From Indigenous Peoples in Brazil

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Garimpeiros planejam volta a reserva indigena

29/04/2004

Fonte: JB, Pais, p.A6



Garimpeiros planejam volta à reserva indígena
Sobreviventes revelam ação de quadrilha de contrabandistas
Hugo Marques
BRASÍLIA - Os garimpeiros que sobreviveram ao ataque dos índios cintas-largas em Rondônia preparam-se para voltar ao local em busca dos valiosos diamantes da reserva indígena. A revelação foi feita ontem por dois sobreviventes do massacre do dia 7, em depoimentos à Câmara dos Deputados. Durante o ataque dos índios, morreram 29 garimpeiros.
Um dos sobreviventes é Antônio Rosa de Carvalho, de 48 anos. Ele confirmou que os cerca de 250 garimpeiros que foram atacados pelos índios pretendem voltar à Reserva Roosevelt. A chacina só atiçou a categoria.
- Até quem nunca esteve lá agora pretende ir - afirmou.
Ao fugir do ataque dos índios, Carvalho diz ter deixado duas pedras de diamante no acampamento, no local chamado Grotinha. Segundo ele, uma grande quadrilha explora diamantes na região. Descem entre três e quatro aviões de pequeno porte na aldeia, todos os dias, para recolher as pedras.
Outro sobrevivente do ataque dos índios, Walter da Silva, de 40 anos, que também pretende voltar à reserva, espera um posicionamento rápido do governo sobre a exploração de minérios em áreas indígenas.
- Nós dependemos disso. Dependemos da garimpagem - justificou Walter, que confirma a atuação de uma grande quadrilha na reserva, movimentando somas superiores às do narcotráfico.
- Na Rocinha é tráfico de pobre. Lá na Roosevelt é tráfico de rico - comparou.
A Polícia Federal investiga a lavagem de dinheiro do narcotráfico na exploração de diamantes. Segundo o diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, um empresário envolvido na compra de diamantes responde a processo por lavagem de dinheiro nos EUA.
Ao relatar as providências adotadas para pacificar o garimpo, Lacerda afirmou que a PF já instaurou 71 inquéritos e indiciou 121 pessoas envolvidas com o tráfico de diamantes na reserva, além das operações de retirada de garimpeiros.
O governador de Rondônia, Ivo Cassol, também prestou depoimento na Câmara e voltou a responsabilizar a Funai pelas mortes dos garimpeiros. Cassol negou que seu governo tenha incentivado o então representante da Companhia de Mineração de Rondônia, José Roberto Gonsalez, a negociar diamantes na reserva.
O diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Miguel Neri, também prestou depoimento. Disse que os índios cobraram R$ 10 mil para a entrada de cada equipamento de exploração de diamantes e R$ 1 mil de cada garimpeiro.
O indigenista Apoena Meireles - que intermediou a entrada da PF na Reserva Roosevelt - revelou que os índios não queriam que fossem retirados os corpos dos garimpeiros.
JB, 29/04/2004, p. A6
 

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