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CONAQ lança cartilha "Mulheres Quilombolas por Justiça Climática"
23/10/2025
Fonte: Conaq - https://conaq.org.br/conaq-lanca-cartilha-mulheres-quilombolas-por-justica-climatica/
CONAQ lança cartilha "Mulheres Quilombolas por Justiça Climática"
Publicação enfatiza lutas e desafios às vésperas da COP30
23 de outubro de 2025
Na manhã desta quinta-feira (23), o Coletivo de Mulheres da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) realizou, no Hub Peregum, em Brasília, o lançamento da publicação "Mulheres Quilombolas por Justiça Climática", uma cartilha que se soma à agenda nacional e internacional de incidência política do movimento quilombola.
Com apoio do Instituto Ibirapitanga e Fundo ELAS, o material apresenta um chamado à mobilização quilombola rumo à COP 30, que será sediada em Belém (PA) em 2025. A publicação traz um diagnóstico sobre os impactos da crise climática nos territórios quilombolas, evidencia o protagonismo das mulheres negras na defesa ambiental e apresenta demandas concretas ao Estado brasileiro para garantir justiça, reparação e soberania territorial.
Durante a abertura do evento, Nathalia Purificação, coordenadora de comunicação da CONAQ, destacou a força e o significado político do documento, ressaltando que ele expressa a resistência e a sabedoria coletiva das mulheres quilombolas.
"Não haverá transição ecológica sem território titulado, sem reparação histórica e sem a escuta real das mulheres negras quilombolas. Por isso, este documento é uma convocação. Convocamos todas as mulheres quilombolas a se organizarem politicamente, a ocuparem os espaços com a força dos seus passos e a não mais permitirem que decidam por nós. Não seremos convidadas, invisibilizadas ou usadas como vitrine. Seguimos de pé, com a terra nos pés e o futuro nas mãos. Sejam bem-vindos ao nosso tempo. Sigamos", afirmou.
O lançamento ocorreu uma semana após outro marco histórico para o movimento: no dia 16 de outubro, também no Hub Peregum, a CONAQ apresentou a NDC Quilombola (Contribuição Nacionalmente Determinada Quilombola), documento que estabelece metas e estratégias próprias das comunidades quilombolas para o enfrentamento da crise climática.
Na ocasião, o coordenador nacional e articulador político da CONAQ, Biko Rodrigues, relembrou a importância de a própria organização construir e apresentar seus instrumentos de incidência, diante da ausência de reconhecimento do Estado brasileiro nas políticas oficiais de clima.
"Temos uma incidência muito forte aqui no Brasil, que é fazer o governo reconhecer nosso papel enquanto sujeitos políticos. A semana passada tivemos um lançamento muito importante, porque colocamos na nossa NDC quilombola o que o Estado brasileiro não colocou. O governo mandou a sua NDC no ano passado, mas ela em nenhum momento falou sobre as comunidades quilombolas. Falou sobre povos da floresta, do canto, da árvore, mas quase nada sobre os povos negros e indígenas. Então, foi preciso que nós mesmos disséssemos: estamos aqui", pontuou.
Após as falas iniciais, foi formada a mesa de apresentação da cartilha, composta por Fran Paula (engenheira agrônoma e integrante do Coletivo de Meio Ambiente da CONAQ), Cida Sousa (coordenadora do Coletivo de Mulheres), Sandra Braga (coordenadora executiva da CONAQ) e Edna Paixão (liderança quilombola e integrante do Coletivo de Mulheres).
Em sua fala, Fran Paula explicou o processo de construção do material e sua importância pedagógica e política.
"A metodologia dessa publicação partiu de uma escuta coletiva com as lideranças do Coletivo de Mulheres. Foi um processo de reflexão sobre este momento de preparação para a COP, sobre a articulação do governo brasileiro e, principalmente, sobre como garantir que a transição climática aconteça com justiça. O material começa com um manifesto e um chamado à mobilização quilombola rumo à Conferência, mas também faz uma análise de conjuntura e traduz o que, muitas vezes, é apresentado em uma linguagem inacessível. Essa cartilha é escrita para o nosso povo, para explicar e fortalecer a luta das mulheres quilombolas", explicou.
A coordenadora do Coletivo de Mulheres, Cida Sousa ressaltou o caráter simbólico e transformador do momento, em que as quilombolas assumem a escrita e a narrativa sobre suas próprias experiências.
"É um momento de virada. As mulheres estão escrevendo a partir da sua concepção, da forma que tem que ser dita. Agradeço a todas que estiveram aqui e à Fran Paula, que veio somar junto com o nosso coletivo", afirmou.
Na sequência, Sandra Braga reforçou o papel estratégico do coletivo dentro da estrutura da CONAQ e celebrou o trabalho coletivo das mulheres quilombolas.
"Em nome da Coordenação Executiva da CONAQ, quero saudar todos os coletivos e secretarias. Fran, você entendeu a missão, que é essa nossa missão de produzir, colocar em prática e levar adiante o que as mulheres quilombolas têm construído ao longo dos anos: a voz e a força da CONAQ por todo o Brasil", declarou.
Encerrando a mesa, Edna Paixão destacou o significado afetivo e político da ocasião:
"Agradeço a presença dos parceiros e do coletivo. Este momento é muito importante para nós. Nós, mulheres quilombolas, estamos aqui hoje com o coração cheio de força e a alma pulsante de resistência", finalizou.
O evento contou com a presença de representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), da Aliança Científica Antirracista do Ministério da Igualdade Racial, da Embaixada da Espanha, da ONU Mulheres e do Instituto Socioambiental (ISA), parceiros que reconheceram na publicação um instrumento essencial para o fortalecimento da agenda de justiça climática e racial no Brasil.
A cartilha "Mulheres Quilombolas por Justiça Climática" reafirma o papel das mulheres quilombolas como sujeitos centrais nas lutas ambientais e territoriais, conectando saberes tradicionais, ancestralidade e ação política. Mais do que um documento, a publicação é um ato de resistência e um convite à mobilização para que a pauta quilombola seja reconhecida e respeitada nas políticas de clima, dentro e fora do Brasil.
Estiveram presentes representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), da Aliança Cientifica Antirracista, as Embaixadas da Espanha e Reino Unido, ONU Mulheres e Instituto Socioambiental (ISA).
Clique aqui para baixar a cartilha.
Texto por Thaís Rodrigues CONAQ/Uma Gota no Oceano, publicado às 14:25:34
Categoria: Mulheres Quilombolas
https://conaq.org.br/conaq-lanca-cartilha-mulheres-quilombolas-por-justica-climatica/
Publicação enfatiza lutas e desafios às vésperas da COP30
23 de outubro de 2025
Na manhã desta quinta-feira (23), o Coletivo de Mulheres da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) realizou, no Hub Peregum, em Brasília, o lançamento da publicação "Mulheres Quilombolas por Justiça Climática", uma cartilha que se soma à agenda nacional e internacional de incidência política do movimento quilombola.
Com apoio do Instituto Ibirapitanga e Fundo ELAS, o material apresenta um chamado à mobilização quilombola rumo à COP 30, que será sediada em Belém (PA) em 2025. A publicação traz um diagnóstico sobre os impactos da crise climática nos territórios quilombolas, evidencia o protagonismo das mulheres negras na defesa ambiental e apresenta demandas concretas ao Estado brasileiro para garantir justiça, reparação e soberania territorial.
Durante a abertura do evento, Nathalia Purificação, coordenadora de comunicação da CONAQ, destacou a força e o significado político do documento, ressaltando que ele expressa a resistência e a sabedoria coletiva das mulheres quilombolas.
"Não haverá transição ecológica sem território titulado, sem reparação histórica e sem a escuta real das mulheres negras quilombolas. Por isso, este documento é uma convocação. Convocamos todas as mulheres quilombolas a se organizarem politicamente, a ocuparem os espaços com a força dos seus passos e a não mais permitirem que decidam por nós. Não seremos convidadas, invisibilizadas ou usadas como vitrine. Seguimos de pé, com a terra nos pés e o futuro nas mãos. Sejam bem-vindos ao nosso tempo. Sigamos", afirmou.
O lançamento ocorreu uma semana após outro marco histórico para o movimento: no dia 16 de outubro, também no Hub Peregum, a CONAQ apresentou a NDC Quilombola (Contribuição Nacionalmente Determinada Quilombola), documento que estabelece metas e estratégias próprias das comunidades quilombolas para o enfrentamento da crise climática.
Na ocasião, o coordenador nacional e articulador político da CONAQ, Biko Rodrigues, relembrou a importância de a própria organização construir e apresentar seus instrumentos de incidência, diante da ausência de reconhecimento do Estado brasileiro nas políticas oficiais de clima.
"Temos uma incidência muito forte aqui no Brasil, que é fazer o governo reconhecer nosso papel enquanto sujeitos políticos. A semana passada tivemos um lançamento muito importante, porque colocamos na nossa NDC quilombola o que o Estado brasileiro não colocou. O governo mandou a sua NDC no ano passado, mas ela em nenhum momento falou sobre as comunidades quilombolas. Falou sobre povos da floresta, do canto, da árvore, mas quase nada sobre os povos negros e indígenas. Então, foi preciso que nós mesmos disséssemos: estamos aqui", pontuou.
Após as falas iniciais, foi formada a mesa de apresentação da cartilha, composta por Fran Paula (engenheira agrônoma e integrante do Coletivo de Meio Ambiente da CONAQ), Cida Sousa (coordenadora do Coletivo de Mulheres), Sandra Braga (coordenadora executiva da CONAQ) e Edna Paixão (liderança quilombola e integrante do Coletivo de Mulheres).
Em sua fala, Fran Paula explicou o processo de construção do material e sua importância pedagógica e política.
"A metodologia dessa publicação partiu de uma escuta coletiva com as lideranças do Coletivo de Mulheres. Foi um processo de reflexão sobre este momento de preparação para a COP, sobre a articulação do governo brasileiro e, principalmente, sobre como garantir que a transição climática aconteça com justiça. O material começa com um manifesto e um chamado à mobilização quilombola rumo à Conferência, mas também faz uma análise de conjuntura e traduz o que, muitas vezes, é apresentado em uma linguagem inacessível. Essa cartilha é escrita para o nosso povo, para explicar e fortalecer a luta das mulheres quilombolas", explicou.
A coordenadora do Coletivo de Mulheres, Cida Sousa ressaltou o caráter simbólico e transformador do momento, em que as quilombolas assumem a escrita e a narrativa sobre suas próprias experiências.
"É um momento de virada. As mulheres estão escrevendo a partir da sua concepção, da forma que tem que ser dita. Agradeço a todas que estiveram aqui e à Fran Paula, que veio somar junto com o nosso coletivo", afirmou.
Na sequência, Sandra Braga reforçou o papel estratégico do coletivo dentro da estrutura da CONAQ e celebrou o trabalho coletivo das mulheres quilombolas.
"Em nome da Coordenação Executiva da CONAQ, quero saudar todos os coletivos e secretarias. Fran, você entendeu a missão, que é essa nossa missão de produzir, colocar em prática e levar adiante o que as mulheres quilombolas têm construído ao longo dos anos: a voz e a força da CONAQ por todo o Brasil", declarou.
Encerrando a mesa, Edna Paixão destacou o significado afetivo e político da ocasião:
"Agradeço a presença dos parceiros e do coletivo. Este momento é muito importante para nós. Nós, mulheres quilombolas, estamos aqui hoje com o coração cheio de força e a alma pulsante de resistência", finalizou.
O evento contou com a presença de representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), da Aliança Científica Antirracista do Ministério da Igualdade Racial, da Embaixada da Espanha, da ONU Mulheres e do Instituto Socioambiental (ISA), parceiros que reconheceram na publicação um instrumento essencial para o fortalecimento da agenda de justiça climática e racial no Brasil.
A cartilha "Mulheres Quilombolas por Justiça Climática" reafirma o papel das mulheres quilombolas como sujeitos centrais nas lutas ambientais e territoriais, conectando saberes tradicionais, ancestralidade e ação política. Mais do que um documento, a publicação é um ato de resistência e um convite à mobilização para que a pauta quilombola seja reconhecida e respeitada nas políticas de clima, dentro e fora do Brasil.
Estiveram presentes representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), da Aliança Cientifica Antirracista, as Embaixadas da Espanha e Reino Unido, ONU Mulheres e Instituto Socioambiental (ISA).
Clique aqui para baixar a cartilha.
Texto por Thaís Rodrigues CONAQ/Uma Gota no Oceano, publicado às 14:25:34
Categoria: Mulheres Quilombolas
https://conaq.org.br/conaq-lanca-cartilha-mulheres-quilombolas-por-justica-climatica/
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