From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Funai: Índios têm o direito de defender seus territórios
19/04/2004
Fonte: JB, Pais, p.A5
Funai: Índios têm o direito de defender seus territórios
Instituição cobra solução definitiva para o garimpo ilegal na reserva dos cinta-larga
Hugo Marques
BRASÍLIA - O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, acredita que as mortes de garimpeiros dentro da reserva Roosevelt possam levar à redução da entrada de estranhos na terra indígena, no sul de Rondônia. Os índios são apontados pela própria Funai como os responsáveis pelas mortes. Os corpos dos garimpeiros começam a ser retirados hoje da reserva.
- Agora as coisas vão se apaziguar. Há uma posição de trincheira. Os índios ficam do seu lado e os garimpeiros noutro - avaliou Mércio Pereira.
Segundo informações repassadas ontem pelos técnicos da Funai, há entre 20 e 24 corpos na reserva indígena. Outros três foram retirados semana passada. As equipes abrem uma clareira no meio da floresta para a descida do helicóptero que vai resgatar os corpos.
- Espero que esse incidente seja o desfecho de todas as dificuldades que os cintas-largas vêm sofrendo - afirmou Mércio.
O presidente da Funai acredita que seja legítima a reação dos índios para retirar invasores de suas terras. Os índios estão defendendo seu território, demarcado e homologado pela União, diz
- Quando você é atacado em sua casa, você tem direito à sua proteção, não tem? Então, acho que tem este aspecto de defesa do seu território, de defesa da sua dignidade, da sua cultura, da sua vida autônoma.
A Funai está mantendo contato com outras áreas do governo para encontrar uma solução definitiva para o garimpo ilegal na reserva dos índios cinta-larga. Mércio está sugerindo ao Ministério de Minas e Energia que encontre uma outra área para acomodar os garimpeiros.
- Em outra província mineral, que tenha nessa região do oeste de Mato Grosso e Rondônia.
Em operações consecutivas, a Funai e a Polícia Federal já conseguiram retirar mais de 4 mil garimpeiros da reserva Roosevelt nos últimos anos. Teriam restado entre 500 e 600 homens explorando diamantes. Segundo Mércio, há muita gente ''insuflando'' garimpeiros pobres para que explorem diamantes na reserva.
O presidente da Funai lembra os consecutivos ataques dos brancos aos índios cinta-larga. Em 1963, após o ''massacre do paralelo 11'', a comunidade cinta-larga começou a ser reduzida de 5 mil para 1,3 mil índios. A partir de 1967, foram feitas novas investidas de madeireiros na reserva. Houve até assentamento da reforma agrária dentro da área indígena que o governo retirou.
Mércio afirma não saber se os índios poderiam ser punidos pelas mortes dos garimpeiros.
- Não sei se podem ser presos por esse conflito. Se for um conflito que seja consignado como defesa do território, defesa de propriedade, de seus direitos, então aí, não sei se vai ter julgamento nesse sentido.
PF: indígenas serão responsabilizados
BRASÍLIA - A chuva está atrapalhando o resgate dos corpos dos garimpeiros mortos na reserva indígena Roosevelt, em Rondônia. Segundo o delegado da Polícia Federal Mauro Sposito, estão sendo feitas clareiras na mata para o pouso dos três helicópteros da PF e um do Exército. A comunicação também é dificultada pela localização do massacre.
A PF recebeu informações de que haveria 26 corpos de garimpeiros. O local do massacre fica a 100km do município de Espigão D'Oeste, na mata fechada. Não há estrada e vários trechos estão alagados.
Há denúncias de que os garimpeiros teriam sido mortos a pancadas. Cerca de 60 guerreiros da tribo cinta-larga teriam participado da matança. Garimpeiros falam em até 80 assassinatos nos últimos dias.
Os esforços das equipes da PF e da Funai estão concentrados no resgate dos corpos. Depois, a Polícia tentará identificar os responsáveis pelas mortes. Sposito não dá detalhes de como será feita a investigação, mas informou que os índios serão responsabilizados por suas ações:
- Vamos investigar e responsabilizar os índios. Identificaremos a autoria dos crimes e vamos enviar à Justiça.
Segundo o delegado, o clima é ''muito tenso'' na região. As equipes da PF e da Funai estão tentando reconstituir cada detalhe do massacre, mas já existe a certeza de que foram realmente os índios os responsáveis pelas mortes. Centenas de garimpeiros, nas cidades perto da reserva, estão revoltados. Muitos índios cinta-larga moram nessas cidades, o que aumenta o risco de conflito.
O confronto entre índios e garimpeiros começou na Semana Santa. Cerca de 150 garimpeiros teriam invadido a reserva indígena e sido atacados por índios cinta-larga, que defendiam suas terras. Em 1999, foi descoberta uma jazida de diamante que funcionava ilegalmente na área. Desde então, as invasões e os confrontos se tornaram freqüentes. A reserva indígena tem 2,7 milhões de hectares. A população estimada de índios é de 1.500.
O governo federal vai realizar uma operação desarmamento na região. Segundo o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, a operação é para desarmar índios e garimpeiros. Mércio diz que há muitos grupos de interesse envolvidos e que podem estar fornecendo armas. Ele afirmou que é necessário ''pacificar os ânimos'', inclusive das autoridades. Foi uma referência ao governador Ivo Cassol, que teria dito que a Funai poderia ter evitado os conflitos.
JB, 19/04/2004, p. A5
Instituição cobra solução definitiva para o garimpo ilegal na reserva dos cinta-larga
Hugo Marques
BRASÍLIA - O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, acredita que as mortes de garimpeiros dentro da reserva Roosevelt possam levar à redução da entrada de estranhos na terra indígena, no sul de Rondônia. Os índios são apontados pela própria Funai como os responsáveis pelas mortes. Os corpos dos garimpeiros começam a ser retirados hoje da reserva.
- Agora as coisas vão se apaziguar. Há uma posição de trincheira. Os índios ficam do seu lado e os garimpeiros noutro - avaliou Mércio Pereira.
Segundo informações repassadas ontem pelos técnicos da Funai, há entre 20 e 24 corpos na reserva indígena. Outros três foram retirados semana passada. As equipes abrem uma clareira no meio da floresta para a descida do helicóptero que vai resgatar os corpos.
- Espero que esse incidente seja o desfecho de todas as dificuldades que os cintas-largas vêm sofrendo - afirmou Mércio.
O presidente da Funai acredita que seja legítima a reação dos índios para retirar invasores de suas terras. Os índios estão defendendo seu território, demarcado e homologado pela União, diz
- Quando você é atacado em sua casa, você tem direito à sua proteção, não tem? Então, acho que tem este aspecto de defesa do seu território, de defesa da sua dignidade, da sua cultura, da sua vida autônoma.
A Funai está mantendo contato com outras áreas do governo para encontrar uma solução definitiva para o garimpo ilegal na reserva dos índios cinta-larga. Mércio está sugerindo ao Ministério de Minas e Energia que encontre uma outra área para acomodar os garimpeiros.
- Em outra província mineral, que tenha nessa região do oeste de Mato Grosso e Rondônia.
Em operações consecutivas, a Funai e a Polícia Federal já conseguiram retirar mais de 4 mil garimpeiros da reserva Roosevelt nos últimos anos. Teriam restado entre 500 e 600 homens explorando diamantes. Segundo Mércio, há muita gente ''insuflando'' garimpeiros pobres para que explorem diamantes na reserva.
O presidente da Funai lembra os consecutivos ataques dos brancos aos índios cinta-larga. Em 1963, após o ''massacre do paralelo 11'', a comunidade cinta-larga começou a ser reduzida de 5 mil para 1,3 mil índios. A partir de 1967, foram feitas novas investidas de madeireiros na reserva. Houve até assentamento da reforma agrária dentro da área indígena que o governo retirou.
Mércio afirma não saber se os índios poderiam ser punidos pelas mortes dos garimpeiros.
- Não sei se podem ser presos por esse conflito. Se for um conflito que seja consignado como defesa do território, defesa de propriedade, de seus direitos, então aí, não sei se vai ter julgamento nesse sentido.
PF: indígenas serão responsabilizados
BRASÍLIA - A chuva está atrapalhando o resgate dos corpos dos garimpeiros mortos na reserva indígena Roosevelt, em Rondônia. Segundo o delegado da Polícia Federal Mauro Sposito, estão sendo feitas clareiras na mata para o pouso dos três helicópteros da PF e um do Exército. A comunicação também é dificultada pela localização do massacre.
A PF recebeu informações de que haveria 26 corpos de garimpeiros. O local do massacre fica a 100km do município de Espigão D'Oeste, na mata fechada. Não há estrada e vários trechos estão alagados.
Há denúncias de que os garimpeiros teriam sido mortos a pancadas. Cerca de 60 guerreiros da tribo cinta-larga teriam participado da matança. Garimpeiros falam em até 80 assassinatos nos últimos dias.
Os esforços das equipes da PF e da Funai estão concentrados no resgate dos corpos. Depois, a Polícia tentará identificar os responsáveis pelas mortes. Sposito não dá detalhes de como será feita a investigação, mas informou que os índios serão responsabilizados por suas ações:
- Vamos investigar e responsabilizar os índios. Identificaremos a autoria dos crimes e vamos enviar à Justiça.
Segundo o delegado, o clima é ''muito tenso'' na região. As equipes da PF e da Funai estão tentando reconstituir cada detalhe do massacre, mas já existe a certeza de que foram realmente os índios os responsáveis pelas mortes. Centenas de garimpeiros, nas cidades perto da reserva, estão revoltados. Muitos índios cinta-larga moram nessas cidades, o que aumenta o risco de conflito.
O confronto entre índios e garimpeiros começou na Semana Santa. Cerca de 150 garimpeiros teriam invadido a reserva indígena e sido atacados por índios cinta-larga, que defendiam suas terras. Em 1999, foi descoberta uma jazida de diamante que funcionava ilegalmente na área. Desde então, as invasões e os confrontos se tornaram freqüentes. A reserva indígena tem 2,7 milhões de hectares. A população estimada de índios é de 1.500.
O governo federal vai realizar uma operação desarmamento na região. Segundo o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, a operação é para desarmar índios e garimpeiros. Mércio diz que há muitos grupos de interesse envolvidos e que podem estar fornecendo armas. Ele afirmou que é necessário ''pacificar os ânimos'', inclusive das autoridades. Foi uma referência ao governador Ivo Cassol, que teria dito que a Funai poderia ter evitado os conflitos.
JB, 19/04/2004, p. A5
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