From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Jovem cinta-larga é assassinado
20/05/2004
Fonte: O Globo, O País, p. 9
Jovem cinta-larga é assassinado
Rodrigo Rangel
Um adolescente cinta-larga foi assassinado anteontem no município de Espigão do Oeste, em Rondônia, numa emboscada a menos de dois quilômetros da reserva Roosevelt, onde 29 garimpeiros foram mortos em abril por índios da tribo. Moisés Cinta-Larga, de 14 anos, foi morto a tiros por três homens encapuzados quando ia de motocicleta da aldeia 14 de Abril, dentro da reserva Roosevelt, para um povoado vizinho.
Moisés foi atingido por tiros na cabeça e nas costas. O índio seguia na garupa da moto, pilotada por um amigo branco, Zedequias Pereira de Souza, de 17 anos. Os dois tinham ido à aldeia levar mantimentos para a mãe de Moisés. Baleado nas costas e no braço, Zedequias foi socorrido no hospital de Espigão do Oeste.
- Eles chegaram atirando e mandando parar. Um tiro atravessou Moisés e pegou nas minhas costas. Ele caiu e eu segui adiante - disse Zedequias ao GLOBO, por telefone.
O crime tornou ainda mais tenso o clima na região. Moisés Cinta-Larga é irmão do cacique Agnaldo, chefe da aldeia 14 de Abril. O enterro do adolescente estava previsto para ontem, na própria aldeia. Pela tradição, os mortos devem ser enterrados com seus pertences, dentro da aldeia, num ritual com cantos.
Responsável pelas investigações da chacina do mês passado, o delegado da Polícia Federal Mauro Spósito diz que, em princípio, não há evidências de que a morte do garoto seja uma reação dos garimpeiros. Segundo ele, o crime foi numa área distante do local do conflito de abril.
- É do lado oposto ao garimpo - afirmou Spósito.
Ontem à tarde, circulou em Espigão do Oeste a informação de que também teria sido assassinado o cacique Pio Cinta-Larga, um dos principais chefes da tribo. A PF negou.
O massacre na reserva
No início de abril deste ano, garimpeiros que atuavam ilegalmente na reserva Roosevelt, dos índios cintas-largas, em Rondônia, pediram ajuda às autoridades para resgatar um grupo de trabalhadores que estaria em poder dos índios na Grota do Sossego, uma mina recém-descoberta de onde retiravam diamantes.
O grupo de 29 garimpeiros foi massacrado pelos guerreiros cintas-largas a golpes de borduna, flechadas e tiros. Todos foram mortos. Os índios não só confirmaram a matança como foram defendidos pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes.
O contrabandista de pedras preciosas Marcos Glika, de São Paulo, foi acusado pela PF de usar armas para pagar parte do diamante comprado na reserva Roosevelt. Só ano passado, Glika teria desembolsado R$ 2,3 milhões para comprar diamantes na reserva, como consta em documentos da Operação Kimberley, da PF. Glika está preso desde dezembro.
No fim de abril a PF havia identificado 12 índios cintas-largas que participaram do massacre. A PF também admitiu que um de seus agentes tinha vendido armas para os índios.
O Globo, 20/05/2004, O País, p. 9
Rodrigo Rangel
Um adolescente cinta-larga foi assassinado anteontem no município de Espigão do Oeste, em Rondônia, numa emboscada a menos de dois quilômetros da reserva Roosevelt, onde 29 garimpeiros foram mortos em abril por índios da tribo. Moisés Cinta-Larga, de 14 anos, foi morto a tiros por três homens encapuzados quando ia de motocicleta da aldeia 14 de Abril, dentro da reserva Roosevelt, para um povoado vizinho.
Moisés foi atingido por tiros na cabeça e nas costas. O índio seguia na garupa da moto, pilotada por um amigo branco, Zedequias Pereira de Souza, de 17 anos. Os dois tinham ido à aldeia levar mantimentos para a mãe de Moisés. Baleado nas costas e no braço, Zedequias foi socorrido no hospital de Espigão do Oeste.
- Eles chegaram atirando e mandando parar. Um tiro atravessou Moisés e pegou nas minhas costas. Ele caiu e eu segui adiante - disse Zedequias ao GLOBO, por telefone.
O crime tornou ainda mais tenso o clima na região. Moisés Cinta-Larga é irmão do cacique Agnaldo, chefe da aldeia 14 de Abril. O enterro do adolescente estava previsto para ontem, na própria aldeia. Pela tradição, os mortos devem ser enterrados com seus pertences, dentro da aldeia, num ritual com cantos.
Responsável pelas investigações da chacina do mês passado, o delegado da Polícia Federal Mauro Spósito diz que, em princípio, não há evidências de que a morte do garoto seja uma reação dos garimpeiros. Segundo ele, o crime foi numa área distante do local do conflito de abril.
- É do lado oposto ao garimpo - afirmou Spósito.
Ontem à tarde, circulou em Espigão do Oeste a informação de que também teria sido assassinado o cacique Pio Cinta-Larga, um dos principais chefes da tribo. A PF negou.
O massacre na reserva
No início de abril deste ano, garimpeiros que atuavam ilegalmente na reserva Roosevelt, dos índios cintas-largas, em Rondônia, pediram ajuda às autoridades para resgatar um grupo de trabalhadores que estaria em poder dos índios na Grota do Sossego, uma mina recém-descoberta de onde retiravam diamantes.
O grupo de 29 garimpeiros foi massacrado pelos guerreiros cintas-largas a golpes de borduna, flechadas e tiros. Todos foram mortos. Os índios não só confirmaram a matança como foram defendidos pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes.
O contrabandista de pedras preciosas Marcos Glika, de São Paulo, foi acusado pela PF de usar armas para pagar parte do diamante comprado na reserva Roosevelt. Só ano passado, Glika teria desembolsado R$ 2,3 milhões para comprar diamantes na reserva, como consta em documentos da Operação Kimberley, da PF. Glika está preso desde dezembro.
No fim de abril a PF havia identificado 12 índios cintas-largas que participaram do massacre. A PF também admitiu que um de seus agentes tinha vendido armas para os índios.
O Globo, 20/05/2004, O País, p. 9
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