada é uma boneca em madeira da artista Conceição dos Bugres, indígena sulmato-grossense reconhecida como uma das maiores artistas do Centro-Oeste brasileiro. O público poderá conhecer esta obra juntamente com sua réplica em impressão 3D tátil e acessível a pessoas cegas e com baixa visão, além do modelo digital online e texto explicativo.

Esta exposição é apresentada pela Embaixada da Austrália juntamente com a Agency, com o apoio do Memorial dos Povos Indígenas, e apoio institucional do Ministérios dos Povos Indígenas e do Ministério das Relações Exteriores. A Agency é uma organização australiana sem fins lucrativos que realiza uma série de atividades, na Austrália e no exterior, para aumentar a visibilidade e gerar renda para gerações de artistas, curadores e líderes culturais Aborígenes e das Ilhas do Estreito de Torres.

"O diálogo entre o Brasil e a Austrália duas nações marcada pela presença dos povos originários diversos residentes revela a afinidade histórica e urgência contemporânea com o reconhecimento de direitos territoriais, a preservação de línguas e saberes tradicionais e a valorização das expressões artísticas individuais no cenário nacional e internacional", disse David Terena.

80 anos de amizade

Em 1945, o Brasil tornou-se o primeiro país da América Latina a receber uma representação diplomática australiana, e a décima relação diplomática da Austrália no mundo. Ao longo de 2025, a Embaixada da Austrália celebrou o marco histórico de 80 anos de relações diplomáticas com o Brasil por meio de eventos bilaterais em quatro cidades brasileiras, e chega agora a Brasília com uma programação aberta ao público.

"Essa exposição é mais uma expressão da cooperação entre Brasil e Austrália, ao evidenciar valores compartilhados e promover a valorização das culturas originárias. Para parabenizo todos os que participaram da realização dessa belíssima exposição", reforçou Martins de Moraes.

Sobre o Memorial dos Povos Indígenas

O Memorial dos Povos Indígenas é um equipamento cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Projetado por Oscar Niemeyer em 1982 e inaugurado em 1999, o Memorial foi concebido como um espaço simbólico e político. Com forma circular e um pátio central inspirado nas aldeias Yanomami, o edifício materializa uma arquitetura que valoriza o encontro, o centro da vida coletiva e a abertura ao outro.

Serviço

Exposição "Terras Ancestrais: Um Encontro de Culturas Originárias Brasil-Austrália"

Data: 16/10 a 30/11 Visitação aberta de terça à domingo, das 9h às 17h

Local: Memorial dos Povos Indígenas, Zona Cívico-Administrativa

Em frente ao Memorial JK, Brasília - DF, 70070-300 Entrada gratuita

https://www.gov.br/povosindigenas/pt-br/assuntos/noticias/2025/10-1/exposicao-brasil-australia-sonia-guajajara-destaca-protagonismo-indigena-como-solucao-para-a-crise-climatica
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.