From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Declaração de quatro terras guarani marca vitória importante da campanha #DemarcaYvyrupa
17/11/2025
Fonte: Yvyrupa - https://www.yvyrupa.org.br/2025/11/17/declaracao-de-quatro-terras-guarani-marca-vitoria-im
Declaração de quatro terras guarani marca vitória importante da campanha #DemarcaYvyrupa
17 de nov de 2025 | 21:11
Anúncio das Portarias Declaratórias representa a proteção de mais de 11 mil hectares em quatro Terras Indígenas de São Paulo e Paraná e reafirma o protagonismo Guarani na conservação da Mata Atlântica.
Após anos de luta e mobilização, diversos povos indígenas celebram hoje (17) a conquista das Portarias Declaratórias de seus territórios tradicionais. O anúncio foi feito pela ministra Sonia Guajajara, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
Ao todo, dez terras indígenas avançaram para essa etapa em que o Estado Brasileiro reconhece oficialmente o perímetro das áreas e as declara de posse permanente dos povos indígenas que nelas tradicionalmente vivem. É também o ato que autoriza a demarcação física de seus limites, etapa que antecede a homologação e o registro definitivo dos territórios como áreas de usufruto exclusivo das comunidades que ali vivem.
As quatro terras tradicionalmente ocupadas pelo povo Guarani, nas regiões sul e sudeste, declaradas hoje, são: Pakurity, Ka'aguy Hovy e Ka'aguy Mirim, em São Paulo, e Sambaqui, no Paraná, regiões de abrangência da Comissão Guarani Yvyrupa. Além delas, também recebeu portaria declaratória uma terra guarani no Mato Grosso do Sul, região de atuação da Aty Guasu, a Terra Indígena Ypo'i Triunfo. A declaração das terras das regiões sul e sudeste é mais uma vitória importante da campanha #DemarcaYvyrupa, lançada pela Comissão Guarani Yvyrupa em 2023, para mobilizar o governo federal pela demarcação das terras Guarani. Essa conquista se soma às outras sete terras do povo Guarani declaradas e uma homologada no ano passado. Assim, entre 2024 e 2025, foram 9 terras guarani declaradas na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, um importante complexo territorial do povo Guarani.
O anúncio foi feito em um momento simbólico, após a Marcha Indígena "A Resposta Somos Nós", durante a COP 30, que levou milhares de lideranças indígenas do Brasil e do mundo às ruas de Belém (PA). A principal reivindicação das incidências do povo Guarani no evento é a demarcação das Terras Indígenas como política climática essencial para garantir a conservação de seus territórios e proteger a vida dos indígenas e não-indígenas.
Na Mata Atlântica, os dados reforçam essa urgência. De acordo com um estudo do Instituto Socioambiental (ISA), as Terras Indígenas do bioma apresentam, em média, 53,7% de sua vegetação original preservada, o que representa 31,5% mais conservação de vegetação do que áreas fora delas, demonstrando que a demarcação e a proteção desses territórios são decisivas para manter um dos biomas mais ameaçados do país.
A emissão da Portaria Declaratória das Terras Indígenas Pakurity, Ka'aguy Hovy, Ka'aguy Mirim (SP) e Sambaqui (PR) representa a proteção de mais de 11 mil hectares de terras guarani na região de maior remanescente contínuo da Mata Atlântica. Essa região, reconhecida pela UNESCO como Reserva da Biosfera, foi protegida nos últimos séculos por povos e comunidades tradicionais, entre as quais o povo Guarani.
A luta pela demarcação dessas Terras Indígenas é histórica. Nos últimos anos, as comunidades resistiram a uma série de ataques contra seus territórios, desde a construção de loteamentos clandestinos ao avanço de empreendimentos com graves impactos socioambientais. Mesmo nesse contexto adverso, as comunidades construíram redes de apoio e seguiram em luta pela demarcação das terras.
As quatro terras localizadas nas regiões sul e sudeste do país que foram declaradas hoje tiveram seus estudos de demarcação aprovados pela FUNAI entre 2016 e 2017 e, desde então, aguardavam a continuidade do processo demarcatório para ter segurança em suas tekoa. A regularização desses territórios é central para que as comunidades possam seguir os protegendode invasões, de desmatamento, de caçadores, de mineradoras, entre outras atividades predatórias comuns nesta região. E para que as comunidades possam fortalecer práticas tradicionais de plantio, iniciativas de reflorestamento em áreas que foram desmatadas por não-indígenas possam percorrer as trilhas tradicionais que os antigos trilharam, como forma de monitoramento e proteção do território, realizar atividades de monitoramento da fauna e da flora e fortalecer o nhandereko (modos de vida guarani).
Em setembro deste ano, lideranças das terras guarani na região do Vale do Ribeira estiveram em Brasília para uma reunião no Ministério da Justiça. Na ocasião, o Xeramõi Marcílio, cacique da tekoa Itapuã (TI Ka'aguy Hovy), expressou esperança na emissão da Portaria Declaratória: "Acredito nisso porque Nhanderu [divindade] está protegendo. E Nhanderu vai trazer a sensibilidade para o coração das autoridades que estão aqui presentes. A terra, as matas não são para derrubar e maltratar. Os Guarani querem a terra para proteger".
Na ocasião, o Xeramõi também rebateu narrativas contrárias à demarcação: "Tem gente que diz que os jurua [não-indígenas] que trouxeram os guarani para suas áreas. Mas isso não é verdade, as aldeias guarani estão em lugares que foram revelados pelas divindades para serem aldeias. Os jurua que retiraram as terras dos guarani. Essas terras foram deixadas pelas divindades para serem aldeias. E os guarani não estão pedindo demarcação de terras enormes, mas apenas o que é necessário", explica.
Agora, com a publicação das Portarias Declaratórias, o sentimento de esperança expressado em Belém ecoa em diferentes comunidades. O Xeramõi Tiago Verá, da Terra Indígena Pakurity, recebeu a notícia com profunda emoção, grato por poder testemunhar esse momento em vida.
"Rezei muito para que isso acontecesse um dia. Pedi para que eu escutasse essa notícia enquanto ainda estivesse aqui, não depois que eu partisse. E hoje, finalmente, chegou. Tudo o que faço é pelos meus sobrinhos, meus netos, meus bisnetos e por todas as crianças que ainda virão. Estou aqui há muito tempo, muito antes de muitos nascerem. Ontem mesmo conversei com meus sobrinhos, diante da fogueira, sobre esse território, e rezamos para que a demarcação viesse logo, para que pudéssemos plantar sem medo daqueles que dizem ser donos, os brancos."
O povo Guarani segue em luta! Só nas regiões sul e sudeste são dezenas de terras guarani com pendências no processo de demarcação. Dentre elas, três estão prontas para homologação pela Presidência da República e outras duas aguardam a assinatura da Portaria Declaratória.
#DemarcaYvyrupa!
https://www.yvyrupa.org.br/2025/11/17/declaracao-de-quatro-terras-guarani-marca-vitoria-importante-da-campanha-demarcayvyrupa/
17 de nov de 2025 | 21:11
Anúncio das Portarias Declaratórias representa a proteção de mais de 11 mil hectares em quatro Terras Indígenas de São Paulo e Paraná e reafirma o protagonismo Guarani na conservação da Mata Atlântica.
Após anos de luta e mobilização, diversos povos indígenas celebram hoje (17) a conquista das Portarias Declaratórias de seus territórios tradicionais. O anúncio foi feito pela ministra Sonia Guajajara, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
Ao todo, dez terras indígenas avançaram para essa etapa em que o Estado Brasileiro reconhece oficialmente o perímetro das áreas e as declara de posse permanente dos povos indígenas que nelas tradicionalmente vivem. É também o ato que autoriza a demarcação física de seus limites, etapa que antecede a homologação e o registro definitivo dos territórios como áreas de usufruto exclusivo das comunidades que ali vivem.
As quatro terras tradicionalmente ocupadas pelo povo Guarani, nas regiões sul e sudeste, declaradas hoje, são: Pakurity, Ka'aguy Hovy e Ka'aguy Mirim, em São Paulo, e Sambaqui, no Paraná, regiões de abrangência da Comissão Guarani Yvyrupa. Além delas, também recebeu portaria declaratória uma terra guarani no Mato Grosso do Sul, região de atuação da Aty Guasu, a Terra Indígena Ypo'i Triunfo. A declaração das terras das regiões sul e sudeste é mais uma vitória importante da campanha #DemarcaYvyrupa, lançada pela Comissão Guarani Yvyrupa em 2023, para mobilizar o governo federal pela demarcação das terras Guarani. Essa conquista se soma às outras sete terras do povo Guarani declaradas e uma homologada no ano passado. Assim, entre 2024 e 2025, foram 9 terras guarani declaradas na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, um importante complexo territorial do povo Guarani.
O anúncio foi feito em um momento simbólico, após a Marcha Indígena "A Resposta Somos Nós", durante a COP 30, que levou milhares de lideranças indígenas do Brasil e do mundo às ruas de Belém (PA). A principal reivindicação das incidências do povo Guarani no evento é a demarcação das Terras Indígenas como política climática essencial para garantir a conservação de seus territórios e proteger a vida dos indígenas e não-indígenas.
Na Mata Atlântica, os dados reforçam essa urgência. De acordo com um estudo do Instituto Socioambiental (ISA), as Terras Indígenas do bioma apresentam, em média, 53,7% de sua vegetação original preservada, o que representa 31,5% mais conservação de vegetação do que áreas fora delas, demonstrando que a demarcação e a proteção desses territórios são decisivas para manter um dos biomas mais ameaçados do país.
A emissão da Portaria Declaratória das Terras Indígenas Pakurity, Ka'aguy Hovy, Ka'aguy Mirim (SP) e Sambaqui (PR) representa a proteção de mais de 11 mil hectares de terras guarani na região de maior remanescente contínuo da Mata Atlântica. Essa região, reconhecida pela UNESCO como Reserva da Biosfera, foi protegida nos últimos séculos por povos e comunidades tradicionais, entre as quais o povo Guarani.
A luta pela demarcação dessas Terras Indígenas é histórica. Nos últimos anos, as comunidades resistiram a uma série de ataques contra seus territórios, desde a construção de loteamentos clandestinos ao avanço de empreendimentos com graves impactos socioambientais. Mesmo nesse contexto adverso, as comunidades construíram redes de apoio e seguiram em luta pela demarcação das terras.
As quatro terras localizadas nas regiões sul e sudeste do país que foram declaradas hoje tiveram seus estudos de demarcação aprovados pela FUNAI entre 2016 e 2017 e, desde então, aguardavam a continuidade do processo demarcatório para ter segurança em suas tekoa. A regularização desses territórios é central para que as comunidades possam seguir os protegendode invasões, de desmatamento, de caçadores, de mineradoras, entre outras atividades predatórias comuns nesta região. E para que as comunidades possam fortalecer práticas tradicionais de plantio, iniciativas de reflorestamento em áreas que foram desmatadas por não-indígenas possam percorrer as trilhas tradicionais que os antigos trilharam, como forma de monitoramento e proteção do território, realizar atividades de monitoramento da fauna e da flora e fortalecer o nhandereko (modos de vida guarani).
Em setembro deste ano, lideranças das terras guarani na região do Vale do Ribeira estiveram em Brasília para uma reunião no Ministério da Justiça. Na ocasião, o Xeramõi Marcílio, cacique da tekoa Itapuã (TI Ka'aguy Hovy), expressou esperança na emissão da Portaria Declaratória: "Acredito nisso porque Nhanderu [divindade] está protegendo. E Nhanderu vai trazer a sensibilidade para o coração das autoridades que estão aqui presentes. A terra, as matas não são para derrubar e maltratar. Os Guarani querem a terra para proteger".
Na ocasião, o Xeramõi também rebateu narrativas contrárias à demarcação: "Tem gente que diz que os jurua [não-indígenas] que trouxeram os guarani para suas áreas. Mas isso não é verdade, as aldeias guarani estão em lugares que foram revelados pelas divindades para serem aldeias. Os jurua que retiraram as terras dos guarani. Essas terras foram deixadas pelas divindades para serem aldeias. E os guarani não estão pedindo demarcação de terras enormes, mas apenas o que é necessário", explica.
Agora, com a publicação das Portarias Declaratórias, o sentimento de esperança expressado em Belém ecoa em diferentes comunidades. O Xeramõi Tiago Verá, da Terra Indígena Pakurity, recebeu a notícia com profunda emoção, grato por poder testemunhar esse momento em vida.
"Rezei muito para que isso acontecesse um dia. Pedi para que eu escutasse essa notícia enquanto ainda estivesse aqui, não depois que eu partisse. E hoje, finalmente, chegou. Tudo o que faço é pelos meus sobrinhos, meus netos, meus bisnetos e por todas as crianças que ainda virão. Estou aqui há muito tempo, muito antes de muitos nascerem. Ontem mesmo conversei com meus sobrinhos, diante da fogueira, sobre esse território, e rezamos para que a demarcação viesse logo, para que pudéssemos plantar sem medo daqueles que dizem ser donos, os brancos."
O povo Guarani segue em luta! Só nas regiões sul e sudeste são dezenas de terras guarani com pendências no processo de demarcação. Dentre elas, três estão prontas para homologação pela Presidência da República e outras duas aguardam a assinatura da Portaria Declaratória.
#DemarcaYvyrupa!
https://www.yvyrupa.org.br/2025/11/17/declaracao-de-quatro-terras-guarani-marca-vitoria-importante-da-campanha-demarcayvyrupa/
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