From Indigenous Peoples in Brazil

News

Chesf é desobrigada de indenizar índios

20/08/2001

Autor: Marina Spinola e Ricardo Rievers

Fonte: Gazeta Mercantil- SP



A juíza da Quinta Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da Primeira Região, Selene Maria de Almeida, acolheu os argumentos da Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco (Chesf) e suspendeu decisão que havia determinado à concessionária o pagamento da Verba de Manutenção Temporária (VMT) a 73 famílias indígenas Tuxás, desapossados das terras de origem em razão da construção da hidrelétrica de Itaparica (BA). A VMT é um auxílio criado para subsidiar as famílias, enquanto a comunidade não começa a produzir.A Chesf recorreu ao TRF da Primeira Região com o objetivo de cassar liminar concedida ao Ministério Público Federal. A medida determinou, entre outros pontos, que a companhia estendesse o pagamento da VMT para as 'novas famílias' formadas após a retirada dos índios de suas terras. De acordo com o processo, a Chesf, sob pena de multa de R$ 150 por dia de atraso no cumprimento da liminar, passou a pagar a VMT a 103 'novas famílias' Tuxás.Entretanto, associações vinculadas aos índios alegaram que a concessionária estaria descumprindo a decisão judicial, na medida que teria deixado de estender o pagamento do benefício a outras 73 'novas famílias'. A Companhia confirma que realmente não realizou o pagamento para esses indígenas apontados pelas entidades, sustentando que eles não teriam o direito à VMT. A Chesf alega que o pagamento do benefício às 73 'novas famílias' impõe 'a uma entidade de administração federal indireta, concessionária do serviço público essencial e inadiável de geração e transmissão de energia elétrica, uma despesa mensal de R$ 21,1 mil'. A Companhia afirma, ainda, que os índios Tuxá, desapossados das terras de origem em decorrência da construção da hidrelétrica de Itaparica, passaram a receber a VMT e foram reassentados em imóveis rurais nas cidades de Rodelas e Ibotirama, na Bahia.Na avaliação da juíza do TRF da Primeira Região, Selene Maria de Almeida, a Chesf tem razão e as 73 'novas famílias' não devem ser beneficiadas pela VMT. A magistrada considerou que parte das 73 famílias não reside nos lotes integrantes de reassentamento localizados em Rodelas e Ibotirama e outra parte já não morava na área indígena quando a comunidade Tuxá foi desapossada. Ao acolher os argumentos da Chesf, a juíza ressaltou que a VMT foi criada para garantir a manutenção temporária dos índios em nova localidade.A hidrelétrica de Itaparica entrou em operação em 1988 na divisa de Pernambuco com a Bahia. O projeto de reassentamento resultou na construção de novos núcleos urbanos para as 4,6 mil famílias que residiam em Petrolândia, Itacuruba, Rodelas e o povoado de Barra do Tarrachil. Uma das questões mais complicadas do projeto envolve os indígenas Tuxás que viviam na Ilha da Viúva, onde 138 famílias tinham lote. Com a inundação, parte dos índios seguiu para o Oeste da Bahia e o restante permaneceu em Rodelas, depois de receberem compensações e serem definidos, por meio de convênios com a Funai, a implantação de projetos especiais
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source