From Indigenous Peoples in Brazil
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News

Funai lamenta mortes em Rondônia mas diz que índios defendem terras

18/04/2004

Fonte: O Globo, O País, p. 15



Funai lamenta mortes em Rondônia mas diz que índios defendem terras
Presidente do órgão afirma que garimpeiros agem ilegalmente na região

O presidente da Funai, Mércio Pereira, afirmou ontem que os índios cinta-larga, acusados do massacre de 29 garimpeiros na reserva Roosevelt, em Rondônia, agiram em defesa de suas terras. Para Mércio, desde o ano passado, os índios, a Funai e a Polícia Federal vêm tentando, sem sucesso, expulsar da área os garimpeiros que insistem na extração de diamante dentro da reserva dos cinta-larga.

- Nós sentimos muito pelos que morreram, pelas famílias enlutadas, por seus parentes. Mas nós também precisamos dizer ao povo brasileiro que os índios estão defendendo suas terras. Os garimpeiros estão completamente ilegais - afirmou Pereira.

Dança com índios no gramado da Esplanada

Segundo ele, os garimpeiros não tinham o direito de invadir e nem tentar retirar diamantes dentro da área dos índios. Pereira confirmou que foram localizados mais de 20 corpos na região do conflito, onde ontem a Polícia Federal começou a montar a operação de resgate.

O presidente da Funai fez o comentário depois de cantar e dançar com um grupo de 50 índios de 18 etnias no gramado da Esplanada dos Ministérios, em defesa da homologação em terras contínuas da reserva Raposa-Serra do Sol, em Roraima. Cercado de índios wapixanas, ingaricós e guaranis, entre outros, ele confirmou a localização de mais 20 corpos de garimpeiros dentro da reserva dos cinta-larga. Segundo ele, os corpos encontrados na sexta-feira estão em adiantado estado de decomposição.

'Os garimpeiros se matam entre si', diz Pereira

Pereira disse que não se poderia atribuir, neste momento, todas as mortes aos índios.

- Freqüentemente os garimpeiros se matam entre si. Talvez eles também tenham se matado - disse.


PF inicia resgate dos corpos de garimpeiros
Operação só deverá ser concluída daqui a três a quatro dias

Um grupo de 40 homens da Polícia Federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai) começou ontem a operação preparatória para o resgate dos corpos dos garimpeiros massacrados na reserva Roosevelt. Como os corpos estão espalhados em grotas, dentro de mata fechada, o chefe da operação, delegado da PF Mauro Spósito, calcula que o resgate só será concluído na terça ou na quarta-feira.

As buscas começaram ontem pela manhã, um dia depois da confirmação pela Funai da morte de 26 garimpeiros. Outros três corpos já tinham sido resgatados na área na última semana. Uma equipe precursora da PF e da Funai foi levada de helicóptero até a clareira aberta na semana passada para recuperar esses três corpos. A partir de lá, os policiais terão que caminhar com mochilas, motosserras, machados e armas por mais uma hora e meia até uma área próxima ao local onde estão os corpos. Nesta segunda base, os policiais vão abrir uma clareira na mata para permitir o pouso de três helicópteros que serão usados no transporte dos corpos.

- A partir deste ponto, vamos começar a retirar os corpos. A operação deve demorar de três a quatro dias - disse Spósito.

Garimpeiros ameaçam queimar casas de índios

Irritados com a demora no resgate dos corpos, um grupo de garimpeiros ameaçou na tarde de ontem bloquear a BR - 364, que liga Porto Velho a Espigão do Oeste, uma das cidades próximas à reserva. O presidente da Funai, Mércio Pereira, disse que garimpeiros tentaram atear fogo em três casas de índios, uma em Espigão do Oeste e outra em Cacoal. O clima na região é tenso.

- As pessoas estão muito nervosas, esperando receber notícias dos parentes e colegas mortos. Se aparecer um índio por aqui, acho que a situação ficará incontrolável - disse um dos diretores do Sindicato dos Garimpeiros de Rondônia, que pediu para não ser identificado.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, não se manifestou sobre o assunto. O governador de Rondônia, Ivo Cassol, não retornou as ligações do Globo.

Os garimpeiros foram mortos na noite do último dia 7. Na primeira versão que chegou à polícia, um grupo de cem índios, armados até com submetralhadoras, cercaram 200 garimpeiros na Grota do Sossego e passaram a atirar. Muitos garimpeiros conseguiram fugir, mas outros morreram no local ou no meio da mata, depois de romper o cerco dos índios.

Os garimpeiros apresentaram à polícia uma lista com os nomes de 62 colegas desaparecidos. A PF ainda está tendo dificuldades para evitar novos confrontos.

O Globo, 18/04/2004, O País, p. 15
 

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